A eleição da lista tríplice por meio da qual será escolhido o novo procurador-geral do Ministério Público Estadual (MPES) foi acirrada: o procurador-geral de Justiça administrativo, Eder Pontes, obteve 167 votos, e o promotor de Justiça Marcello Queiroz, 166.
Os dois, no entanto, não estão separados por apenas um voto. Eles representam figuras antagônicas, ao menos na disputa pelo cargo. Eder é o candidato da situação, comandou o MP por dois mandatos seguidos e é apoiado pela atual procuradora-geral, Elda Spedo. Já Queiroz é o principal nome da oposição ao atual grupo que chefia a instituição.
Em terceiro lugar ficou a promotora Nicia Sampaio, com 104 votos, que defende a alternância de poder.
A escolha de quem vai ficar à frente do Ministério Público no biênio 2018/2020 cabe ao governador Paulo Hartung (PMDB). Ele pode ungir qualquer um dos três, independentemente da quantidade de votos. O resultado da votação será enviado ao governador em até 72 horas e ele terá 15 dias para decidir.
Eder foi nomeado pelo ex-governador Renato Casagrande (PSB) em 2012 e 2014, mas mantém bom relacionamento com o peemedebista. Em 2012, aliás, Casagrande e Hartung ainda eram aliados. Já Marcello Queiroz conta com o apoio de dois ex-integrantes da equipe do atual governador: o promotor Marcelo Zenkner (ex-secretário de Estado de Controle e Transparência) e o procurador Sócrates de Souza, ex-corregedor-geral do Estado.
Procurado pela reportagem, Eder Pontes não quis se manifestar. Ele acompanhou a divulgação do resultado na sede do MPES e posou para fotos ao lado de Marcello Queiroz.
O promotor, por sua vez, foi comedido. Estou feliz com o resultado, mas o que ele representa somente os colegas podem dizer. Vamos aguardar o governador fazer a escolha dele. Tenho certeza de que ele fará a melhor escolha, afirmou.
Nicia Sampaio reforça que nos últimos anos o MPES passou por um processo de ampliação de sua estrutura física, mas não investiu em recursos humanos. É preciso voltar a investir em qualificação permanente. Temos vocações diversas dentro da instituição e precisamos de um planejamento para que todos os atores coloquem seu papel a serviço da sociedade, mas não de forma isolada.
VOTAÇÃO
Do total de 289 membros do MPES, 287 participaram da votação que elegeu a lista tríplice. Também disputaram a eleição a promotora de Justiça da Mulher, Sueli Lima e Silva (68 votos), o chefe da Procuradoria de Justiça Recursal e ouvidor do MPES, Alexandre José Guimarães (45 votos), e a 2ª promotora de Justiça da Infância e Juventude de Vitória, Márgia Chianca Mauro (21 votos). O número de votos excede o de votantes porque cada membro poderia votar em até três nomes.
Em 2016, a vantagem aberta por Elda Spedo que era a candidata à chefia do MPES apoiada por Eder Pontes foi significativa. A promotora obteve 175 dos 299 votos, o equivalente a quase 60% da preferência dos membros da instituição. Nessa mesma época, Marcello Queiroz ocupou o segundo lugar no páreo, um pouco mais atrás, com 103 votos.
No entanto, o promotor parece ter reduzido a distância diante da oposição, conquistando mais aliados ao longo dos dois últimos anos. Ele e Eder Pontes, já foram aliados, mas romperam a ligação e se distanciaram, sobretudo a partir de 2016.
Em entrevista concedida a A GAZETA em janeiro deste ano, Queiroz destacou que não pode haver perpetuação do poder no MPES. Tem que ter outras lideranças, com outras ideias, para aprimorar o que não estiver funcionando bem e manter o que estiver. É renovação com unidade e transparência, sustentou.
Já Eder Pontes fez, em um folder de campanha, a defesa de sua administração: Não há espaço para riscos e amadorismos. Ao revés, a grandeza do Ministério Público exige condução firme e experiente.
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