> >
Raquel Dodge vê indícios de atuação de Lindbergh em favor da OAS

Raquel Dodge vê indícios de atuação de Lindbergh em favor da OAS

Caso envolve medida provisória que simplificou licitações em aeroportos

Publicado em 16 de julho de 2018 às 21:24

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Lindbergh Farias. ( Arquivo / AG)

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que existem indícios de que o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) atuou em favor da empreiteira OAS em uma medida provisória que tramitou no Congresso Nacional. Segundo as investigações, a suspeita é que o petista recebeu em troca cerca de R$ 700 mil da empreiteira nos anos de 2013 e 2014.

O caso envolve a MP 600/2012, proposta pela então presidente Dilma Rousseff ao Congresso e que simplificou as licitações de obras em aeroportos, uma das principais áreas de interesse da OAS na época. A Polícia Federal detectou mensagens no celular do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, que mostram o agendamento de encontros com o senador Lindbergh para tratar do assunto — na época, ele presidia a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Em 26 de maio de 2013, às 17h33, Léo Pinheiro enviou uma mensagem para Lindbergh: “Prezado Senador, na segunda vai lhe procurar o nosso diretor em Brasília, Roberto Zardi, para falar do tema que conversamos ontem: MP 600”. No mesmo dia, às 17h40, Lindbergh responde: “Grande Leo. Chego terça pela manhã. Eu estarei esperando. Abs”. Há mensagens com referências a outros encontros.

Lindbergh é um dos parlamentares petistas que integram a linha de frente de defesa do ex-presidente Lula e disputará as eleições deste ano.

No último dia 1º de junho, Raquel Dodge enviou uma manifestação ao STF pedindo que o inquérito contra Lindbergh seja mantido no tribunal, porque envolve suspeitas de cometimento de crime no exercício de seu mandato. Com as mudanças de entendimento sobre foro privilegiado, a Polícia Federal havia solicitado o envio para a primeira instância.

“Há indícios de que o investigado, enquanto ocupante do cargo de senador da República da base governista, teria influenciado a então presidente da República na propositura dos vetos parciais, com vistas a favorecer os interesses do grupo OAS”, escreveu Dodge, em documento sigiloso obtido pelo GLOBO.

Lindbergh apresentou uma emenda para modificar a medida provisória, mas ela foi rejeitada. Por isso, a suspeita dos investigadores é que ele tenha atuado mediante influência junto à presidente Dilma Rousseff na sanção da MP após sua aprovação no Congresso. A lei foi sancionada em 20 de junho de 2013.

Os investigadores colheram indícios de que a OAS repassou ao menos R$ 700 mil a Lindbergh via pagamentos de serviços de publicidade em caixa dois. A suspeita é que os pagamentos foram uma contrapartida à possível ajuda do senador na MP. A delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, em fase de negociação com a PGR, pode dar novos elementos para alavancar o inquérito. A PGR solicitou mais 60 dias para a conclusão das investigações, mas o prazo ainda pode ser novamente prorrogado.

Este vídeo pode te interessar

Desde o ano passado, Lindbergh usa sucessivas manobras para adiar seu depoimento à Polícia Federal, solicitando a remarcação da data diversas vezes. Procurado no início da tarde para comentar as acusações, o senador ainda não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais