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Bolsonaro segue trilha de Eduardo Cunha para conquistar o Congresso

Bolsonaro segue trilha de Eduardo Cunha para conquistar o Congresso

Apoio a candidato do PSL reúne bancadas temáticas independente de direções partidárias

Publicado em 5 de outubro de 2018 às 19:31

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Jair Bolsonaro, candidato à Presidência da República. (Reprodução | Instagram)

Ao consolidar o apoio das bancadas ruralista e evangélica, e já contando desde sempre com o engajamento majoritário da bancada da bala, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) segue o caminho do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB) na formação de uma eventual base parlamentar para um futuro governo. Sem negociar com cúpulas partidárias, Bolsonaro vem conseguindo angariar apoiadores no baixo clero e no varejo. O coordenador dessa estratégia é o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que já tinha anunciado antes de começar a campanha a adesão de mais de cem deputados ao candidato, mas sem divulgar uma lista.

O apoio das bancadas apelidadas de BBB - boi, bala e Bíblia - foi fundamental para vitória de Cunha na eleição para presidência da Câmara em 2015 e lhe deu sustentação até que acabasse afastado em meio a uma série de denúncias de corrupção, que inclusive o levaram posteriormente à prisão. Os representantes das bancadas destacam que no caso de Cunha foi ele quem buscou o apoio de forma ostensiva, enquanto que no caso de Bolsonaro o acerto é uma demanda de reação aos movimentos de suas bases.

A coordenadora da bancada ruralista, Tereza Cristina (DEM-MS), afirma que no caso de Cunha o apoio foi construído em cima de propostas que se desejavam aprovar, enquanto que a declaração de voto em Bolsonaro decorre de uma pressão das bases eleitorais dos deputados.

"O apoio ao Eduardo Cunha era para que temas que são caros ao setor andassem e, na época, ele abriu as portas e nós conseguimos avançar em muitas pautas complicadas. Hoje é completamente diferente, hoje vem da base. O setor produtivo está apoiando o Bolsonaro e essa pressão foi ficando cada vez maior", afirmou Tereza Cristina.

O depoimento de Hidekazu Takayama (PSC-PR) é semelhante. Ele destaca que Cunha procurou parlamentares e igrejas em busca de apoio, e que agora ocorreu fenômeno inverso.

"No caso de Eduardo Cunha, ele buscou apoios na igreja. Agora, com Bolsonaro, você vê lideranças religiosas declarando apoio porque ele é o que mais se aproxima do pensamento cristão. Na verdade, quem está fazendo campanha para Bolsonaro é a esquerda radical, que está fazendo com que os pastores se assustem", diz Takayama.

Coordenador da bancada da bala, Alberto Fraga (DEM-DF) tinha traído o amigo Bolsonaro no início da campanha após fechar acordo com o PSDB de Geraldo Alckmin para disputar o governo do Distrito Federal. Patinando nas pesquisas, Fraga voltou a defender o candidato do PSL em eventos e declarou publicamente o seu voto no debate realizado pela TV Globo na terça-feira.

O movimento de Fraga é semelhante ao de vários parlamentares que passaram a defender Bolsonaro apenas em busca da própria sobrevivência. Luiz Carlos Heinze (PP), expoente da bancada ruralista, tenta uma vaga ao Senado e estava neutro no início da campanha devido ao fato de sua correligionária e conterrânea Ana Amélia ser vice de Alckmin. Também com dificuldades eleitorais, decidiu abraçar de vez a campanha de Bolsonaro.

A reaproximação do candidato do PSL ocorreu com vários parlamentares da campanha. Pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), que se notabilizou quando presidiu a comissão de Direitos Humanos da Câmara, foi um que abandonou o candidato de seu partido, Álvaro Dias, durante a campanha para se aproximar de Bolsonaro.

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A aglutinação das bancadas temáticas em torno de Bolsonaro é um argumento usado por apoiadores do candidato do PSL quando há questionamentos sobre sua viabilidade. Nessa quinta-feira, por exemplo, em transmissão ao vivo ao lado do presidenciável, o pastor Silas Malafaia destacou que somente com as três bancadas acima mencionadas Bolsonaro já deve ter maioria absoluta na Câmara.

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