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Associações de bairro têm extensão política

Associações de bairro têm extensão política

Grandes colégios eleitorais são liderados por aliados dos prefeitos

Publicado em 30 de setembro de 2017 às 19:37

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Maria Luciana Ribeiro (PSC) está no segundo mandato de presidente da associação de moradores de Itararé, Vitória, mas lá também existe o centro comunitário, que se desvinculou por briga política. (Marcelo Prest)

É tênue a linha que separa o diálogo e a subserviência na relação entre líderes comunitários e prefeituras na Grande Vitória. Há casos em que os presidentes de associações de moradores ocupam cargos comissionados no Executivo municipal, proximidade que pode resultar num conflito de interesses na hora de cobrar melhorias para os bairros.

O elo entre as lideranças populares e os detentores do poder – ou aqueles que pretendem alcançá-lo – fica mais evidente nas eleições. É comum que os líderes comunitários se transformem em cabos eleitorais.

A política, no entanto, não se faz apenas de política partidária, que tampouco deve ser demonizada. E também não são todas as lideranças que embarcam nesta “vida dupla”. Para tentar fazer um panorama de quem está à frente das comunidades, A GAZETA traçou o perfil de líderes comunitários de alguns dos maiores colégios eleitorais de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica.

Nos cinco maiores da Capital – de acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral, (Jardim Camburi, Jardim da Penha, Praia do Canto, Santo Antônio e Bento Ferreira), o prefeito Luciano Rezende (PPS) parece não enfrentar grandes obstáculos e conta com comandos de movimentos comunitários em sintonia com sua administração.

As associações de moradores de Jardim da Penha e Santo Antônio, por exemplo, são presididas por aliados diretos, enquanto que Praia do Canto e Bento Ferreira, apesar de carregarem a bandeira da independência, admitem ter um bom trânsito com a atual gestão.

Já em Jardim Camburi, que concentra o maior número de eleitores na cidade (são 30.327) a história é um pouco diferente. Vencido na eleição para a Associação Comunitária de Jardim Camburi (ACJAC), em março do ano passado, o grupo político do prefeito estaria por trás da criação de uma outra entidade, a Associação de Moradores e Amigos de Jardim Camburi (AMOJAC), o que tem gerado conflitos entre elas no trânsito de demandas da comunidade com a prefeitura.

O apoio dos líderes comunitários aos prefeitos. (Ilustração/A Gazeta)

Na Serra, nos cinco maiores colégios (Jacaraípe, Feu Rosa, Jardim Limoeiro, Carapina e José de Anchieta), o cenário é dividido. Jardim Limoeiro e José de Anchieta são presididos por aliados de Audifax Barcelos (Rede), enquanto que nas demais comunidades estão pessoas ligadas ao deputado Sérgio Vidigal (PDT), mas que admitem boa relação com o redista.

O presidente da Associação de Moradores de Itacibá, Renilson dos Santos (PCdoB), divide seu tempo entre a entidade e a Prefeitura de Cariacica, onde é coordenador de limpeza pública. (Edson Chagas)

Enquanto isso, em Cariacica, o presidente da associação que representa os moradores do bairro Itacibá, Renilson dos Santos, é também coordenador de limpeza pública da prefeitura da cidade, um cargo comissionado. A relação com o Executivo municipal, de acordo com o próprio Santos, é “bem tranquila”. Ele é filiado ao PCdoB e diz que obteve o posto por indicação do partido há vários anos.

Já em Cobilândia, Vila Velha, quem está à frente da comunidade é Dionísio Carlini, mais conhecido como Popi. Ele é irmão do presidente da Câmara da cidade, Ivan Carlini (DEM).

“Quando tem candidato eu sempre apoio. Mas candidato só vem no bairro para pedir voto, só aparece na época da eleição”, critica. Quanto ao irmão parlamentar, o líder comunitário diz que é a quem ele mais cobra melhorias para o bairro. “Mas ele depende do prefeito também”, pontua. Popi, no entanto, se considera aliado de Max Filho (PSDB). “A gente com o prefeito já está ruim. Sem, fica pior”, avalia.

Flávio Pires está à frente da Associação de Moradores de Itapoã, em Vila Velha. Apesar de filiado ao PRB, ele diz que não mistura as coisas e se diz neutro em relação ao prefeito Max Filho (PSDB). (Carlos Alberto Silva)

Entidades são cada vez menos buscadas

Não é difícil ouvir de lideranças comunitárias relatos de um certo esvaziamento das reuniões das associações, que tratam de temas caros aos moradores dos bairros, como segurança pública. Apesar de reclamações serem constantes, são poucas as pessoas que se dispõem a discutir os problemas e propor soluções.

“A participação de cidadania, de lutar por alguma coisa, quase não existe”, diz o presidente da Associação de Moradores da Praia da Costa, em Vila Velha, Gilson Pacheco. “Às vezes os moradores ligam para a associação para reclamar de alguma coisa, mas não vêm às reuniões, aliás, nem tiram uma foto do problema para mandar para a gente. E também não participam com contribuição financeira”, complementa.

O saudosismo vem à tona quando o presidente lembra que, na década de 1990, as doações eram mais significativas. “Chegamos a emprestar três viaturas para a PM. Foi o início da polícia interativa. Hoje, pedimos R$ 3,30 de contribuição por unidade habitacional por mês. Somente 16% contribuem”, lamenta.

Pacheco diz que não participa de campanhas eleitorais e se mantém distante da política partidária. Ele, no entanto, já ocupou cargos públicos e foi vereador entre 2001 e 2004. “Foi uma experiência péssima. Não quero nunca mais”, afirma.

À frente da Associação de Moradores de São Geraldo II, em Cariacica, Romildo Rodrigues Almeida, filiado ao PV, considera-se neutro em relação ao prefeito Juninho (PPS). A entidade não possui imóvel, mas realiza reuniões em escolas ou nas casas dos próprios diretores. “O comparecimento já foi melhor. Quando não tinha rua pavimentada a reunião lotava. Hoje o povo quase não participa. A gente usa mais é o WhatsApp, as pessoas mandam mensagens”, conta.

Lá a associação não pede contribuições em dinheiro. “Nunca precisei pedir R$ 0,50 a um morador. Mas também não temos custo nenhum, não temos uma sede.”

Análises

Outro movimento está surgindo

A aparente apatia não reflete necessariamente despolitização das pessoas, mas um sentimento de descrença com as instituições tradicionais que têm por base a representação. A crise, obviamente, se manifesta em organizações mais próximas, como partidos, sindicatos e associações comunitárias, que acabaram perdendo a legitimidade de convocar pessoas. Um outro movimento comunitário está surgindo, que acaba se organizando de forma espontânea, através de eventos on-line, fora das instituições. As associações que preservam o modelo tradicional funcionam como ressonância de partidos e políticos, e estão esvaziadas. Já outras, que se organizam quanto a demandas locais, cultura e com a participação de jovens, tendem a se tornar atores importantes na sociedade.

Adão Clóvis Martins, professor ciência política Centro Universitário da Serra Gaúcha

Quarentena para líderes comunitários

Temos uma educação, tanto a formal quanto a que temos em casa, que não contempla possibilidades de reconhecimento de que a atuação política vai muito além dos partidos. Está também ligada a cuidar do seu bairro, da sua rua. Os jovens estão preocupados com o indivíduo e não com a coletividade. A gente padece de uma falta de cultura política. E ainda tem algo mais grave: quando a associação de moradores é cooptada. De alguma forma elas participam do poder constituído e ficam reféns. Há quem use a associação para ter acesso a cargos públicos. Seria preciso que os estatutos das associações proibissem essa vinculação e ainda estabelecessem uma quarentena, de 18 meses, por exemplo, para evitar o aliciamento dos dirigentes. Não precisam fazer oposição. É possível cobrar de maneira incisiva e respeitosa.

Caleb Salomão, professor da FDV

O perfil dos líderes comunitários

A reportagem de A GAZETA conseguiu contato com 28 presidentes de associação de moradores das cidades de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra. O recorte inicial foram os maiores colégios eleitorais, ou seja, os que têm o maior número de pessoas aptas a participarem de pleitos para a escolha de vereadores e prefeitos, por exemplo. Os dados são do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES). Os números contemplam não necessariamente os eleitores que moram nestes bairros mas os que votam efetivamente em seções neles localizadas.

