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Gestão de Beto Richa ficou marcada por ação violenta contra professores

Gestão de Beto Richa ficou marcada por ação violenta contra professores

MP responsabilizou ex-governador e outras autoridades por ferir cerca de 200 funcionários públicos em greve

Publicado em 11 de setembro de 2018 às 12:21

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Confronto de servidores e tropa de choque da polícia militar que ocupam a Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico. (Reprodução/GloboNews)

Um ação de violência desmedida da Polícia Militar manchou de sangue o dia 29 de abril de 2015 e, por consequência, a segunda gestão do tucano Beto Richa, preso nesta terça-feira, à frente do Palácio Iguaçu, por favorecimento ilícito. Naquela tarde de quarta-feira, após um grupo de funcionários públicos em greve tentar invadir a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o comando da PM perdeu o controle e feriu mais de 200 professores. Segundo o serviço médico municipal de Curitiba, oito manifestantes — três com traumatismo craniano — foram levados a hospitais em estado grave.

Dois meses depois, Richa foi responsabilizado pelo Ministério Público do Paraná em ação civil pública, "por omissão, principalmente por não ter impedido os excessos, bem como pelo apoio administrativo e respaldo político do governo à ação policial".

A confusão teve início no momento em que começaria a votação de uma lei que mudaria as regras da previdência social do funcionalismo público. Já a greve dos professores, que tinha começado em fevereiro, e durou até o fim de março daquele ano. Ao derrubarrm as grades, os manifestantes foram contidos com tiros de bala de borracha e jatos d´água. Cerca de 20 mil pessoas participavam do ato, segundo os organizadores.

Governador Beto Richa anuncia a professora Ana Seres Trento Comin como a nova secretária da Educação do Estado do Paraná após crise. (Divulgação Governo PR)

Os manifestantes, que reagiram jogando pedras e pedaços de pau, foram surrados pelos policiais. Equipados com capacetes, cassetetes e escudos, os soldados também avançaram sobre os jornalistas e um cachorro pitbull da PM chegou mordeu um repórter cinematográfico da TV Bandeirantes. Ele foi levado em estado grave e precisou passar por uma uma cirurgia. Outro profissional de imprensa, um jornalista da CATVE, foi ferido por uma bala de borracha no rosto. Imagens gravadas no local mostravam policiais chutando manifestantes que já estavam rendidos, sentados no chão.

AÇÃO DERRUBOU SECRETÁRIOS E COMANDANTE

Confronto entre PM e professores em greve deixa ao menos 50 feridos em Curitiba . (Estadão Conteúdo)

Outras autoridades também foram denunciadas pelo MP como responsáveis pelo episódio: o ex-secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Fernando Destito Francischini, e o ex-comandante da Polícia Militar, César Vinícius Kogut. Também são requeridos na ação o ex-subcomandante da PM Nerino Mariano de Brito, o coronel Arildo Luís Dias e o tenente-coronel Hudson Leôncio Teixeira. O GLOBO antecipou a demissão de Franschini e Kogut, além do então secretário de Educação Fernando Xavier Ferreira.

Richa e seus subordinados foram responsáveis pela "efetiva organização e execução de ação policial violenta e desproporcional, colocando em risco a vida e a saúde das pessoas que se encontravam no local, a pretexto de preservar a ordem pública, produzindo, assim, danos consideráveis a um grande número de pessoas".

TROCA DE ACUSAÇÕES

O comandante-geral da Polícia Miliar, coronel César Vinicius Kogut, pede exoneração do cargo por dificuldade administrativa com a secretaria de Segurança. (Divulgação Governo PR)

O então comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, Cesar Vinícius Kogut, abriu uma crise no governo de Richa ao enviar uma carta ao governador como resposta às declarações do ex- secretário de Segurança Pública Fernando Francischini, em coletiva. O secretário atribuiu a violência desencadeada no protesto dos professores à corporação. No texto, Kogut, que afirmou que Francischini "foi alertado inúmeras vezes pelo comando da tropa e pelo Comandante-Geral sobre os possíveis desdobramentos durante a ação". Kogut considerou inadmissível tratar a Polícia Militar como instituição "irresponsável ou leviana".

Para piorar, um desabafo feito pela mulher de Fernando Francischini nas redes sociais ampliou a crise instalada no governo do Paraná, irritou Richa (PSDB) e fez com que a demissão do secretário fosse decretada. O texto, publicado por Flavia Francischini no Facebook, faz várias críticas indiretas ao grupo político de Richa, muito criticado após a violenta ação da Polícia Militar.

'FORA, RICHA'

Quatro dias depois do violento confronto travado entre professores em greve e policiais militares no Centro de Curitiba, o governador Beto Richa (PSDB) foi vaiado e criticado neste domingo por cerca de 25 mil pessoas que assistiam à final do Campeonato Paranaense de 2015. Juntas, no Estádio Couto Pereira, as torcidas do Operário e do Coritiba gritaram em coro frases como “Fora, Beto Richa!”.

A manifestação não foi, no entanto, a primeira a acontecer num estádio de futebol e a ter como alvo o tucano. No sábado anterior, na Arena da Baixada, a torcida do Atlético Paranaense também se manifestou de forma contrária a Richa e em apoio aos professores. Naquela semana, na comemoração do título do Londrina, que conquistou o Campeonato do Interior do Paraná, o meia Rafael Bastos, reserva do time, pegou um cartaz na torcida e o ergueu em campo. Nele, liam-se as frases “Beto Richa tirano! Que vergonha bater em trabalhador. #ForçaProfessores!”.

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O público que foi assistir ao show do rapper Criolo naquela semana, no Teatro Guaíra, em Curitiba, também pediu 'Fora, Beto Richa' durante o espetáculo.

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