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Motorista roubado é confundido com ladrão e levado para delegacia no ES

Motorista roubado é confundido com ladrão e levado para delegacia no ES

A vítima acredita que o atendente pressupôs que o carro também teria sido levado, pediu a placa do veículo, e o incluiu no sistema de furto e roubo

Publicado em 8 de setembro de 2019 às 05:08

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O caso foi registrado na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), em Vitória. (Fábio Vicentini / Arquivo)

"Sai do carro! Mão na cabeça!". Foi com essas frases e com armas apontadas para si que um motorista de aplicativo, de 54 anos, foi parado em um cerco policial, em Jardim Camburi, Vitória, após ter sofrido um assalto no mesmo bairro, minutos antes, e ser confundido com o bandido.

A confusão aconteceu após a vítima informar ao Ciodes que era motorista e que havia tido o celular e o dinheiro roubado, por volta das 17 horas da última terça-feira (3). A vítima acredita que o atendente pressupôs que o carro também teria sido levado, pediu a placa do veículo, e o incluiu no sistema de furto e roubo.Ao ir para casa dirigindo o veículo, ainda transtornado com o crime que sofreu, o motorista foi parado em um cerco policial.

O ASSALTO

O assalto aconteceu por volta das 17 horas, em Vitória. Ao pegar o passageiro, o motorista percebeu que não tratava-se de uma mulher, como constava na chamada da corrida. O criminoso, porém, disse que a mãe havia chamado o carro. Apresentando-se como Breno, ele afirmou que queria ir para o município da Serra. Em entrevista ao Gazeta Online, a esposa do motorista, dona do veículo, explicou a confusão.

"Eu não sei exatamente onde o assaltante embarcou. Mas ele contou que o rapaz parecia uma pessoa como outra qualquer, conversando, falando sobre futebol... Ao passar por Jardim Camburi, o criminoso, que estava no banco de trás, colocou uma arma na cabeça do meu marido e o mandou encostar o carro", lembra a mulher da vítima, uma educadora, de 43 anos, que preferiu não se identificar. 

Depois, o criminoso ainda exigiu o dinheiro e o celular. Ele chegou a reclamar que a quantia era pouca antes de descer e fugir a pé. Desesperado, o motorista pediu ajuda em um comércio a acionou o Ciodes. Ele passou os detalhes do assalto e ao contar que estava trabalhando como motorista, o atendente pediu a placa do veículo. Depois, o carro já estava no sistema da polícia com restrição de furto e roubo.

CONFUNDIDO COM LADRÃO

"Quando ele passou pelo cerco da polícia, os policiais o mandaram parar e ele achou que receberia ajuda. Mas os policiais o trataram como bandido, gritaram, mandaram sair do carro com a mão na cabeça, apontaram armas para ele. Meu marido ficou desesperado, dizendo que era engano, e mostrou os documentos. Mas como o carro estava no meu nome, ele foi levado para a delegacia", lembrou. 

O carro foi guinchado para o pátio da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). Ela conta que mesmo após explicar a confusão, o marido ainda era tratado como criminoso. Ao chegar na delegacia, ela encontrou o motorista chorando no local. 

"Meu marido tem cerca de 1.90m, pesa quase 100 kg, mas é uma pessoa que não vê malícia. Ele ficou arrasado com essa situação. Os policiais queriam fazer foto dele, como se ele fosse bandido. Uma escrivã que alertou ao fato de que ele poderia estar falando a verdade. Só quando eu cheguei e mostrei meus documentos acreditaram que tudo não passava de uma confusão. Conversamos com o delegado, fizemos a ocorrência na condição de vítimas e fomos liberados, mas não pudemos levar o carro", contou.

CARRO COM RESTRIÇÃO

A educadora contou que mesmo após esclarecer a confusão, eles não puderam levar o carro porque, segundo informações da polícia, não era possível retirar a restrição naquele momento e o motorista poderia ser parado por um cerco novamente. 

"Saímos da delegacia após meia noite. Os policiais disseram que precisavam de uma senha para acessar o sistema e não tinham como fazer isso naquele momento. Deixamos o carro e fomos para casa. Meu marido está tentando tirar a restrição por conta própria, mas por enquanto a resposta que tivemos é que apenas eu posso fazer isso. O problema é que sou coordenadora em uma escola que está em fase de provas de recuperação e professora em outro colégio, onde também tenho trabalho acumulado. No momento não posso faltar", lamentou. 

O QUE DIZ A PM

Acionado pela reportagem do Gazeta Online, o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (CIODES) informou por meio de nota que, após apurações internas, constatou que o atendente recebeu a ligação e, no ato do atendimento, a vítima informou ser motorista de aplicativo e que queria registrar uma ocorrência, pois precisava apresentar à seguradora de celular.

Neste momento o atendente fez as perguntas que estavam no protocolo, assim como solicitou as características do carro da vítima, fato que foi prontamente respondido e levou o operador a entender que o veículo também havia sido subtraído.

"O Ciodes lamenta a falha de comunicação e informa que todos os funcionários do Call Center, por força de contrato, são treinados de forma continuada por empresa terceirizada, responsável pela atuação desses operadores, para que fatos como esses não aconteçam. Ao todo, cerca de 5. 500 ligações diárias são recebidas pela equipe. De qualquer forma, o veículo, que havia sido colocado sob restrição de furto e roubo, foi rapidamente detectado, sendo o motorista levado e o fato totalmente esclarecido na delegacia", completou o órgão.

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