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Conselho para combater notícias falsas não se reúne há dois meses

Conselho para combater notícias falsas não se reúne há dois meses

Último encontro do colegiado criado pelo TSE para combater notícias falsas ocorreu em março; Fux prioriza conversas com Exército e PF

Publicado em 22 de maio de 2018 às 11:07

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Sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) . (Divulgação)

A menos de cinco meses do primeiro turno, o Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições – colegiado criado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para discutir estratégias de combate à disseminação de notícias falsas (fake news) – não se reúne há mais de dois meses.

Integrantes do grupo ouvidos reservadamente pelo Estado criticam a falta de avanço nos trabalhos e alertam para os riscos de a Corte Eleitoral não estar preparada para enfrentar o problema nas próximas eleições.

O último encontro do conselho, formado por representantes do próprio TSE, do governo e da sociedade civil, ocorreu em 5 de março, quando o diretor da Divisão de Crimes Cibernéticos do FBI, Howard Marshall, apresentou a estratégia norte-americana de combate a crimes cibernéticos. Desde então, não houve mais encontros.

Entre as atribuições do grupo, criado pelo ministro Gilmar Mendes (então presidente do TSE) em dezembro do ano passado, estão o desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre as regras eleitorais e a influência da internet nas eleições, “em especial o risco de fake news e o uso de robôs na disseminação das informações” e a proposição de ações e metas voltadas ao aperfeiçoamento das normas.

Para integrantes do conselho, o atual presidente do TSE, ministro Luiz Fux, decidiu priorizar as conversas com a Polícia Federal, Exército e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sem o envolvimento da sociedade civil. O objetivo desse outro grupo é discutir ferramentas de investigação para atuar na prevenção e combate às fake news.

Dentro do conselho, há o temor de que o início da Copa do Mundo, no dia 14 de junho, e as férias escolares de julho atrasem ainda mais os trabalhos. Fux deixará o comando da Corte Eleitoral em agosto, quando será sucedido pela ministra Rosa Weber, considerada mais reservada.

Em reuniões anteriores, o conselho consultivo já havia discutido a criação de um manual para orientar os juízes eleitorais a tomar decisões sobre o tema. Uma das preocupações de empresas do setor de tecnologia, por exemplo, é que os magistrados apontem especificamente o endereço eletrônico que deve ser removido por propagar conteúdo falso.

Segundo o Estado apurou, não deve ir adiante a proposta de criar uma plataforma online no âmbito do TSE para conferir se uma notícia é verdadeira ou não, já que a Corte Eleitoral não tem capacidade operacional nem pretende dar selo oficial para notícias.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do TSE informou que a Corte eleitoral trabalha em uma minuta sobre o tema com base em sugestões de integrantes do conselho.

“No momento, o material está sendo consolidado para que seja apresentada uma proposta final ao colegiado já na próxima reunião, em data a ser definida”, informou a assessoria do tribunal. Depois da aprovação interna, o documento será analisado pelo plenário da Corte Eleitoral.

Ao assumir a presidência do TSE em fevereiro, Fux afirmou que “uma campanha limpa se faz com a divulgação das virtudes de um candidato, e não com a difusão de atributos negativos pessoais que atingem irresponsavelmente uma candidatura”.

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“Apesar disso (do combate às fake news), não se pretende tolher a liberdade de expressão e de informação legítima do leitor. A liberdade de expressão é pressuposto para qualquer regime que se intitule verdadeiramente democrático”, afirmou o ministro, à época.

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