O empreiteiro Carlos Rodrigues do Prado afirmou, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, nesta segunda-feira (19) que emitiu contra Fernando Bittar, a pedido da Odebrecht, nota fiscal referente às obras do sítio atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Operação Lava Jato. Ele falou à Justiça Federal enquanto testemunha de acusação do processo. Segundo Prado, o assessor de Lula, Rogério Aurélio Pimentel, enviou um office boy com os dados do empresário Fernando Bittar para que constassem na nota.
O caso envolvendo o sítio representa a terceira denúncia contra Lula no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobrás.
Segundo delatores da Odebrecht, com o fim de ocultar a titularidade do imóvel, o advogado Roberto Teixeira, defensor do petista, teria pedido à empreiteira para que as notas fiscais das obras fossem emitidas contra Fernando Bittar, empresário, filho do ex-prefeito de Campinas Jaco Bittar, e proprietário do terreno, segundo o registro de imóveis.
Carlos Prado, que diz ter sido chamado pela Odebrecht para realizar as obras no sítio e ainda afirmou que o assessor do ex-presidente, Rogério Aurélio, aprovava os orçamentos da obra.
Ele relatou que o ex-executivo da Odebrecht Emyr Diniz o ligou pedindo para que se encontrassem no estacionamento de um clube em Campinas. Quando eu cheguei lá a gente conversou e ele falou pra mim que havia necessidade de emitir uma nota fiscal do valor da obra que foi executada, relata.
De acordo com Prado, Emyr pediu para que a nota fosse emitida contra Fernando Bittar. No último pagamento, veio um office boy. Estávamos trabalhando em Campinas, quando o Aurélio ligou dizendo que estava com os dados da pessoa para emitir a nota fiscal. Ele mandou um office boy, eu dei um endereço, com endereço do Fernando. Emitimos uma nota para ele e o office boy levou a nota, afirma.
DELAÇÃO
O engenheiro da Odebrecht Emyr Diniz Costa Junior, responsável pelas obras do sítio em Atibaia, atribuído pelo Ministério Público ao ex-presidente Lula, confessou ter participado de um esquema para a emissão de notas frias para evitar deixar vestígios de que as obras foram executadas pela Odebrecht e de que o real beneficiário era o petista.
A reforma, segundo o delator, teria sido feita em parceria com o empreiteiro Carlos do Prado e custou R$ 700 mil. As obras eram uma surpresa para Lula, pedida em 2010, pela ex-primeira dama Marisa Letícia, à construtora, de acordo com o depoimento de Alexandrino de Alencar, que fazia a ponte entre Lula e Emílio, patriarca do grupo.
Após a conclusão da reforma, por volta de março de 2011, fui orientado a acompanhar Alexandrino Alencar em reunião com o advogado Roberto Teixeira em seu escritório. Nesta reunião, ele me pediu para que eu descrevesse como a obra ocorreu para possibilitar que o advogado construísse uma forma de regularizar a obra, afirmou Emyr.
No encontrou, o engenheiro da Odebrecht alega ter descrito que contratou um subempreiteiro para realizar as obras e que fazia repasses a ele. e aí ele [Roberto Teixeira] deu a ideia: Então você procura esse empreiteiro e faz esse contrato em nome do proprietário que aparece na escritura do terreno. Naquela data, eu soube que estava em nome de Fernando Bittar.
Aí ele [Roberto Teixeira] me orientou: Faz um contrato entre contratante Fernando Bittar, contratado Carlos do Prado, objeto, a casinha a edícula, a casa coloque um valor até mais baixo que era para ser compatível com a possibilidade de renda do senhor Fernando bittar. Era mais baixo do que tinha custado. Coisa de 170 mil reais, afirmou
Após a assinatura do contrato fictício e a emissão da nota fria em nome de Fernando Bittar, o delator diz ter voltado ao escritório de Roberto Teixeira para entregar os documentos.
COM A PALAVRA, ROGÉRIO AURÉLIO PIMENTEL
A reportagem entrou em contato com a defesa. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE LULA
A reportagem entrou em contato com a defesa do ex-presidente. O espaço está aberto para manifestação.
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