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Eugênio Ricas: 'Objetivo é não cometer erros no combate às fake news'

Eugênio Ricas: "Objetivo é não cometer erros no combate às fake news"

Diretor da PF diz que cooperação com o FBI é para que não se repitam, no Brasil, falhas admitidas pelos próprios americanos na eleição dos EUA

Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 23:53

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Eugênio Ricas é diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal. (Valter Campanato/Agência Brasil)

A nova aposta da Polícia Federal (PF) para tentar combater os crimes cometidos pela internet e as notícias falsas, as chamadas fake news, que ameaçam principalmente as eleições deste ano, é contar com a cooperação internacional por meio do FBI (a polícia federal americana). 

Um dos que estão à frente do trabalho no Brasil é o diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, o delegado Eugênio Ricas, que será um dos palestrantes do seminário “Diálogos sobre Integridade”, realizado amanhã pela Rede Gazeta. O evento tem inscrições gratuitas.

Entre os palestrantes também estão o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, o procurador Regional da República, Carlos Fernando Lima, que atua na força-tarefa da Operação Lava Jato, e ainda o advogado Fábio Medina Osório, que foi ministro-chefe da Advocacia-Geral da União.

Confira a entrevista com o diretor da PF:

No início do mês, o senhor participou com o diretor-geral da PF, Fernando Segóvia, de reuniões com o FBI. De que forma a instituição poderá ajudar no combate aos crimes do Brasil?

"Nos reunimos com eles e com outras agências, e com o FBI já temos um primeiro acordo. Eles vão mandar uma equipe de policiais que trabalharam na apuração das fake news e sobre a influência russa nas eleições americanas, que deve chegar aqui em março. Na mesma época, também enviaremos uma equipe de policiais brasileiros para ficar no Centro Nacional de Cybercrime, nos Estados Unidos, para buscar um pouco da expertise deles. O Centro investiga vários tipos de crimes que são praticados pela internet. Não só fake news, mas também pornografia infantil, fraudes bancárias. Também evoluímos nas conversas para cooperação no combate ao tráfico de armas, de drogas, que têm um apelo grande da sociedade. E sabemos que o índice alto de corrupção em países faz com que o tráfico de drogas, o tráfico de armas e o crime organizado como um todo sejam beneficiados."

Como a experiência nos EUA pode auxiliar no combate às fake news, principalmente nas eleições deste ano?

"Os próprios americanos falam que erraram muito mais do que acertaram no combate às fake news. O objetivo é não cometer os mesmos erros, já que eles estão dispostos a nos passar essas experiências. A dificuldade é que eles têm uma legislação mais moderna. No Brasil, vamos trabalhar com leis da década de 60, para combater um crime do século 21. Mas, em termos tecnológicos, vai haver cooperação."

Como estão buscando cooperação com outros países, além dos EUA, para combater a corrupção?

"Temos intensificado as ações e já temos alguns acordos para recuperação de ativos. Há um departamento nosso que atua identificando recursos e contas no exterior, e trazendo eles de volta para o Brasil. Temos intensificado a criação de adidâncias, que são representações nossas em outros países. Está em nossa agenda a criação de uma na Suíça, para que tenhamos uma facilidade maior de obtenção de dados quando os recursos forem depositados naquele país."

O Brasil caiu 17 posições no ranking de percepção da corrupção. Por que acha que isso ocorreu?

"Em razão das inúmeras investigações e do funcionamento das instituições, que estão gerando essa sequência de operações, como esta nova fase da Lava Jato, no Paraná. As pessoas vão percebendo, e o índice tende a aumentar. Mas esperamos que seja um aumento temporário e que a percepção e, efetivamente, a corrupção diminuam."

Com a intervenção federal no Rio, o governo federal tem sido criticado por atuar pouco na segurança pública. Como isso pode melhorar?

"O maior gargalo é a falta de integração entre os órgãos de Segurança. É uma questão que precisa ser urgentemente superada. Os EUA só superaram isso depois do 11 de Setembro. E o nosso 11 de Setembro acontece todo dia. É inadmissível a quantidade de brasileiros que morrem em razão da violência."

Ainda há mal-estar entre delegados e o comando da PF após a entrevista concedida pelo diretor-geral indicando que o inquérito contra Temer seria arquivado?

"Creio que não, ele (Segóvia) já se explicou, e foi mal interpretado. Isso é um fato superado. A própria deflagração de uma fase da Lava Jato na semana passada demonstrou isso."

EVENTO

Quando: amanhã, 26/02

Horário: 13h

Onde: Centro de Convenções de Vitória

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