VITÓRIA

Jardim Camburi – Eleitores: 30.327

O advogado Enock Sampaio de Torres foi eleito presidente da ACJAC para o mandato de março de 2016 até janeiro de 2019. Foi vice na gestão anterior, que era ligada à prefeitura. Hoje se considera independente, mas diz que mantém um bom relacionamento com o Executivo. Faz críticas, porém, à administração municipal, afirmando que associações do bairro que não foram formadas por meio de eleições são atendidas mais rapidamente do que a ACJAC.  Sampaio não é filiado a partido e diz que nunca ocupou cargo público e nem se candidatou a cargo eletivo.

Jardim da Penha - Eleitores: 19.589

O chefe de gabinete do vereador Leonil Dias (PPS), André Luis Alves (PMDB), foi eleito presidente da AMJAP em 26 de agosto de 2017 e o seu mandato segue até julho de 2019. O presidente foi duas vezes candidato a vereador em 2012 e 2016. Sua chapa, que disputou sozinha a associação de moradores, é formada por aliados do prefeito Luciano Rezende (PPS).

Praia do Canto - Eleitores: 14.444

O empresário Cesar Saad Júnior foi eleito presidente da AMPC para o mandato com início em maio de 2015 até maio de 2018. Afirma não ser filiado a partido político e que a associação também é apartidária, apesar de manter o que ele considera um bom trânsito com a atual prefeitura. Disse nunca ter ocupado cargo público.

Santo Antônio - Eleitores: 9.436

O assessor do deputado estadual José Esmeraldo (PMDB), Patrick Roger Correa Vieira, está à frente da associação do bairro há 4 anos (desde 2013). É o seu segundo mandato, que vai até 2019. Já foi também assessor do ex-vereador Zezito Maio (PMDB), mas diz que nunca se filiou a partido político, além de nunca ter se candidatado a cargo eletivo. Considera-se aliado da atual gestão na prefeitura, com quem diz ter uma relação "ótima". De acordo com Vieira, 90% das demandas do bairro são atendidas.

Bento Ferreira - Eleitores: 8.952

O coronel aposentado Paulo Roberto Marangoni assumiu a AMBEF em 2014. O mandato será até fevereiro de 2018. O líder comunitário não é filiado a partido político e nunca disputou cargo eletivo. Disse que a associação não tem envolvimento político com partidos, mas que mantém uma relação boa com a atual gestão da prefeitura de Vitória e tem bom trânsito com o prefeito e secretários.

Maria Ortiz - Eleitores: 8.544

O último líder comunitário da Associação foi Raniery Nunes Ferreira (PT), candidato a vereador na última eleição. O processo eleitoral no bairro se encontra judicializado. Uma comissão eleitoral para um novo pleito está sendo formada, e membros da associação esperam que em 30 dias uma nova chapa seja eleita.

Centro - Eleitores: 8.474

O técnico em cartografia Everton Martins é o presidente da AMAcentro desde novembro de 2015 e seu mandato acaba em novembro de 2019. Já foi filiado a Rede Sustentabilidade e hoje está sem partido. Afirma nunca ter ocupado cargo público e nunca se candidatou a cargo eletivo. Disse ter uma relação de independência em relação à prefeitura, disse que no momento o atendimento de demandas do bairro por parte da administração municipal está em baixa no lugar. Amelinha da Penha Nunes, presidente anterior da associação, é aliada do presidente da Câmara, Vinícius Simões, e do prefeito Luciano Rezende. Os três são filiados ao PPS.

Itararé - Eleitores: 7.814

A cuidadora de idosos Maria Luciana Ribeiro da Silva, a Luciana de Itararé, está à frente da associação do bairro desde 2011, estando em seu segundo mandato. Já foi do PCdoB e hoje está no PSC, partido pelo qual foi candidata a vereadora no ano passado. Já foi assessora do ex-vereador Ademar Rocha (PTdoB) e hoje é do grupo político do vereador Sandro Parrini (PDT), que apoiou Amaro Neto (SDD) para prefeito. Em Itararé ela enfrenta a oposição do Centro Comunitário, que vinculado a outro vereador, Luiz Paulo Amorim (PV), faz parte do núcleo do prefeito Luciano Rezende (PPS). As duas entidades eram uma só, mas se dividiram após a última eleição para a presidência da associação, no ano passado.

Maruípe - Eleitores: 7.624

O contador Hegno Lopes Barcelos foi eleito presidente da associação mês passado (dia 12) e ficará à frente dela até setembro de 2019. Não é filiado a partido e disse nunca ter trabalhado com políticos, mas se considera aliado do prefeito Luciano Rezende (PPS). Disse que as demandas do local vêm sendo atendidas e que por meio do ex-presidente, Ivan Erler (PDT), a associação mantém um bom contato com a prefeitura. Ivan foi candidato a vereador ano passado, a quem Hegno disse ter apoiado na campanha.

Bairro República - Eleitores: 6.692

O aposentado Walter Guedes assumiu a presidência do Centro Comunitário Francisco Salles (CCFS) em agosto de 2015. Seu mandato segue até agosto de 2018. Não é filiado a partido, disse não ter interesse político na associação e que presta serviço comunitário. Disse que o vereador Denninho Silva (PPS) aliado do prefeito Luciano Rezende (PPS), ajuda a comunidade. “Ele é o político, eu sou o líder comunitário. Aquele que quiser ajudar estamos abertos”, disse. Ele não se considera aliado do prefeito, mas afirma que Rezende é parceiro. “Não tenho cargo comissionado, meus filhos não têm. A maioria dos líderes tem esses problemas que acabam dificultando a gestão”, opina.

SERRA

Jacaraípe - Eleitores: 28.803

O policial militar Adilson de Souza, conhecido como Adilson Negão, é o presidente do centro comunitário do bairro há dois anos e oito meses. Seu mandato segue até abril de 2018. Não filiado a partido, Adilson se define próximo tanto do deputado Sérgio Vidigal (PDT) como do prefeito Audifax Barcelos (Rede). Garante que sua comunidade tem sido atendida pelos dois adversários políticos.

Feu Rosa - Eleitores: 19.124

Wagner Moraes Coutinho, o Wagner Gunha, está desde 2013 à frente da associação do bairro e termina seu segundo mandato no próximo dia 8. Filiado ao PSD ano passado, ele foi candidato a vereador, mas não tentará mais a presidência da comunidade. Já foi assessor de Sérgio Vidigal (PDT) no último mandato do deputado como prefeito e também do vereador Basílio da Saúde (PROS) há cerca de três anos. Apoiou Vidigal na eleição passada, mas não vê problemas em caminhar com Audifax pelo bem de sua comunidade.

Jardim Limoeiro - Eleitores: 12.282

O jornalista Gilmar Almeida Nogueira vai para o seu quarto mandato à frente da comunidade. O primeiro foi de 2007 a 2009, o outro de 2013 a 2015, e terceiro até esse mês quando ocorrem novas eleições. No entanto, como somente a chapa dele está concorrendo, provavelmente Nogueira ficará até 2019 no posto. Filiado ao PSD, disse nunca ter sido cargo comissionado de ninguém e nem candidato a cargo eletivo. Gilmar admite ter apoiado Audifax, mas garante que a associação não teve candidato. “Vi no Audifax a chance de executar o que já estava encaminhado, outro prefeito começaria as negociações tudo do zero, mas a associação é neutra. A principal prioridade do bairro é resolver a questão dos alagamentos".

Carapina - Eleitores: 11.954

O supervisor de manutenção Luiz Carlos de Oliveira é o presidente da associação de moradores de Carapina Grande. Seu mandato iniciou recentemente, em junho de 2017 e segue até junho de 2021. Ele é filiado ao PMN e foi candidato a vereador na eleição passada. Disse nunca ter trabalhado com algum vereador ou prefeito, mas se considera mais ligado a Sérgio Vidigal (PDT) do que a Audifax. Diz não ser de oposição e pretende construir uma boa relação com a gestão atual, pois segundo ele “o bairro é muito carente de tudo”.

José de Anchieta 11.269

O técnico em contabilidade Willian Douglas de Brito está em seu segundo mandato à frente da associação de moradores. Iniciou em 2015 e termina em janeiro de 2019. É filiado à Rede, mas nunca se candidatou. “Faço parte da situação. O prefeito, na medida do possível, tem atendido nossa comunidade”.

