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Disputa entre Doria e França pode atrapalhar campanha de Alckmin

Disputa entre Doria e França pode atrapalhar campanha de Alckmin

Bancada tucana irá cobrar de pré-candidato solução do confronto

Publicado em 24 de abril de 2018 às 23:16

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(Wilson Dias | Agência Brasil)

O acirramento da guerra entre o ex-prefeito de São Paulo e candidato ao governo estadual, João Doria (PSDB), e o atual governador, Márcio França (PSB), fez o comando tucano entrar em alerta. Em almoço da bancada realizado nesta terça-feira no gabinete do senador Tasso Jereissati (CE), a conclusão é que o pré-candidato do partido à Presidência, Geraldo Alckmin, precisa tomar uma atitude urgente para unificar os dois palanques sob o risco de Doria e França afundarem sua candidatura presidencial.

Na quarta-feira, as bancadas do PSDB na Câmara e Senado se reúnem com Alckmin em Brasília. Os deputados e senadores vão dizer que o ex-governador tem que “fazer o dever de casa” e, se não acabar com a guerra, ele não conseguirá alcançar 40% dos votos em São Paulo, o mínimo para arrancar com 10% dos votos a nível nacional. O mais novo capítulo do confronto foi a representação do PSDB paulista no Ministério Público contra Márcio França (PSB) por improbidade administrativa.

Ninguém sabe, entretanto, como aplacar a guerra ente Doria e França.

"Alckmin tem que unificar o palanque em São Paulo, com um ou com outro. Tem que fazer o dever de casa em São Paulo. Tem que ter pelo menos 40% dos votos em São Paulo para compensar dificuldades em outras regiões e alcançar 10% de Brasil. Essa unificação tem que ser feita até as convenções", contou um dos senadores presentes ao almoço.

Ao encontrar Tasso no corredor entre seu gabinete e o plenário, o deputado Beto Mansur (PMDB-SP) mostrou seu espanto com a decisão do PSDB paulista de Dória ter entrado com a ação contra Márcio França. Além da ação, Doria estaria vetando a participação de tucanos em eventos com o sucessor de Ackmin no governo de São Paulo.

"Que burrice política essa ação! O PSDB entrou com uma ação contra o Márcio França? Enlouqueceram? A única pessoa que vai se ferrar se chama Geraldo Alckmin. Virou uma briga idiota!", criticou Mansur, diante da incredulidade manifestada por Tasso.

Apesar da guerra aberta, que pode complicar muito a campanha de Alckmin, os tucanos em Brasília não acreditam que Doria esteja agindo de caso pensado para detonar a candidatura do criador e assumir em seu lugar.

"Está todo mundo preocupado com a situação de São Paulo, que não está bem resolvida, mas não tem como Doria pretender ser candidato no lugar de Alckmin. Doria está com uma rejeição enorme na capital, não está com essa bola toda não. No interior pode até ser pop star, mas na capital, não", conclui um dos senadores após o almoço.

O impacto das outras candidaturas na campanha de Alckmin também foi avaliado. Os tucanos acham que o deputado Jair Bolsonaro (PSL) bateu no teto, mas que, mesmo com 16% dos votos, vai para o segundo turno. Joaquim Barbosa, se sair candidato pelo PSB, pode fazer um estrago na campanha do PSDB, em um primeiro momento, avaliam, mas pode resolver o problema do palanque em São Paulo e murchar depois.

"Se Joaquim entrar ele resolve o problema do palanque em São Paulo, porque o Márcio terá que dar o palanque a ele. No primeiro momento Joaquim vai estourar, mas com o andar da campanha e ele se tornar conhecido, vai cair. O Brasil não conhece Joaquim Barbosa", avaliou um dos senadores.

"O que impressiona é que em um cenário com Joaquim Barbosa e Bolsonaro, Joaquim Barbosa causa mais pânico que Bolsonaro", completou outro senador durante o almoço.

Alckmin também pode encontrar um ambiente delicado com a bancada mineira, que ficou em pé de guerra com sua declaração, dizendo que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que se tornou réu e foi alvo de novas acusações na delação de Joesley Batista, não deveria ser candidato nas eleições de outubro. Os mineiros reclamam que Alckmin comprou uma briga desnecessária, já que Aécio já deu a senha que estará fora da eleição. Mas, no entorno de Alckmin, há dúvidas se Aécio vai mesmo desistir de concorrer a reeleição para o Senado.

Aécio compareceu ao almoço no gabinete de Tasso e se explicou sobre a nova denúncia de Joesley, que disse ter lhe repassado R$110 milhões em 2014. O executivo da JBS também acusou Aécio de ter pedido uma “mesada” de R$50 mil , paga através da rádio Arco-Íris de propriedade da família, entre 2015 e 2017 para custeio de despesas pessoais.

"Esse dinheiro não foi para o Aécio. Foi para o PSDB e partidos aliados na campanha de 2014. Qualquer pessoa que fizer um levantamento, vai ver que a JBS repassou R$ 700 milhões para o PT e partidos de sua base e Joesley não dá um pio sobre isso. Está fazendo o jogo de proteger o PT em cujo governo ficou milionário", disse Aécio.

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No meio desses contratempos, Alckmin continua viajando e cortejando possíveis aliados ainda no primeiro turno. Depois de se reunir com o Pastor Everaldo (PSC) e a bancada do Nordeste do PSD com o ministro Gilberto Kassab, amanhã ele participa de uma sessão solene, na Câmara dos Deputados, organizada pelo Democratas de Rodrigo Maia (RJ), em homenagem ao aniversário de morte de Luis Eduardo Magalhães.

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