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PMDB ou MDB? Até lideranças estão confusas com a alteração

PMDB ou MDB? Até lideranças estão confusas com a alteração

Alteração no nome para mudar imagem não pegou nem entre deputados

Publicado em 18 de abril de 2018 às 23:25

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Ao discursar na convenção que marcou a mudança do nome do PMDB para MDB, em dezembro, o presidente nacional do partido, senador Romero Jucá (RR) - réu por corrupção e lavagem de dinheiro -, anunciava que a agremiação seguiria “no rumo da mudança que nos transformará novamente em um grande e novo movimento”, em referência ao importante partido definido, entre 1965 e 1980, como Movimento Democrático Brasileiro. Quatro meses depois, faltam evidências dessa transformação e o nome não “pegou” nem entre os membros do partido.

Na Câmara dos Deputados, até ontem, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), perguntava “como votam os deputados do PMDB?”. O painel eletrônico ainda usa a sigla que define o partido desde 1980, da mesma forma como está no site oficial da agremiação. E membros da bancada capixaba atestam: até a bancada peemedebista chama a legenda de PMDB nas conversas formais ou informais.

Na Assembleia Legislativa, a sigla que aparece no painel eletrônico do plenário foi atualizada para MDB. Mas, na hora de se referir à legenda, a própria bancada tropeça.

“Estou igual a vocês. Às vezes começo falando PMDB, percebo e falo MDB depois”, afirmou a deputada Luzia Toledo. Ela admite que foi uma mudança estética e que pouco importa para o eleitor. “O povo não vai nem tomar conhecimento de sigla. Vai procurar gente séria, com compromisso com o dinheiro público.”

O deputado José Esmeraldo critica a iniciativa do partido. “A sigla representa muito pouco. O que representa são os participantes. Esse negócio de PMDB e MDB não importa. O que precisa mudar não são as letras, são os políticos, os corruptos. Muitos, inclusive, do PMDB”, disse.

Outro membro da bancada, Hércules Silveira pensa diferente. Diz que sempre faz referência ao MDB, pois foi a essas ideias que se filiou. “Tenho saudade de um MDB limpo, não comprometido, como alguns dos políticos de Brasília”, criticou.

O plenário da Câmara está “desatualizado” porque a Justiça Eleitoral ainda não homologou o pedido de mudança de nome.

ADAPTAÇÃO

Presidente do PMDB no Estado e líder da maioria na Câmara, o deputado federal Lelo Coimbra avalia que a adesão à sigla MDB demanda um período de transição. “Vai pegar, com certeza. Vamos trabalhar as coisas feitas por este governo, como a queda da inflação e dos juros. A marca na economia é a mais forte”, comentou.

Lelo acredita que os novos materiais de campanha do partido, sem o P, agilizarão a adaptação. Hoje, são usados bandeiras e símbolos com a marca antiga.

ANÁLISE

 Malco Braga Camargos | Cientista político e professor da PUC-MG 

"O comportamento das nossas lideranças políticas não valorizou a ideologia partidária. Fez com que o eleitor se acostumasse a prestar mais atenção nas pessoas do que nos partidos. Então, esse movimento de pessoas que trocam de partidos ou de partidos que trocam de nome, na prática, impactam muito pouco no comportamento do eleitor. Mudar um ‘P’ não faz diferença. Para que fosse diferente, seriam importantes novos partidos e novas pessoas com plataformas bem definidas. Destaco dois partidos que têm se destacado nisso: o PSOL, que é bem definido e o eleitor sabe, independentemente do candidato, o que o partido defende, e, do outro lado, o Novo. Também tem princípios claros e rígidos."

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