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PGR inclui delação de Funaro em inquérito contra Temer

PGR inclui delação de Funaro em inquérito contra Temer

Pedido foi autorizado pelo STF para esclarecer pagamentos de propina da Odebrecht ao peemedebista

Publicado em 21 de março de 2018 às 10:57

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O presidente Michel Temer e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Após entender que Michel Temer (PMDB) pode ser investigado por fatos anteriores ao mandato de presidente, a procuradora-geral da República Raquel Dodge decidiu incluir a delação do operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro em um dos inquéritos contra o peemedebista, cujo foco principal é o recebimento de propina paga pela Odebrecht em 2014. Por isso, em documento sigiloso obtido pelo GLOBO, a PGR pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin a inclusão do quinto termo de depoimento de Lúcio Funaro naquele inquérito.

A solicitação foi autorizada por Fachin em decisão sigilosa do último dia 13 de março, que determinou juntar o depoimento de Funaro e os documentos de corroboração. Fachin, porém, determinou que a parte relacionada ao operador financeiro fique sigilosa, porque a delação ainda está sob sigilo. Também são investigados no caso os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

Esse depoimento de Funaro traz esclarecimentos sobre um dos principais episódios que envolvem o inquérito: a entrega de dinheiro da Odebrecht ao advogado José Yunes, amigo de Temer, em seu escritório em São Paulo. Em depoimento à PGR, Yunes havia dito que recebeu um envelope de Funaro a pedido de Padilha. No seu relato, Funaro traz outra versão: diz que foi buscar uma caixa contendo R$ 1 milhão no escritório de Yunes, para entregar ao peemedebista Geddel Vieira Lima –atualmente preso após a Polícia Federal ter encontrado R$ 51 milhões em um apartamento ligado a ele.

Além de permitir o aprofundamento desse ponto da investigação, o pedido de Raquel Dodge para incluir o depoimento de Funaro atinge em cheio Michel Temer, porque esse depoimento específico é extenso em acusações ao peemedebista. O operador financeiro diz, por exemplo, que o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) distribuía propina a Temer e que o presidente se beneficiava com repasses de empresas que obtinham recursos da Caixa Econômica Federal.

A inclusão de Temer como investigado no caso, pedido feito por Raquel Dodge e já autorizado pelo ministro Fachin, causou desconforto no Palácio do Planalto. O peemedebista chegou a enviar uma carta à PGR se queixando da iniciativa. Isso porque o antecessor de Dodge, Rodrigo Janot, tinha um posicionamento diferente: a de que o presidente não poderia ser investigado por atos anteriores ao exercício do mandato. Para Raquel Dodge, o presidente não poderia ser processado, mas pode ser investigado, porque senão as provas podem se perder.

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Temer já negou irregularidades no episódio e tem afirmado que jamais recebeu recursos ilícitos para suas campanhas. Seu advogado não foi localizado para comentar. Procurado, o advogado de Padilha, Daniel Gerber, afirmou que “a menção indireta e genérica ao nome do ministro apenas deixa claro que não existe participação de sua pessoa em qualquer dos fatos investigados pela Operação Lava Jato”. O advogado de Moreira Franco, Antônio Pitombo, não comentou.

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