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Advogado de Lula diz que STJ manteve 'posição punitivista'

Advogado de Lula diz que STJ manteve 'posição punitivista'

Sepúlveda Pertence criticou entendimento sobre prisão após condenação em 2ª instância

Publicado em 6 de março de 2018 às 20:40

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O ex-presidente Lula. (Ricardo Stuckert)

O advogado Sepúlveda Pertence, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avaliou que a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de lhe negar um habeas corpus mantém a corte numa "posição punitivista". A defesa queria que o STJ desse a Lula o direito de recorrer em liberdade da condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.

Sepúlveda também disse esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF), corte da qual já foi ministro, reverta a decisão tomada em 2016 que permitiu a execução da pena após a condenação em segunda instância.

"Foi um resultado unânime, no qual o tribunal preferiu manter-se na posição punitivista em grande voga no país e perdeu a oportunidade de evoluir e voltar a dar à garantia constitucional da presunção da inocência o seu devido valor. Nada mais a comentar", disse Sepúlveda.

Lula já foi condenado em primeira instância - pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato - e também em segunda - pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF), com sede em Porto Alegre. Mas o TRF4, que lhe aplicou uma pena de 12 anos, ainda precisa julgar um recurso apresentado pela defesa antes de decretar a prisão de Lula.

Segundo Sepúlveda, há hoje uma divisão no STF, em que parte dos próprios ministros da corte permitem que condenados em segunda instância recorram em liberdade. Assim, é preciso rediscutir o assunto. Há duas ações que tratam do tema no STF já liberadas para análise do plenário, mas a presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, ainda não marcou a data do julgamento.

"A situação hoje no Supremo não pode permanecer com essa divisão, em que o habeas corpus, a concessão ou não de habeas corpus depende do sorteio do relator, na medida em que pelo menos quatro, se não cinco ministros dissentem do precedente que alterou a jurisprudência. Então a presunção de inocência expressamente posta na Constituição como pressuposto da execução da pena seja reafirmado", disse Sepúlveda.

Até 2009, a jurisprudência permitia a prisão mesmo havendo recursos pendentes de análise nos tribunais superiores. Naquele ano, o STF entendeu que era preciso haver o trânsito julgado, ou seja, o esgotamento de todos os recursos. Em 2016, em nova decisão, o STF voltou para o entendimento anterior, autorizando prisão após condenação em segunda instância.

Sobre os próximos passos da defesa de Lula, Sepúlveda disse que veria isso ainda com os outros advogados do ex-presidente. Ele lembrou que há ainda um habeas corpus no STF ainda não julgado, mas disse esperar que ocorra antes o julgamento que trata do momento da execução da pena. O advogado negou que uma mudança nesse sentido seja casuísmo. Também destacou que, assim que o TRF4 terminar a análise do recurso de Lula, é possível apresentar outro recurso no STJ para tentar anular a condenação.

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"Concluída a jurisdição do Tribunal Regional, caberá recurso especial. E dele não deixaremos de usar", disse Sepúlveda.

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