No primeiro contato entre as equipes de transição de Paulo Hartung (MDB) e Renato Casagrande (PSB), realizado ontem, houve um pedido dos representantes do socialista de que todos os anúncios a serem feitos nos próximos dois meses pela atual gestão, mas de implantação somente a partir de 2019, sejam primeiramente discutidos entre os dois grupos.
A solicitação da equipe de transição de Casagrande foi feita um dia após o governo anunciar que pode licitar, ainda no final deste ano, uma obra que retiraria a mureta central da Terceira Ponte para implantar uma faixa reversível, por um custo de R$ 24,5 milhões.
Segundo o coordenador da equipe de Casagrande, Álvaro Duboc, essa é uma medida que precisa ser melhor discutida com a sociedade. "A solução em colocar mais uma pista não resolve o problema do trânsito na ponte. Vai haver momentos com menos trânsito, que os veículos podem aumentar a velocidade e correr mais riscos de colisão frontal. Pedimos que sempre que houver qualquer tomada de decisão, que seja objeto de discussão", contou.
O mesmo apontamento foi feito pelo próprio Casagrande, em entrevista à Rádio Band News FM, nesta terça-feira (16). O governador eleito subiu o tom acerca dos anúncios feitos no fim do atual mandato, mencionando também os novos gastos com a estadualização do Hospital Geral de Linhares. "Por que não fez em 2015, 2016? É um gol de mão nos 45 do segundo tempo, na esperteza. No final do governo é preciso ir passando o bastão para quem vai chegar, e não criar fatos para se manter politicamente importante", criticou.
Casagrande também considera que os R$ 300 milhões que devem ser deixados em caixa são incompatíveis com a quantidade de lançamentos que tem sido feitos. "Isso é pouco mais da metade de uma folha de pessoal de um mês, é um volume de recursos pequeno. Vou ter que analisar a situação financeira do Estado para ver se vamos manter concursos anunciados, obras. Tenho pedido a todos os poderes muita cautela, e se for o caso, posso até impetrar alguma ação na Justiça. O que tenho feito agora é explicitado aquilo que eu acho que seja problema, até para que o governo possa refletir se de fato deve seguir nesse caminho, que compromete o futuro do Estado", disse.
PRIMEIRAS MEDIDAS
Duboc afirmou que o orçamento de 2019 já começou a ser analisado pelo economista Tyago Hoffmann e mais dois técnicos, e que a reunião focou em obter um panorama mais "macro" do governo. "Pedimos dados sobre o número de servidores efetivos, contratados, comissionados, sobre os processos licitatórios em andamento, convênios, execução orçamentária de 2018. Isso para saber o que vai precisar contratar de forma imediata, para que não haja descontinuidade dos serviços", explicou. As equipes acordaram que as reuniões serão semanais, às segundas-feiras.
Representando Casagrande, participaram, além de Duboc, os membros Lenise Loureiro, Tyago Hoffmann e Angelo Baptista. Já o atual governo foi representado pelos secretários Angela Maria Soares Silvares, Regis Mattos e Marcos Pugnal.
Procurada, a assessoria da equipe de transição de Hartung disse, por nota, que "as informações estão sendo levantadas junto a secretarias e órgãos do governo e serão disponibilizadas à medida que forem consolidadas. Assim como as demais ações realizadas pelo governo, a transição está ocorrendo de forma republicana, pautada pelos princípios da transparência da gestão".
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