A grande proximidade do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República com o senador Magno Malta (PR) e o deputado federal Carlos Manato (PSL), mesmo que estejam se despedindo de Brasília, tem criado certa expectativa de que o Espírito Santo pode passar a receber maior atenção do governo federal no próximo mandato.
Outro fator que pode ajudar é que na bancada da Câmara seis dos dez parlamentares eleitos pretendem compor a base de apoio do governo. Entre eles, estão justamente as esposas de Magno e Manato: Lauriete (PR) e Soraya Manato (PSL).
Vizinho dos mais expressivos Estados do país, mas com um baixo eleitorado que pouco altera o quadro nacional, ao longo dos últimos governos, esteve presente entre os capixabas um sentimento de abandono em relação à União, após diversas promessas de investimentos não concretizados ou que levaram anos para sair do papel.
Magno é hoje um dos principais aliados de Bolsonaro e atribuiu sua derrota na disputa ao Senado pelo Espírito Santo ao empenho dedicado à campanha presidencial. Ele é cotado para assumir um ministério.
Já Manato também manteve muita proximidade com o capitão da reserva durante todo o último mandato na Câmara, sendo o responsável por organizar suas visitas ao Estado, desde 2015, inclusive hospedando-o. Ele também deixou o comando do Solidariedade, em abril, para assumir o PSL no Espírito Santo, e abriu mão da candidatura à reeleição para tentar uma "candidatura kamikaze" a governador, ou seja, uma missão suicida, para dar palanque a Bolsonaro.
A votação obtida por ele em terras capixabas, deixando-o bem colocado em relação aos demais Estados, com 63,06% dos votos, também pode facilitar uma boa vontade com o Espírito Santo, para os parlamentares.
ARTICULAÇÃO
O deputado Carlos Manato afirma que não tem interesse em cargos no governo federal e que vai colaborar com Bolsonaro no crescimento do partido. Ele também pretende auxiliá-lo na estruturação de órgãos federais no Espírito Santo, como a Funasa e a Codesa.
"Vou apontar onde estão os erros administrativos, o que pode ser modernizado, profissionalizado. Também vou ajudar os 49 deputados novatos do PSL, que estão em primeiro mandato."
Ele também vai auxiliar o mandato da esposa, Soraya, e promete conversar diretamente com Bolsonaro sobre investimentos em infraestrutura. "Vou ajudar a bancada com a pauta da ferrovia, do Porto Central e recursos da BR 262", disse.
Magno Malta foi procurado, mas não retornou os telefonemas da reportagem.
Eleito para a Câmara pela coligação com o PSL, o deputado Amaro Neto (PRB) avalia que o Estado vai passar a ter uma melhor condição de diálogo com o governo federal.
"Teremos respeito, um olhar com carinho. Bolsonaro esteve no Espírito Santo diversas vezes, desde 2015 foi recebido com muita festa. Eu, particularmente, estarei na base de sustentação. E o apoio que Manato vai dar para a estruturação do partido é fundamental para que se torne robusto e não uma legenda de ocasião, como o PRN de Fernando Collor", declarou.
O deputado Da Vitória (PPS), que é militar, também disse estar otimista. "Nos governos do PT nunca fomos tratados como um Estado aliado. Houve pouco retorno em relação a tudo que entregamos em arrecadação. Temos que unir a bancada e tentar fazer justiça para o Estado", afirmou.
O veterano Paulo Foletto (PSB) pondera que investimentos no Estado estarão condicionados aos resultados econômicos. "Não basta só esse apoio, mas a boa vontade já ajuda. Temos pleitos importantes", afirmou.
Bancada precisa atuar coordenada
"Temos que ver com cautela essa expectativa de maiores pontes com o Palácio do Planalto, entre Bolsonaro e o Espírito Santo, por conta dos aliados. Magno Malta, com dois mandatos de senador, não tem um histórico de trazer investimentos para o Espírito Santo, sempre teve uma atuação mais individual, focada em si mesmo.
Manato tem um trunfo político, que é a esposa, e pode render a ele uma influência no governo. Resta saber se ele utilizaria essa influência para projetos políticos próprios ou para ajudar o Espírito Santo. Nossa bancada precisa de uma ação politicamente coordenada, pois temos pouca influência no plenário. No governo Temer, agiu de forma dispersa e fragmentária. Se uniu somente para o lançamento do aeroporto e foi aquém do necessário."
Fernando Pignaton Cientista Político
O Espírito Santo e os presidentes
Michel Temer (MDB)
Aliados no Estado
Temer é do partido de Paulo Hartung (MDB), e teve o deputado Lelo Coimbra (MDB) como líder da maioria na Câmara. Rose de Freitas (Pode) saiu do partido, mas é aliada. Entre as pautas do Estado estavam a conclusão das obras do Aeroporto de Vitória, estradas (BR 262, Contorno do Mestre Álvaro) e ramal ferroviário.
Visitas ao Estado: 1
Uma, somente durante a inauguração do Aeroporto de Vitória
Dilma Rousseff
Aliados no Estado
No 1º mandato, a bancada capixaba tinha somente Iriny Lopes (PT) no partido da presidente. Ela foi titular da Secretaria de Políticas para as Mulheres, com status de ministra, em 2011 e 2012. Só César Colnago (PSDB) se colocava como oposição.
Visitas ao Estado: 2
Dilma visitou o Estado em 2013, após as enchentes, e em 2014, pouco antes da campanha eleitoral, anunciando nova licitação para o Aeroporto.
Lula
Aliados no Estado
Nos dois mandatos, o PT só contou com Iriny Lopes como representante do partido na bancada federal. O governador da época, Paulo Hartung, manteve uma boa relação com o presidente.
Visitas ao Estado: 12
Lula visitou o Espírito Santo 12 vezes enquanto ocupava o Palácio do Planalto. Ele veio para o início das obras do Aeroporto e da duplicação da Rodovia do Contorno.
Outros
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) apareceu quatro vezes, mas em uma delas só ficou 20 minutos no aeroporto. Já Fernando Collor (PTB) inaugurou em 1991 a segunda etapa da Aracruz Celulose. José Sarney (PMDB) e Itamar Franco não tiveram registro de viagens ao Espírito Santo na investidura de presidentes.
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