A maioria da bancada capixaba na Câmara dos Deputados votou a favor da manutenção da intervenção federal no Rio de Janeiro, durante sessão que começou às 19 horas desta segunda-feira (19) e que durou mais de sete horas. A decisão pela aprovação do decreto saiu às 2h18.
Dos dez deputados que compõem a bancada do Espírito Santo, sete votaram a favor, dois contra e um esteve ausente.
A medida foi decretada pelo presidente Michel Temer na última sexta-feira (16), mas só pode continuar valendo se for aprovada pelo Congresso Nacional. Para o líder da maioria na Câmara, Lelo Coimbra (PMDB), o decreto foi um ato "corajoso" e vai tentar reverter o quadro de caos na escalada da violência no Rio.
Já para o deputado Helder Salomão (PT), contrário à medida, com a intervenção federal "o governo desrespeita todos os preceitos democráticos, revela sua face autoritária, sua incompetência e vai penalizar os mais pobres".
Mesmo entre os deputados que votaram a favor da manutenção da intervenção, a medida divide opiniões e é considerada arriscada. "Meu voto é favorável à intervenção militar no Rio, apesar de ter certeza que essa ação isolada por si só não resolve a violência no estado", afirmou o deputado Sérgio Vidigal (PDT).
Norma Ayub (DEM) classificou a intervenção como "polêmica e arriscada", mas também declarou que voto a favor do decreto do presidente. Ela ressaltou a necessidade de proteger as divisas entre Rio de Janeiro e Espírito Santo para garantir a segurança dos capixabas.
O VOTO DA BANCADA CAPIXABA
Carlos Manato (SDD): A FAVOR
"O Rio de Janeiro chegou a um estado de calamidade pública e acredito que só mesmo a intervenção federal para conseguir que a situação melhore. A cúpula da polícia do Rio chegou a dizer que lá está tudo comprometido e com certeza não falaria isso por falar. E eu sou a favor ainda da intervenção na fronteira do Espírito Santo. Precisamos reforçar a segurança ali também para proteger nossa população."
Evair Vieira de Melo (PV): A FAVOR
"O Rio de Janeiro precisa de intervenção não somente na segurança, mas como no Estado todo. A política do Rio de Janeiro fez muita lambança, contratou demais, se endividou e agora o Estado todo paga por isso. Então meu voto é a favor, sim, da intervenção, mas como disse não só na segurança, mas em tudo. E espero também que nosso Estado tenha proteção."
Givaldo Vieira (PT): CONTRA
"O governo Temer age de forma eleitoreira ao usar essa intervenção federal como chantagem a governadores e prefeitos em troca de apoio para a Reforma da Previdência. Intervir na vida da população é investir em educação, saúde, assistência e não congelar investimentos, como o fez. Além disso, Temer recebe marqueteiros para tornar a ação no Rio uma vitrine, cria ministério para agradar a bancada da bala e já demonstrou negligência e despreparo quando o Espírito Santo esteve afundado no caos da segurança pública em 2017. Meu voto é contra o decreto de intervenção"
Doutor Jorge Silva (PHS): A FAVOR
"Diante do caos na insegurança do estado do Rio de Janeiro, da violência desenfreada e da inoperância do governo estadual, acredito que eram as ações que restavam ao Governo Federal para dar maior tranquilidade à população carioca. Claro que somente a intervenção federal não vai resolver o problema da violência no Rio de Janeiro, porque a força policial tem que vir acompanhado de outras ações. Por isso meu voto é a favor."
Helder Salomão (PT): CONTRA
"A intervenção não vai resolver o problema da violência no Rio de Janeiro. Não se combate a violência com o uso de mais violência. Com esta medida, o governo desrespeita todos os preceitos democráticos, revela sua face autoritária, sua incompetência e vai penalizar os mais pobres. É uma contradição: o governo Temer retira recursos da área social, especialmente da segurança pública, destruindo as políticas públicas e apresenta como solução este absurdo. Violência se combate com repressão, prevenção, participação da comunidade e políticas de inclusão e cidadania."
Lelo Coimbra (PMDB): A FAVOR
A intervenção nacional na segurança pública do Rio de Janeiro é uma medida excepcional para um momento extremo. Não é possível permitir de 43% das residências estejam incapacitadas de receberem encomendas sem a presença de escolta armada e, menos ainda, que 830 comunidades (1.100.000 habitantes) estejam sob o controle do crime organizado, milícias e o tráfico. É uma atitude corajosa para tentar reverter o quadro de caos na escalada da violência no Rio, que deixa toda população refém. Temos que dar uma resposta à criminalidade em defesa dos moradores. A medida tem meu apoio
Marcus Vicente (PP): A FAVOR
Ele não enviou justificativa.
Norma Ayub (DEM): A FAVOR
É uma situação polêmica, arriscada, mas não dá mais para esperar, é necessário agir para tirar o cidadão carioca daquela situação de Guerra. Não podemos admitir que tantos inocentes continuem morrendo em meio a essa insegurança no Rio de Janeiro. Votarei favorável e ficarei na torcida para que essa união de forças beneficie as pessoas de bem.
Sérgio Vidigal (PDT): A FAVOR
"É preciso que o governador do Rio de Janeiro assuma o seu papel. Durante esse período de gestão do Temer, foi o estado que mais foi beneficiado pela União recebendo vultosa quantia de recursos. Ao contrário do Espírito Santo que fez uma gestão de austeridade, o Rio de Janeiro se envolveu com denúncias de corrupção e má aplicação de recursos públicos. O estado desorganizou as contas públicas e não assumiu a responsabilidade da gestão de saúde, educação e segurança pública. Acredito também que o Temer aproveita o momento para jogar para plateia desviando o foco já fracassado da reforma da previdência. Vou votar favorável à intervenção militar no Rio, apesar de ter certeza que essa ação isolada por si só não resolve a violência no estado."
* O deputado Paulo Foletto (PSB) se manifestou a favor da intervenção federal, mas não participou da votação nesta segunda-feira (19).
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