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Barroso sobre Lava Jato: 'Já conseguimos separar o joio do trigo'

Barroso sobre Lava Jato: "Já conseguimos separar o joio do trigo"

Ministro do Supremo Tribunal Federal fez defesa enfática da força-tarefa em evento da Rede Gazeta, em Vitória

Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 19:57

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Evento Diálogos sobre Integridade, em Vitória. (Fernando Madeira)

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma defesa enfática da Operação Lava Jato e do combate à corrupção e à impunidade durante o seminário "Diálogos sobre Integridade", na tarde desta segunda-feira (26), no Centro de Convenções de Vitória, em Santa Lúcia, onde foi aplaudido de pé. O evento é promovido pela Rede Gazeta, em parceria com a Unimed Vitória, a ArcelorMittal e o governo do Estado.  

"Já conseguimos separar o joio do trigo. O problema é que muitas pessoas ainda preferem o joio", destacou.

Ele afirmou que a fotografia do momento é "aterradora", que há uma "reação oligárquica" em curso, mas se disse otimista ao levar em conta as conquistas democráticas dos últimos 30 anos.

"Apesar da fotografia devastadora do momento, temos que olhar o filme. E o filme tem conquistas a celebrar e das quais devemos nos orgulhar. Em 30 anos, derrotamos a ditadura, a hiperinflação e parte da extrema pobreza. Portanto nenhuma batalha é invencível e, assim como derrotamos a ditadura a hiperinflação e parte da extrema pobreza, acredito que podemos derrotar a corrupção, reduzindo-a a níveis toleráveis", afirmou Barroso.

PRIVILÉGIOS

Ao elencar as causas da corrupção, Barroso citou a "cultura da desigualdade", a ideia de que há pessoas melhores e piores e a busca por privilégios.

"A elite dominante brasileira criou um sistema penal que a mantém praticamente impune. A começar pela crença equivocada de que a criminalidade do colarinho branco não é grave. Pelo contrário, ela mata", afirmou Barroso.

O ministro citou como exemplos de privilégios o foro privilegiado, os carros oficiais, os subsídios para empresários e o auxílio-moradia. De acordo com ele, poucos países no mundo tiveram a coragem de enfrentar os desmandos como o Brasil vem fazendo.

"Temos que ter vergonha do que aconteceu, mas temos que ter orgulho do que já fizemos. Já ganhamos esta batalha no campo de ideias", frisou.

Barroso afirmou ainda que o Judiciário está mudando aos poucos e que a classe política ainda não se conscientizou disso.

"Acho que estamos mudando o Brasil. A sociedade deixou de aceitar o inaceitável. A classe política ainda não mudou. O Judiciário está mudando aos poucos", destacou o ministro, que acrescentou: "Não há alternativa à política se não melhorá-la".

O ministro defendeu a Lava Jato como instrumento de combate à corrupção no país, um grave problema que preocupa a sociedade.

"Um problema da corrupção é que ela favorece os piores. Cria um país em que os espertos valem mais do que os bons. Precisamos fazer com que os bons valham mais do que os espertos. Que os honestos valham mais que os desonestos", afirmou o ministro.

Ao falar da onipresença do Estado e de como empresários buscam sempre apoio, bênçãos e financiamento dos órgãos públicos, Barroso foi categórico: "No Brasil, o que temos é a República da Parentada. Temos um capitalismo viciado em Estado. Capitalismo pressupõe risco, competição e igualdade. No Brasil predominam as desonerações, os financiamentos etc. Isso não é capitalismo. Isso é socialismo para ricos. E aí vale aquela máxima: 'Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei'".

O ministro não defende um Estado policial, e sim um Estado de justiça igualitária.

"É preciso não nos engabelarmos por esse discurso do Estado policial. Temos que viver em um Estado democrático, um Estado que respeite as leis e aja dentro dos limites legais. Mas ninguém tem direito adquirido à impunidade porque sempre foi assim", disse.

Apesar do cenário nebuloso, Barroso procurou passar uma mensagem de otimismo, ao destacar a cobrança da sociedade por mais integridade.

"É emocionante a demanda por integridade. Esse ímpeto de mudar as coisas. Nosso dever é não ceder antes de cumprida a missão que a História nos deu, de entregar um país melhor. Viver não é esperar a tempestade. É aprender a dançar na chuva", destacou.

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O evento "Diálogos sobre Integridade" também contou com apoio da Acaps, do ES em Ação e do Sistema OCB.

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