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Operador de Sérgio Cabral lista caixa dois a 40 políticos

Operador de Sérgio Cabral lista caixa dois a 40 políticos

Carlos Miranda afirma que Paes pediu R$ 20 milhões para campanhas do MDB; ele nega

Publicado em 18 de agosto de 2018 às 22:20

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O operador Carlos Miranda, em sua delação premiada. (Reprodução | TV GLOBO)

Operador do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), Carlos Miranda listou, em delação premiada, 40 políticos do Rio cujas campanhas, segundo ele, foram financiadas por caixa dois. Entre os nomes estão os de deputados estaduais que tentam reeleição, do governador Luiz Fernando Pezão, do deputado federal e filho de Cabral, Marco Antônio, dos deputados afastados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, além do ex-prefeito Eduardo Paes, que foi do MDB e que hoje disputa o governo pelo DEM. Miranda disse também que Paes chegou a atuar como arrecadador de recursos para campanhas eleitorais emedebistas.

Miranda conta que executava a parte financeira das campanhas do MDB no Rio. Segundo ele, havia combinações com fornecedores para que subfaturassem as notas.

Assim, parte dos valores eram pagos de forma oficial e outra parte, por fora, em dinheiro, ou por meio de vantagens de empresas doadoras aos fornecedores. Os repasses eram feitos principalmente por empreiteiras, como OAS, Delta, Carioca e Andrade Gutierrez.

Divulgado ontem pela TV Globo, o trecho da delação foi homologado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O delator conta que Cabral ajudava outros candidatos, com dinheiro ou pagamento de despesas de campanha. De acordo com ele, na eleição para prefeito em 2008, o então governador atuou como arrecadador de Paes, usando o cargo no comando do estado para obter o valor de praticamente toda a campanha, assim como atuou para viabilizar a candidatura de Rodrigo Neves à Prefeitura de Niterói, de Nelson Bornier em 2008 e 2012 para Nova Iguaçu, e para a campanha de Graça Matos em São Gonçalo.

Sem apontar a data, o operador relatou que o então prefeito Eduardo Paes mandou a Odebrecht entregar a Cabral R$ 10 milhões para serem distribuídos em campanhas eleitorias. Miranda aponta que, deste valor, a Odebrecht entregou R$ 5 milhões em forma de contribuição de campanha, como R$ 500 mil recebidos por Graça Matos.

O delator afirmou também que Paes determinou que a OAS também pagasse a Cabral R$ 10 milhões e que, conforme combinado, R$ 1,5 milhão deveria ser pago a Picciani. Miranda disse que a OAS foi orientada pelo ex-governador a pagar R$ 1 milhão para a campanha de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República em 2014.

Miranda afirmou também que, em 2014, Cabral lançou seu filho Marco Antônio como candidato e tinha interesse na reeleição de Pezão como governador. Dessa forma, atuou na arrecadação de recursos para viabilizar a campanha de ambos, além de candidatos que apoiassem seu filho.

PAES REBATE ACUSAÇÃO

Ontem, Paes negou que tenha pedido dinheiro a empreiteiras por meio de Cabral ou para financiar campanhas do MDB no estado. Segundo o ex-prefeito, o ex-governador nunca precisou de intermediadores para falar com qualquer empreiteira.

"Você acha que o Cabral, com aquele jeitão dele e aquelas conexões todas, precisava de mim para intermediar contato com Odebrecht e OAS? Isso é só mais um delírio que vamos ter de provar que não é verdade", disse o ex-prefeito, afirmando que, se tivesse de recorrer a empreiteiras para pedir recursos, teria feito isso honestamente. "Até porque era legal pedir. Mas nunca pedi, porque nunca precisou de mim para isso".

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Pezão e Graça Mattos disseram que todas as doações foram feitas de acordo com a legislação eleitoral. Aécio Neves disse desconhecer os fatos citados pelo delator. A defesa de Edson Albertassi disse que a afirmação de Miranda é mentirosa. A empreiteira OAS não quis se manifestar. Os outros citados não foram localizados pela TV Globo.

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