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Justiça mantém prisão de trio que aplicava golpe do bilhete premiado

Justiça mantém prisão de trio que aplicava golpe do bilhete premiado

Na decisão, a juíza destaca que "os autuados estão associados em verdadeira organização criminosa"

Publicado em 17 de setembro de 2019 às 18:44

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Raphael Chiaparine, de 30 anos, Valdenir Cassiano Moreira, de 48 anos, Sidnei Moreira, de 41 anos. (Reprodução | Polícia Civil)

Os três homens presos por aplicarem o golpe do bilhete premiado em Jardim da Penha, Vitória, no Espírito Santo, tiveram a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva pela Justiça. Raphael Chiaparine, de 30 anos, Valdenir Cassiano Moreira, 48 anos, e Sidnei Moreira, 41, foram presos nesta segunda-feira (16). Os criminosos planejavam aplicar o golpe em uma senhora de 79 anos.

Justiça mantém prisão de trio que aplicava golpe do bilhete premiado

A audiência de custódia foi realizada no fim da manhã desta terça-feira (17) no Centro de Triagem de Viana. Na decisão, a juíza Mariana Lisboa Cruz destacou que "a soltura dos custodiados poderá colocar em risco a segurança social, haja vista a real possibilidade de reiteração delitiva, além do que está presente a periculosidade concreta de sua conduta, bem como, visando garantir a instrução processual e a aplicação da Lei Penal", diz um trecho do entendimento da magistrada.

De acordo com a polícia, a mulher fez um empréstimo de R$ 7 mil para dar aos suspeitos, em troca de parte do prêmio do suposto bilhete premiado. Ela não teve o dinheiro levado, graças à prisão do trio. Os homens também são investigados por fazer parte de uma organização criminosa suspeita de aplicar o golpe em outros Estados. Eles são da cidade gaúcha de Passo Fundo e chegaram no Espírito Santo este mês.

“Verifica-se pelas informações prestadas pela douta autoridade policial, os autuados estão associados em verdadeira organização criminosa, praticando diversos delitos da mesma espécie em diversos Estados da Federação, bem como possuem diversas investigações em curso que imputam aos autuados prejuízos a vítimas idosas com montantes expressivos”, diz a decisão.

A quadrilha já havia atuado no estado anteriormente. Em agosto, outros dois golpes foram aplicados na Grande Vitória - um no Centro de Vitória, onde conseguiu sacar da vítima R$ 100 mil, e outro na Praia da Costa, em Vila Velha, em que a vítima fez uma transferência de R$ 80 mil para os homens, mas conseguiu bloquear a transação após identificar o golpe.

Veja quem são os presos e como agiam, de acordo com a Polícia Civil:

- Raphael Chiaparine, de 30 anos: era o primeiro a ter contato com as possíveis vítimas, as quais abordava para pedir ajuda fingindo ser de pouca instrução;

- Valdenir Cassiano Moreira, de 48 anos: era o segundo a agir durante as abordagens, com perfil mais instruído, oferecia ajuda à possível vítima e ao comparsa;

- Sidnei Moreira, de 41 anos: era o líder, que monitorava as ações nos arredores, sem ter contato direto com as possíveis vítimas.

ENTENDA O CRIME

Segundo o chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais, delegado Romualdo Gianordoli, os homens agiam de forma combinada para ludibriar as vítimas. Conforme o delegado, Raphael Chiaparine se apresentava como pessoa de pouca instrução, pedindo algum tipo de ajuda com o objetivo de conquistar a confiança da vítima. Em seguida, Valdenir Cassiano Moreira dizia ser uma pessoa mais instruída, que poderia ajudá-los.

Logo depois, ainda de acordo com a polícia, o primeiro homem afirmava ter um bilhete premiado no valor de R$ 3 milhões. Ele dizia, contudo, que não poderia sacar a quantia por ser fruto de jogo de azar, justificando ser Testemunha de Jeová.

O segundo homem se mostrava interessado e, para enganar a vítima, ligava para uma pessoa que se passava por funcionário da Caixa Econômica Federal que confirmava os números do suposto bilhete. Fazia isso com o telefone no viva-voz, para passar credibilidade diante da vítima.

De acordo com o delegado, após a confirmação, Valdenir fazia um falso depósito para Raphael como sinal para recebimento de parte do prêmio. Com esse ato, as vítimas também faziam o mesmo, porém transferindo quantias reais para o dono do bilhete.

"O outro golpista se mostra interessado, liga para um falso funcionário da Caixa, que confirma a veracidade do bilhete em viva-voz, e também faz falsas transferências para esse outro indivíduo. O que dá uma veracidade para a vítima, que vislumbra a possibilidade de ganhar muito dinheiro, por muito menos. Sacando o que tiver na conta", disse o delegado.

Segundo o Gianordoli, há informações de que vítimas em outros estados chegaram a transferir R$ 200 mil reais para a quadrilha, acreditando no falso bilhete premiado. O perfil escolhido pelos suspeitos são pessoas de maior vulnerabilidade, na maioria idosos. E que um problema para se chegar a esse tipo de conduta é a vergonha das vítimas em denunciarem a prática após caírem no golpe.

"Várias dessas vítimas, depois que veem que caíram em um golpe, tem até vergonha de registrar a ocorrência na delegacia. Essa vítima de ontem falou que se a polícia não tivesse prendido os criminosos, ela não registraria ocorrência e não contaria nem para os filhos. Então, podem ter havido mais vítimas que não chegaram ao nosso conhecimento", explicou.

Os três foram autuados por estelionato e organização criminosa e encaminhados para o Centro de Triagem de Viana, onde vão passar por audiência de custódia. De acordo com a polícia, Valdenir já havia sido preso anteriormente no Rio Grande do Sul. Eles também eram procurados pela polícia do Mato Grosso do Sul.

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