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'Há clamor por candidato conservador nos valores', diz empresário

"Há clamor por candidato conservador nos valores", diz empresário

Presidente da Riachuelo, que lançou em janeiro o movimento "Brasil 200 Anos", quer liderança de direita na economia e nos costumes

Publicado em 2 de fevereiro de 2018 às 02:34

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Flávio Rocha, empresário dono da rede de lojas Riachuelo, em palestra do MBL na Ufes . (Raquel Gerde | MBL)

O presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, lançou em janeiro um movimento formado por empresários que pretendem influenciar o debate eleitoral. O “Brasil 200 Anos” é uma referência aos dois séculos desde a Proclamação da Independência que se completam em 2022, quando encerra o mandato do presidente eleito em outubro.

Rocha diz buscar aquele que para ele é o “candidato óbvio”: de direita na economia e de direita nos valores. Para ele, o fato de grandes empresários brasileiros terem sido flagrados metidos em corrupção pela Operação Lava Jato não impede que a classe empresarial queira ter participação ativa no debate eleitoral. “Isso ajudou a opinião pública a entender a diferença entre o empresário do bem e os empresários parasitas”, afirma. Ele esteve na Ufes, nesta quinta-feira (01), para um evento do Movimento Brasil Livre (MBL) que reuniu mais de 200 pessoas, e conversou com a reportagem.

Não tendo candidato a presidente, qual papel terá o Brasil 200 na eleição?

É influir na pauta, intensificar um grande espaço vazio na política, que corresponde ao grande clamor do eleitor. Acreditamos que o momento pede um candidato que seja um contraponto a esse triste período que desarrumou a economia e minou as bases da sociedade. O clamor que existe é de um candidato que seja liberal na economia e conservador nos costumes. Ou seja, de direita na economia e de direita nos valores. Esse espaço não foi preenchido ainda. É incrível como num quadro político tão complexo, de 35 partidos, com dezenas de projetos e propostas, não tenha aparecido esse candidato óbvio. Aparecem combinações exóticas, de direita na economia e esquerda nos costumes, ou vice-versa. Mas não um candidato que seja um contraponto ao período de estatismo, que defenda protagonismo do indivíduo e da livre empresa na economia e defenda também valores que se oponha aos valores de esquerda.

Ainda há tempo?

O objetivo do movimento é pautar esse debate, estimular essa discussão. Estamos com dez dias de movimento, impressionados. A repercussão que tem obtido mostra que a angústia é muito mais generalizada do que imaginava o grupo que tomou a iniciativa.

Como pretendem pautar o tema? Incentivando candidaturas de deputados ou só participando de debates?

Exatamente. É uma via de duas mãos. As respostas que temos tido reforçam esse diagnóstico da situação. O movimento está se enraizando, está em 15 Estados. Reforça a certeza de que estamos no caminho certo.

O senhor fala em mudança profunda. Fala em o país voltar a ter um governo e não o governo ter um país. É possível uma mudança assim com as regras e práticas que temos? Como?

Não é só possível como necessário. O Brasil 200 está trazendo à tona o real conflito que está vivendo a sociedade brasileira. São os produtivos, que são 98% da população, que suam a camisa, que investem, que empreendem. E apenas uma elite de 2% que se apropriou do Estado e já captura metade do esforço de produção nacional. Essa elite que se apropriou do Estado e o afastou do seu propósito de servir conta com a omissão e até com a covardia da imensa maioria que puxa a carruagem. O movimento visa conscientizar essa imensa maioria para dar um basta, para fazer a turma descer da carruagem. Para termos Estado coerente com o que se espera de suas funções básicas, porque ele gasta tanto com privilégios da elite que falta para as tarefas mais fundamentais. O conflito não é capital contra trabalho, não é rico contra pobre, não é preto contra branco, não é nordeste contra sudeste. O conflito quem produz versus quem parasita.

Estamos diante do debate das reformas. Muitos trabalhadores não querem nem ouvir falar delas. Os empresários podem convencê-los?

Esse debate tem sido rico e a conscientização está cada vez mais aos olhos. O que faz subir salários são a prosperidade e o bom ambiente de negócios, que atraem investimentos, que aumentam a demanda por mão de obra e garantem demandas sociais. O inimigo da prosperidade e ao ambiente de negócios era uma legislação irracional, que fazia o Brasil gerar mais ações trabalhistas do que todo o resto do mundo. O Banco Mundial já estima que, com a nova lei, o Brasil vai galgar 31 posições no ranking de produtividade. Isso se traduz em mais investimento, em mais mão de obra, em mais salários e conquistas sociais.

O fato de a Lava Jato ter alcançado muitos empresários não prejudica a inserção da classe no debate sobre o Brasil?

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Pelo contrário. Ajudou a opinião pública a entender a diferença entre o empresário do bem e os parasitas. Entre os empresários do mercado, que vivem de ser eficientes, de fazer bons produtos a preços competitivos, e o empresário que vive de identificar o burocrata corrupto para dar sua propina e conseguir contrato com o Estado. É diferente o empresário que puxa a carruagem do empresário que está em cima da carruagem. É o empresário de mercado contra o empresário de conchavo.

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