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Alunos pedem punição para colega acusado de assédio em faculdade no ES

Alunos pedem punição para colega acusado de assédio em faculdade no ES

De acordo com estudantes, o assediador foi para a aula normalmente na manhã desta segunda-feira (23) sem receber qualquer punição

Publicado em 23 de setembro de 2019 às 14:09

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Alunos de faculdade de Vila Velha fazem protesto por conta da presença de universitário acusado de assédio nas aulas desta segunda-feira (23). (Pixabay)

 

Após uma denúncia de assédio dentro da Universidade Vila Velha, que repercutiu nas redes sociais desde a última semana, alunos protestaram nesta segunda-feira (23) dentro da universidade. Isso porque, de acordo com estudantes, o assediador foi para a aula normalmente sem receber qualquer punição. 

Segundo testemunhas, o assédio aconteceu quando um aluno do curso de Direito teria entrado no banheiro feminino e observado uma estudante usar o sanitário. Depois, ele ainda teria feito gestos, a chamando para fazer sexo. Segundo alguns estudantes da instituição de ensino, essa é a terceira vez que o suspeito cometeu abusos em um banheiro da faculdade.

COMO FOI O ASSÉDIO

Segundo a vítima, uma jovem de 22 anos, o crime ocorreu às 8h24 da manhã de quinta-feira. "No meu desespero, me tranquei numa das cabines do banheiro e mandei mensagem para um amigo, então sei a hora exata do ocorrido. Eu estava no banheiro feminino da faculdade, que fica ao lado de um banheiro de pessoas com deficiência. O homem estava nele, inicialmente. Quando fui trancar a porta, ela não trancou, foi então que fui trocar de cabine e observei que tinha alguém na porta do banheiro", iniciou.

"Era um aluno. Nesse momento, olhei para ele, fiz um gesto perguntando o que ele estava fazendo ali e ele começou a me chamar gesticulando com sinal de sexo. Perguntei: 'Você está ficando doido?', me tranquei e mandei mensagem para o meu amigo, pedindo que ele fosse me encontrar. Meu amigo chegou falando: 'O que está acontecendo?', ouvi a voz dele e abri a porta para sair. O cara recuou para o banheiro de deficiente, foi a hora que consegui sair correndo", narra.

A jovem estudante ainda contou que não havia ninguém no corredor da faculdade no momento em que esteve no banheiro, afirmando que não sabe o que poderia ter acontecido se estivesse sem celular.

"Não sei até onde ele poderia chegar, não sei se teria começado a gritar. Mas fiz boletim de ocorrência e a faculdade está sendo bastante prestativa, fui muito bem acolhida e me senti confortável em falar sobre o assunto. O DCE fez post falando sobre assédio, me sinto bem com isso, mesmo tendo acontecido dentro da faculdade. Pelo o que eles têm feito para mim, ainda me sinto segura em andar lá dentro. Até onde sei ele foi suspenso e foi aberto processo administrativo", finalizou.

ESTUDANTES PROTESTAM

Após a denúncia, alunos ficaram revoltados ao verem que o suspeito de assédio foi para a aula na manhã desta segunda-feira (2) normalmente, sem receber qualquer tipo de punição.

"O cara que assediou as alunas foi para aula hoje como se nada tivesse acontecido. Os estudantes saíram da sala em forma de protesto. Ele foi para a coordenação e recebeu proteção de vários seguranças, como se fosse vítima. Nenhum aluno tinha intenção de agredi-lo, só queríamos mostrar o quanto o ato dele foi nojento desnecessário.  Por isso fizemos uma manifestação pacífica em frente a coordenação", contou a aluna de Direito Clarice Ferreira Santos, de 21 anos.

Outra estudante de Direito, de 22 anos, que preferiu não se identificar, completou que depois de tudo isso não sente-se mais segura para ir ao banheiro da própria universidade em que estuda. 

"Colocaram cinco seguranças na porta da coordenação. Ou seja, o assediador tem segurança e quem pode me assegurar? Agora a gente sente medo até de ir estudar, de ir ao banheiro... Falaram que não há provas. Que provas precisam? Que uma mulher seja de fato estuprada? Há imagens de câmeras, testemunha, e o mais importante: a palavra da vitima. Não é a primeira vez que o assediador age no local e a universidade sabe disso", lamentou. 

O QUE DIZ A UNIVERSIDADE

Procurada no último domingo (22), a UVV afirmou que as providências cabíveis estão sendo tomadas. "A coordenação do curso de Direito da Universidade Vila Velha realizou uma avaliação inicial dos fatos ocorridos na manhã da última quinta-feira (19) e encaminhou o parecer à Reitoria da Instituição, que já abriu um processo de sindicância para apurar o caso e tomar atitudes cabíveis ao ocorrido. A UVV lamenta o episódio e se opõe a qualquer tipo de atitude que atente contra a dignidade e liberdade de seus alunos e professores".

A universidade foi demandada novamente nesta segunda-feira (23), mas ainda não respondeu a demanda. 

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A reportagem também tentou falar com aluno acusado de assédio, mas ele não quis se manifestar.

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