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Marina atribui desempenho de Bolsonaro a 'populismo de direita'

Marina atribui desempenho de Bolsonaro a "populismo de direita"

Segundo a candidata, discursos populistas chegam mais facilmente a diferentes segmentos da sociedade

Publicado em 27 de agosto de 2018 às 19:23

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Marina Silva, candidata à presidência da República. (Edson Chagas)

A candidata da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, afirmou nesta segunda-feira (27) que o desempenho de Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas de intenções de voto, sobretudo em alguns segmentos da sociedade, é consequência de um discurso populista de direita. De acordo com a ex-senadora, o populismo de direita e extrema-direta consegue atingir mais facilmente certos eleitores.

Nos últimos dias, a candidata tem focado a campanha em áreas mais pobres, como o bairro do Capão Redondo, na capital paulista, e Diadema, na região metropolitana de São Paulo. Marina é a principal beneficiada nas pesquisas eleitorais no cenário em que o ex-presidente Lula não é apresentado como candidato.

No último levantamento realizado pela Datafolha, a ex-senadora dobra a intenção de votos quando o candidato do PT é Fernando Haddad e alcança 16%, atrás apenas do deputado federal Jair Bolsonaro.

Marina visitou nesta segunda-feira (27) a organização Educafro, em São Paulo, que atua pela inclusão da população negra no ensino superior.

Questionada durante a visita sobre o desempenho de Bolsonaro, sobretudo em relação a eleitores evangélicos, grupo que Marina tinha desempenho acima da média em 2014 e que vem migrando para o deputado federal, a ambientalista atribuiu as intenções de voto do ex-capitão da reserva ao crescimento do discurso populista no Brasil e no mundo.

"Temos uma situação em que o populismo de direita e extrema direita às vezes consegue chegar mais fácil em diferentes segmentos da sociedade, não só dos evangélicos. E nesse momento todos estamos fazendo um esforço para que nem populismo de direita e nem de esquerda prevaleça", disse.

Como exemplo dos perigos do populismo de direita ou de esquerda, Marina citou a situação da Venezuela e o que classificou de retrocessos que acontecem nos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.

Após o evento na sede da entidade, Marina foi até a Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo, onde prestou solidariedade a sete militantes da Educafro que estão acorrentados dentro do prédio em protesto à falta de regulamentação da lei que garante a presença de afrodescendentes no serviço público, aprovada em 2015.

A ambientalista não fez nenhum discurso dentro do prédio. A candidata rezou com o frei David, liderança da Educafro, que discursou contra o presidenciável Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, e Márcio França, que assumiu no lugar do tucano e é candidato à reeleição.

A propaganda eleitoral dentro de bens públicos é conduta vedada pela legislação eleitoral. Na saída do evento, Marina afirmou que não se tratava de um ato de campanha.

"Não é ato de campanha, só vim dar um abraço", disse.

Marina lembrou que, durante os protestos que participava com o ambientalista Chico Mendes, sempre esperava o apoio de uma autoridade e prometeu a si mesma que, se um dia tivesse alguma importância política, não deixaria de prestar solidariedade a manifestantes.

FALTA DE DEFINIÇÃO SOBRE LULA PREJUDICA ELEITOR

Marina também criticou a falta de definição da Justiça Eleitoral em relação ao ex-presidente Lula. A candidata foi indagada sobre o posicionamento do candidato Ciro Gomes (PDT), que afirmou que o PT está confundindo o eleitor do ex-presidente e usando a boa-fé ao afirmar que o petista poderá ser candidato quando, segundo o pedetista, está claro que Lula será impedido pela Lei da Ficha Limpa.

Embora não tenha afirmado que a estratégia do PT pode confundir o eleitor, a candidata afirmou que não é bom para o processo democrático que o eleitor não conte com uma decisão definitiva da Justiça sobre quem serão os candidatos. Ao afirmar que os candidatos que já tiveram os registros confirmados estão se expondo, Marina citou indiretamente candidatos que não são "indagados sobre os erros que cometeram".

"Os que já estão registrados devidamente de acordo com as leis, incluindo a Lei da Ficha Limpa, estão participando do debate, estão se expondo. Aqueles que estão fora do debate sequer estão sendo indagados sobre os erros que cometeram, os casos de corrupção em que se envolveram", disse Marina.

Durante a visita ao Educafro, Marina se comprometeu a criar um Plano Nacional de Combate à Desigualdade Racial. A candidata, no entanto, não disse que terá cotas para pessoas negras em seu ministério, caso eleita. A ex-senadora afirmou que pretende ter a participação de todos os setores da sociedade que atendam os critérios de idoneidade ética, capacidade técnica e de mediação política.

"Mas teremos negros, mulheres, indígenas, trabalhadores, empresários e os bons políticos", afirmou.

A candidata também defendeu a expansão do Bolsa Família, com a integração dos cadastros públicos para facilitar a inclusão dos beneficiários no setor produtivo.

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"É um esforço para que as filhas do Bolsa Família não virem as mães do Bolsa Família", declarou.

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