Barcelona - Eleitores: 10.370

Assessor do vereador Basílio da Saúde (PROS), João Carlos Pereira Campos está desde março de 2011 à frente da associação de moradores de Barcelona. Seu mandato é até março de 2019. Também filiado ao Pros, seu partido apoiou Vidigal, mas não vê impedimento para caminhar junto com o atual prefeito. “Associação não tem como sobreviver sozinha. A prefeitura está assistindo o bairro, os moradores tiveram reunião com o secretariado", conta.

Serra Sede - Eleitores: 9.486

A pedagoga Regina Celia Melo Ramos está à frente da associação desde dezembro de 2013. Seu mandato termina em dezembro de 2017. Filiada ao PT, disputou a eleição para vereadora do município em 2012. Disse ter sido aliada do prefeito quando ajudou na campanha de Audifax Barcelos (Rede) para o primeiro mandato, iniciado em 2013, mas disse estar decepcionada por não ter visto as demandas do bairro serem atendidas. “A calçada é feia, a é rua suja, precisamos de tudo e não conseguimos nada. Até para fazer uma poda temos que fazer mutirão, a prefeitura nunca pode fazer nada”, disse.

Novo Horizonte - Eleitores: 9.010

O comerciante Miranda Neto está à frente da associação do bairro desde abril do ano passado. Seu mandato segue até abril de 2019. Foi candidato a vereador em 2016 pelo DEM apoiando o ex-prefeito e deputado federal Sergio Vidigal (PDT), mas desde janeiro está no PSDB. Nos anos 80 já foi candidato a deputado estadual no Rio de Janeiro. Trabalhou por oito anos no gabinete de Vidigal (PDT), em seus dois primeiros mandatos como prefeito, e mais quatro anos no primeiro mandato de Audifax Barcelos (Rede). Por dois anos também esteve lotado no gabinete do vereador Jorjão (PMDB), na legislatura passada. O líder comunitário é ligado hoje ao vereador Guto Lorenzoni (PP).

Jardim Tropical - Eleitores: 8.870

O motorista de ônibus Marcos Alexandre da Silva está à frente da associação há pouco tempo, desde julho de 2017. Seu mandato segue até julho de 2019. Foi candidato a vereador em 2012 pelo PV. Diz que sua comunidade está meio abandonada e que tentará o diálogo com a prefeitura. Ele apoiou Audifax na campanha em que obteve seu primeiro mandato. A família do líder comunitário apoiou o vereador Raposão (PSDB) nas eleições e a filha de Silva trabalha no gabinete do vereador. 

Jardim Carapina - Eleitores: 8.325

Assessor do vereador Adriano Galinhão (PTC), Adriano Dias de Almeida afirma ser mais ligado ao deputado federal Sérgio Vidigal (PDT), o que não o impede de fechar parcerias com a administração de Audifax Barcelos (Rede). “Se não a gente tá morto”. Sua gestão iniciou em junho e segue até 2021. Já foi filiado ao PSB, mas nunca se candidatou a cargo eletivo.

VILA VELHA

Coqueiral de Itaparica - 24.578 eleitores

É o maior colégio eleitoral da cidade. Não se sabe ao certo quem é o presidente da associação de moradores de fato e de direito, uma vez que a disputa para definir o líder comunitário foi parar na Justiça e ainda não teve um desfecho.

Itapoã - 20.438 eleitores

Flávio Pires tem 32 anos e está à frente da associação de moradores do bairro há dois. O mandato tem a duração total de quatro anos. É a primeira vez que ele assume o posto. Pires é filiado ao PRB. "A gente tem acesso fácil ao prefeito (Max Filho) e ao secretariado. Até porque o prefeito faz reuniões abertas às segundas-feiras e lá os líderes podem falar. Mas aqui a gente preza pela neutralidade. Tenho amigos secretários e vereadores, mas tento não misturar as coisas. O que tiver que ser cobrado vai ser cobrado".

Centro - 18.448 eleitores

O presidente da associação do bairro é Wolmar José Medice Júnior. Ele ocupa o posto há 9 anos consecutivos. É filiado ao Solidariedade e já disputou eleições para vereador por quatro vezes. Ele diz que a associação não apoia oficialmente nenhum candidato, mas ele, sim. "Se eu apoio é o Wolmar que apoia. Eu falo: 'meu prefeito é fulano. Se o seu não é, tudo bem'". Ele credita sua longevidade à frente da comunidade ao bom desempenho da associação e também ao fato de ninguém mais concorrer à vaga. Wolmar é representante comercial, mas pode mudar de função. "Fui nomeado para um cargo na Assistência Social (na Prefeitura de Vila Velha) e estou pensando se vou aceitar. Se eu entrar no cargo passarei a associação para o vice porque a gente perde força como comissionado para reclamar na prefeitura", avalia. Ele se diz "parceiro" do Executivo municipal.

