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Os detalhes da perícia na prisão de mulher que matou marido no ES

Os detalhes da perícia na prisão de mulher que matou marido no ES

Após o trabalho minucioso, aliado à investigação da DHPP da Serra, Adriana Simora Heuller, de 38 anos, foi presa por matar o marido a facadas

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 16:59

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Delegado Daniel Fortes com os peritos Laila Marques e Onezio Barbosa. (Elis Carvallho)

Casa extremamente limpa, móveis mudados de lugar, cama queimada. A tentativa de fazer com que a polícia não descobrisse como e onde o marido Márcio Wagner de Jesus, de 48 anos, foi assassinado, não passou despercebida pela perícia criminal da Polícia Civil. Após o trabalho minucioso, aliado a investigação da DHPP da Serra, Adriana Simora Heuller, de 38 anos, foi presa na última quarta-feira (19) por matar a vítima a facadas.

PRIMEIRA CONTRADIÇÃO  

De acordo com o delegado Daniel Fortes, adjunto da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, logo após o crime Adriana fez a liberação do corpo na DHPP. No local, ela contou que o marido havia saído para trabalhar no Porto de Vila Velha por volta de 4h30 do dia 30 de maio, mas não retornou para casa. Essa foi a primeira contradição observada pela Polícia Civil. 

Isso porque, o corpo foi encontrado por populares pela manhã, em uma área de mata nas margens da Rodovia Audifax Barcelos, em Costa Dourada, na Serra, com oito facadas. Porém, no local do crime, a perícia criminal concluiu que o homem havia sido morto há cerca de oito horas. Ou seja, por volta das 3 horas da madrugada e não após 4h30, como indicou a acusada.

VÍTIMA NÃO REAGIU

Além disso, os peritos perceberam que Márcio havia sido arrastado até o local com a ajuda de uma canga feminina e vestia apenas cueca.

"Quem é a pessoa que sai de casa apenas de cueca? Acreditamos que ele foi morto em casa, provavelmente enquanto dormia. Pois não há sinais de que ele tenha tentado reagir. Só depois, o corpo foi levado para a rodovia, possivelmente com a ajuda de um carro. Tanto que havia marcas de que o corpo foi arrastado e uma trilha com sangue que ligava o local do encontro do cadáver até, exatamente, na pista da rodovia", explica a perita criminal Laila Ferreira Marques. 

As investigações apontam que Adriana Simora Heuller matou Márcio Wagner de Jesus para ficar com o seguro de vida e verbas trabalhistas dele. (Polícia Civil)

SEGUNDA CONTRADIÇÃO

Ao fazer a liberação do corpo do marido, Adriana contou em depoimento que ele havia saído para trabalhar no Porto de Vila Velha quando foi morto. Porém, a polícia descobriu que no dia da morte Márcio estava de folga. A vítima, inclusive, assinou um documento comprovando que não trabalharia aquele dia. 

"Os familiares da vítima indicaram à polícia que o a autora do crime seria a mulher de Márcio, para ficar com o seguro dele. Também recebemos denúncias anônimas afirmando a mesma acusação. Chamamos a mulher para prestar depoimento, mas ela desapareceu, o que provocou desconfiança", conta o delegado.

REAGENTE INDICA SANGUE

Com um mandado de busca a apreensão, a polícia foi até a residência do casal, também am Costa Dourada, onde outra perícia foi realizada. Ao chegarem, os peritos notaram que a casa estava muito limpa e com dois ventiladores ligados, mesmo vazia, como se tivesse sido abandonada as pressas.

"A olho nu, não achamos nada. Mas sabemos que em um homicídio é comum o autor limpar o local do crime. Usamos um reagente chamado blue star, que revela traços de sangue. Constatamos a suspeita de sangue na parede e no chão. Inclusive atrás de uma cômoda, como se os móveis tivessem sido trocados de lugar. Fizemos o teste específico, que deu positivo para o sangue da vítima", explicou o perito criminal Onezio Barbosa Junior.

Além disso, o exame apontou ainda material genético de uma mulher e um homem, indicando que o crime foi praticado na casa da vítima por pelo menos um casal. Os peritos localizaram também, nos fundos da residência, uma cama de casal queimada.

"Em homicídios com arma branca é comum que o autor também se corte. Pois a faca fica escorregadia com o sangue. Acreditamos que por isso, foi encontrado o material genético dos assassinos, porque eles também devem ter se cortado", explicou Laila. 

MULHER QUERIA FORJAR ASSALTO

Com base nessas contradições, trabalho da perícia e denúncias, a polícia conseguiu um mandado de prisão para Adriana. Ela foi localizada em uma praça do bairro Campo Grande, em Cariacica, onde estava vivendo na casa de um irmão. Apesar de negar a autoria do crime, a polícia não tem dúvida que ela matou o marido.

"Ela entra em várias contradições. Além disso, localizamos uma testemunha que afirma ter sido procurada por Adriana em fevereiro deste ano com a proposta de matar Márcio. Esse homem conta que Adriana ainda pediu que o marido fosse morto em uma simulação de assalto. Mas a testemunha negou participar do caso", conta o delegado. 

Adriana foi autuada por homicídio qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. Ela foi encaminhada ao presídio Feminino de Bubu, em Cariacica. Agora, a polícia continua as investigações para localizar um possível cúmplice da acusada. 

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Ela não trabalhava e as investigações apontam que a acusada matou o marido Márcio Wagner de Jesus, com quem vivia há dois anos, para ficar com o seguro de vida e verbas trabalhistas dele, que atuava no Porto de Vila Velha.

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