A troca da direção da Polícia Federal, substituindo Fernando Segovia, no cargo desde novembro, pelo delegado Rogério Galloro, foi tida como uma medida abrupta e que causou surpresa entre os delegados da instituição.
O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal no Espírito Santo, Guilherme Helmer, considerou que a medida demonstra a fragilidade institucional vivida pela Polícia Federal, que esta semana passou a ser subordinada ao novo Ministério da Segurança Pública, e não mais ao Ministério da Justiça.
"A PF enfrenta todo o poder político e econômico, mas não tem nenhuma proteção contra as investidas desse poder. A instituição fica ao sabor dos interesses e toda sua estrutura pode ser alterada a qualquer tempo. Não sabemos qual foi o critério dessa escolha. E é por isso que sempre defendemos que ela fosse feita pela própria instituição, a partir de uma lista tríplice, como é no Judiciário e no Ministério Público", afirmou.
Alguns delegados já temiam que alguma mudança pudesse ocorrer nos quadros de direção por conta da mudança de ministério. Antes subordinados a Torquato Jardim, agora a PF responde a Raul Jungmann. Helmer ressalta, entretanto, que a decisão de trocar o diretor-geral é do presidente Michel Temer (PMDB), e teceu elogios a Segovia.
"Causa estranhamento isso ter ocorrido dias depois da Polícia Federal ter solicitado a quebra de sigilo bancário e fiscal de Temer. Segovia estava praticando atos concretos para permitir uma PF sólida. Apesar das críticas que recebeu, considero que vinha fortalecendo o combate à corrupção, fortaleceu o grupo de inquéritos da Lava Jato junto ao Supremo, e também fez boas escolhas de delegados para o auxiliar. Trocou vários diretores, superintendentes, que são delegados de grande mérito. Agora não sabemos como isso vai ficar", comentou.
CONTRA NOVAS MUDANÇAS
O presidente da ADPF defende que não sejam feitas outras mudanças nos demais cargos de direção da instituição, como no caso do delegado Eugênio Ricas, na função de diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado também há três meses, e o delegado Márcio Anselmo, na Divisão de Crimes Financeiros.
"É um grande delegado. Se você está com uma máquina andando, para e reconstrói tudo, há prejuízo. É melhor que sejam mantidas as indicações técnicas feitas por Segovia. Eles têm todos os predicados para continuar", disse.
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