Praia da Costa - 15.826 eleitores

Gilson Pacheco já está no quinto mandato, não consecutivo, à frente da associação do bairro. É um dos fundadores da entidade, que existe há 32 anos. Ele já foi filiado ao PDT e é ex-vereador e ex-secretário municipal, mas hoje diz que se mantém longe da política partidária e tampouco apoia candidatos publicamente. "Inclusive o estatuto da nossa associação proíbe política partidária", conta. Perguntado se é aliado do prefeito Max Filho, que também já integrou o PDT, ele responde: "Não existe esse termo para nós como associação". "Somos uma das poucas associações que trabalha sem interesse político de angariar emprego na prefeitura. Não ocupamos cargo e não indicamos ninguém", pontua.

Cobilândia - 12.058 eleitores

O presidente da associação é Dionísio Carlini, mais conhecido como Popi. Ele ocupa o posto há um ano. O mandato que dura quatro anos. É a primeira vez que ele lidera a comunidade. Popi é irmão do presidente da Câmara de Vila Velha, Ivan Carlini (DEM), que tem base eleitoral no bairro. Popi não é filiado a partido, mas participa da política. "Quando tem candidato eu sempre apoio. Mas candidato só vem no bairro para pedir voto, só aparece na época da eleição. É um deputado em cima do outro", critica. Quanto ao irmão parlamentar, o líder comunitário diz que é a quem ele mais cobra melhorias para o bairro. "Mas ele depende do prefeito também, ele é tipo um líder comunitário. O prefeito (Max Filho) eu apoio. A gente com o prefeito já está ruim. Sem, fica pior. Tem que se aliar a ele. Sou a favor dele, mas se não fizer nada pelo bairro, vou ser contra", afirma.

Glória - 10.279 eleitores

Aldineia Gonçalves, de 58 anos, é a presidente da associação de moradores do bairro. Está na função há um ano e seis meses, mas não é novata. "Sempre participo da associação. Esta é a quinta vez (não consecutiva) que sou presidente. Mas mesmo quando não estou à frente, eu sempre ajudo. Mesmo que o outro não queira. É para ajudar o bairro", diz. Ela não é filiada a partido político. Neinha, como é conhecida, afirma ter uma boa relação com o prefeito Max Filho e o considera "muito educado para ouvir as pessoas". Entre os pedidos dos moradores à líder comunitária estão vagas de emprego e ela indica para vagas no Executivo municipal. "Pessoas pedem emprego, muito. No começo (do mandato do Max) a prefeitura botou (contratou). Eu digo que vou tentar, converso com o prefeito, mas é de acordo com o estudo que a pessoa tem. Mas isso foi no início da administração. Agora é mais difícil", revela.

CARIACICA

Itacibá - 9.959 eleitores

O presidente da associação do bairro é o coordenador de limpeza pública da Prefeitura de Cariacica Renilson dos Santos. Ele já esteve à frente da entidade em 2011 e agora voltou ao comando depois que o então presidente, Edgar Teixeira (PMN), elegeu-se vereador. Renilson era o vice. O servidor comissionado é filiado ao PCdoB e está na prefeitura desde 2002. "Foi uma indicação do partido (o cargo no Executivo)". Ele diz que a relação com a prefeitura é "tranquila" e se considera aliado do prefeito Juninho (PPS). O líder comunitário também recebe pedidos da população do bairro por emprego e cestas básicas. "Na medida do possível, a gente tenta atender todo mundo", conta. Uma das estratégias é indicar pessoas para trabalharem em empresas, inclusive algumas delas prestam serviços para a prefeitura da cidade. "Na questão de emprego, como a gente conhece muita gente, tem influência no meio político... quando estão precisando de alguma pessoa... a gente indica em algumas empresas e outras que prestam serviço para a prefeitura", conta.

Jardim América - 8.117 eleitores

O comerciante Rafael Martins assumiu a associação de moradores do bairro há cerca de 45 dias. A eleição ocorreu em 30 de julho. O mandato dura quatro anos. Martins não é filiado a partido político e nunca ocupou um cargo público. "Fazemos pedidos à prefeitura por meio de ofício e também temos um vereador aqui do bairro. Não tenho envolvimento nenhum com política e nem posso dizer se sou aliado do prefeito ou não. Nesse pouco tempo a gente recebeu pedido de cesta básica, emprego. Mas a gente explica que não tem esse poder, que eles têm que falar com o poder público porque é algo que não nos compete", relata. Ele diz que a maior demanda dos moradores e comerciantes do bairro é por mais segurança. "Queremos unir a associação dos comerciantes, a dos moradores e conselho interativo, por meio do qual temos um bom contato com a PM", conta.

São Geraldo - 7.829 eleitores (o número de eleitores informado pelo TRE não discrimina se trata-se de São Geraldo I e II ou apenas um dos dois bairros)

O presidente da associação do bairro São Geraldo II é Romildo Rodrigues Almeida. Ele ocupa o posto há cinco anos, está no terceiro mandato consecutivo. Romildo é filiado ao PV. "Tenho pouco contato com o prefeito (Juninho), mas o relacionamento não é ruim. Algumas coisas são atendidas, outras não porque não tem recurso para fazer. A maior demanda hoje é por uma área de lazer para a comunidade. A obra até começou, mas parou", diz. Perguntado se é aliado do prefeito, o líder responde que é "aliado da comunidade". "Se for para bater nele (prefeito), estou disposto. Mas a gente trabalha procurando ajudar a administração na medida em que não venha a atrapalhar a comunidade", afirma. Perguntado sobre demandas específicas de moradores do bairro, o líder comunitário diz que não faz "política de cesta básica": "Cesta básica só beneficia uma pessoa. Precisamos de melhorias para o bairro".

Nova Rosa da Penha I e II - 7.751 (o número de eleitores informado pelo TRE não discrimina se trata-se de Nova Rosa da Penha I e II ou apenas um dos dois bairros)

O presidente da comunidade é Ézio Luiz da Costa, eleito em maio para seu primeiro mandato no posto. Ele não é filiado a partido político, mas diz que, em época de campanha eleitoral, "ajuda quem vale a pena". "É mais candidato a vereador e a deputado estadual. A associação não apoia. Eu, Ézio, ajudo. Mas a associação não trabalha com partido", pondera. Perguntado se se considera aliado de Juninho, o líder comunitário diz que está "dando uma força, caminhando junto e cobrando". Entre os principais pedidos dos moradores dos bairros Nova Rosa da Penha I e II, representados pela entidade, estão rede de esgoto e melhorias no calçamento das ruas. Já quando as pessoas pedem emprego, Ézio diz que a associação escreve uma carta de apresentação que o morador pode entregar a empresas. "É uma carta falando que a pessoa mora no bairro há 'tantos' anos no bairro, por exemplo". Ele diz que houve um acordo entre os membros da atual direção da entidade para que não ocupem cargos na prefeitura. "Se alguém for convidado e quiser assumir, tem que se afastar da associação".

Vila Capixaba - 6.872 eleitores

O presidente da associação do bairro é Lucimar Sousa Ramos, que está em seu segundo mandato. "Mas eu antes já era da diretoria. Tem uns nove anos que eu participo da associação de alguma forma", lembra. "Acho que a gente não pode mudar o mundo, mas pode mudar a nossa casa, nosso bairro. As pessoas participam (das reuniões da associação), mas muitas só vêm quando estão com algum problema. A gente tem que convencer de que precisa fazer coisas boas para todos, mesmo quando não te afeta diretamente", afirma. Ele diz que a entidade não faz "movimento político" e não é filiado a partido. "Participo da Igreja Católica e cheguei a me filiar uma vez, na época em que o Lula era sindicalista. Eu também trabalhava em empresa siderúrgica. Mas isso passou. Hoje minha maturidade não me deixa cometer esses erros", avalia. Sobre o posicionamento em relação ao prefeito Juninho, ele diz que torce para que a administração dele seja boa. "Não sou do quanto pior, melhor. Quanto melhor, melhor. Quando ele sair e entrar outro prefeito, também vou torcer pelo outro. Mas não apoio ninguém na eleição", pondera.

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