> >
Militantes de esquerda veem eleição mais difícil sem Lula

Militantes de esquerda veem eleição mais difícil sem Lula

Apoiadores do ex-presidente acreditam que não há outro nome em partidos de esquerda que possa ocupar espaço do petista

Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 21:11

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Ato na praça Costa Pereira contra a condenação do ex-presidente Lula. (Rafael Silva)

Mesmo com a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apoiadores e membros de movimentos de esquerda estão confiantes de que os recursos que ainda podem ser submetidos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) serão suficientes para garantir a candidatura do líder petista.

Entre lideranças de partidos e militantes de movimentos sociais que compareceram à Praça Costa Pereira nesta quarta-feira (24), onde foi realizada uma vigília em apoio ao petista, a análise é de que somente Lula seria capaz de unir as diferentes correntes de esquerda novamente.

Além dele, outros nomes de partidos de esquerda, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) e o ex-ministro Aldo Rebelo (PSB) já foram cogitados para disputar a Presidência. Dentro do PT há quem diga que o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), é um dos que podem virar o plano B do partido, embora o discurso, oficialmente, seja de total convicção na legitimidade da candidatura de Lula.

Em comum está o fato de todos estes pré-candidatos declararem apoio a Lula, apesar de não descartarem a hipótese de concorrer com o petista. A avaliação, no entanto, é que o possível desgaste na disputa pelo eleitorado de Lula mine uma votação mais expressiva nas urnas.

"Lula não é uma construção do PT, não é nem uma construção dele mesmo. Claro que o carisma conta, mas ele é uma construção coletiva da unificação dos movimentos sociais após a ditadura e ainda carrega esse símbolo. É talvez a maior liderança de esquerda viva no mundo. Sem ele será mais difícil ter novamente um governo de esquerda em 2019", analisa a servidora pública e coordenadora do Movimento Negro Unificado, Vanda Vieira.

"JULGAMENTO PARCIAL", DIZEM MANIFESTANTES

O discurso entre militantes de esquerda é de que os condutores do processo contra Lula foram imparciais e de não possuírem provas suficientes para condená-lo. Para alguns, o impedimento do ex-presidente é o segundo ato para encerrar a era dos governos de esquerda no Brasil, iniciada por Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff (PT).

"É um processo cheio de problemas, sem provas suficientes e com uma celeridade fora do comum. É um julgamento político, tal qual foi o impeachment de Dilma. É outra fase de um golpe", afirma o estudante de economia Felipe Fernandes.

"O primeiro ato concreto foi ter tirado Dilma, o segundo é não deixar Lula disputar a eleição. O ideal seria ter Lula sem a condenação para a corrida eleitoral, mas, mesmo condenado, nossos advogados garantem que ele tem condições de ser candidato", complementa o presidente estadual do PT, João Coser.

Para a professora Suelen Lievore, o Judiciário está tirando da população o direito de escolher seu presidente.

"Queremos ter o direito de escolher, essa é a nossa movimentação. Podemos até perder nas urnas, mas o Judiciário não pode atuar de forma tão parcial, acelerando um julgamento importante como esse, para tirar Lula das eleições. Essa parcialidade faz com que o brasileiro deixe de acreditar no Judiciário", pontua.

O aposentado Ricardo Vereza acredita que eleger Lula é a única forma de frear a reforma trabalhista e previdenciária do governo Temer, as quais julga serem um "retrocesso".

"Desde o mensalão vemos essa perseguição a partidos de esquerda. De enfraquecer e eliminar os principais líderes, como José Dirceu e José Genuíno que estão presos, enquanto outros políticos investigados por corrupção continuam soltos. Com pouco tempo depois do impeachment, a gente já consegue observar as conquistas de Lula e Dilma todas destruídas. Eles podem condenar Lula, mas vamos continuar nas ruas até o último dia", desabafa.

A ex-deputada Iriny Lopes (PT) destacou a presença de capixabas para acompanhar o julgamento contra Lula e o público de 70 mil pessoas, segundo organizadores, na noite da última terça-feira (23), em Porto Alegre, onde o processo foi conduzido.

Este vídeo pode te interessar

"As pessoas já perceberam essa farsa do governo Temer e dessa tentativa de tirar Lula do páreo. O trabalhador sabe que a revisão dessas reformas (trabalhista e previdenciária) só será feita por Lula", afirma.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais