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Especialistas: 'Mesmo após morte de Teori, Lava Jato manteve o ritmo'

Especialistas: 'Mesmo após morte de Teori, Lava Jato manteve o ritmo'

O ministro, então relator da operação no STF, morreu em acidente aéreo no dia 19 de janeiro de 2017, em Paraty, litoral do Rio

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 20:11

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Destroços do avião que caiu com Teori Zavascki. (Marcos Landim/TV Rio Sul)

Quando o então relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal federal (STF), ministro Teori Zavascki, morreu no dia 19 de janeiro de 2017 em um acidente aéreo, o temor de muitos especialistas na época era de que o desempenho da operação caísse, enfraquecendo a punição a políticos envolvidos no esquema. Um ano depois, juristas consultados pelo Gazeta Online enxergam justamente o contrário.

O avião bimotor onde estava o ministro caiu no mar de Paraty (RJ), durante o recesso parlamentar. Em fevereiro, a Lava Jato ganhou um novo relator na Corte: o ministro Edson Fachin. Nos bastidores, membros do STF defenderam o nome de Fachin para ocupar a vaga pelo fato de o ministro ter um perfil de trabalho semelhante ao do antigo relator. 

JOVACY PETER FILHO

 Advogado criminalista e mestre em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP) 

"Sem dúvida, a morte do ministro Teori Zavascki, pela dimensão, pelo inusitado do evento, não é uma questão comum. A tradição do Supremo Tribunal Federal (STF) é que os ministros concluam seus períodos até a aposentadoria, que é aos 70 anos. Foi algo totalmente inusitado e isso chocou, mas a administração, a gestão do STF conseguiu suprir a ausência do ministro com a indicação da magistratura do ministro Edson Fachin.

A condução do Fachin manteve uma linha que o Teori já adotava, com maior discrição, maior agilidade e de certa forma, com maior rigor, determinando prisões, com número de concessões de habeas corpus muito pequeno. Nesse sentido, para a Operação Lava Jato, não houve grandes traumas, pois a transição foi rápida e pelo Fachin usar uma linha técnica muito parecida com a do Teori.

Entendo também que os prazos foram mantidos. É importante deixar registrado que o Supremo, com sua composição de 11 ministros, não é um órgão vocacionado a instrução de processo, isso quer dizer, início de processo, produção de prova e posteriormente julgamento. Tradicionalmente o Supremo é um órgão de superposição, isto é, ele julga processos que já foram anteriormente instruídos e julgados, o que traduz ritmo mais célere para aquilo que na maioria dos casos o Supremo se presta a fazer.

Considerando que ele tem exercido recentemente, seja no caso do mensalão, seja na Lava Jato, algumas atividades atípicas por conta de muitas das pessoas envolvidas terem foro privilegiado no STF. A gente não tinha isso na história recente do país, mas mesmo o STF tendo precariedade de pessoas e suas condições de funcionamento, conseguiu dar uma agilidade razoável aos processos. Acredito que os prazos vêm sendo cumpridos e os processos vêm tramitando dentro da lógica de um órgão colegiado com 11 ministros e que não tem essa vocação de realizar essa condução feita nas grandes operações."

ADRIANO SANT'ANA PEDRA

 Procurador federal e doutor em Direito 

"A mudança da relatoria do ministro Teori Zavascki pelo ministro Edson Fachin, em si, não trouxe prejuízos para a Operação Lava Jato. Vale lembrar que, assim que assumiu a relatoria da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Fachin homologou as delações premiadas de executivos da Odebrecht. A mudança de relatoria não mudou a linha de atuação, mas houve uma mudança na composição do STF, com a entrada do ministro Alexandre de Moraes e os demais ministros podem mudar o seu entendimento, inclusive, quanto a prisão após a condenação em segunda instância.

O problema dos prazos e o risco de prescrição não se deve à troca de ministro-relator, mas ao fato dele não ter atribuição exclusiva para atuar na Operação Lava Jato, ao contrário do que ocorre com o juiz Sérgio Moro. Cada um dos ministros do STF tem muitos processos para analisar.

Por fim, vale lembrar que continua havendo uma tentativa por parte de diversos setores a fim de parar a operação. A sociedade deve estar vigilante com relação à atuação dos órgãos de investigação como a Polícia Federal e a Receita Federal, especialmente a aqueles que integram o Poder Executivo para que não haja influência política em sua atuação."

MARCELO NUNES

 Advogado eleitoral 

"A mudança de ministro com a morte do Teori Zavascki não prejudicou a Operação Lava Jato pelo que temos acompanhado. Pela gravidade dos fatos, a própria instituição (Supremo Tribunal federal) ficou em xeque e o relator substituto, o ministro Edson Fachin, imprimiu o mesmo ritmo de seu antecessor nas investigações.

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Isso ocorreu até porque Fachin usou grande parte da estrutura e de pessoas que já assessoravam o outro ministro. Não houve prejuízo, pelo contrário, a Lava Jato tem avançado, tanto que até a Polícia Federal estipulou prazo para encerrá-la no final deste ano. Já no ano que vem acredito que teremos mais novidades em relação a aqueles que hoje possuem foro privilegiado. Quem não for reeleito verá o seu processo descer."

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