A coordenação da campanha do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, está preocupada com o impacto negativo da delação do ex-ministro Antonio Palocci nesta reta final do primeiro turno. A avaliação da cúpula petista é de que o material liberado na segunda-feira (01) pelo juiz Sergio Moro pode aumentar o índice de rejeição de Haddad nas pesquisas. O Ibope mostrou que o número de eleitores que não votariam de jeito nenhum no petista passou de 27%, no dia 26 de setembro, para 38%.
A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) exibirá, na noite desta terça-feira (02), uma propaganda no horário eleitoral com referências à delação .
A degradação da imagem de Haddad no eleitorado foi assunto entre integrantes da cúpula petista na noite desta segunda, após a divulgação da pesquisa Ibope que mostrou um crescimento de 11% entre os eleitores que declararam não votar no ex-prefeito de jeito nenhum.
A apreensão do grupo é que o conteúdo do acordo, tornado público nesta segunda, ajude a cristalizar o voto útil contra o PT. O assunto foi abordado com exaustão em grupos de WhatsApp de envolvidos na campanha que ainda buscam um caminho para que as declarações do ex-ministro não atinjam Haddad. A sigla avalia que esse é o pior momento para o conteúdo vir à tona, porque é justamente quando a maioria dos eleitores está definindo, de fato, o voto.
Na avaliação dos petistas, há a tendência de que a delação de Palocci continue sendo repercutida pela imprensa e seja explorada pelos adversários. Para tentar reduzir os danos, a campanha deve passar a repercutir o discurso da força-tarefa da Lava-Jato, em especial do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que já descredibilizou publicamente as revelações de Palocci. Antes de fechar a delação com a PF, o ex-ministro negociou com o Ministério Público Federal, mas a proposta foi rejeitada.
Da cadeia, o ex-presidente Lula creditou a estagnação do crescimento de Haddad e o aumento de sua rejeição às críticas que ele sofreu nos programas de televisão de adversários veiculados no último fim de semana. Lula também defendeu que o movimento ostensivo realizado por lideranças evangélicas em apoio a Jair Bolsonaro, candidato do PSL, ajudou a a frear o crescimento de Haddad nas classes mais baixas.
Em encontro com o ex-prefeito nesta segunda, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, Lula recomendou que ele focasse na preparação para o debate da TV GLOBO, que será realizado na quinta-feira, e que se mantivesse recluso na véspera do programa. Disse ainda que o ex-prefeito precisa olhar para a câmera e se dirigir para o eleitor pobre. Esse foi o último encontro entre Haddad e Lula antes do primeiro turno da eleição que acontecerá neste domingo.
Nos anexos de sua delação premiada tornados públicos ontem, Palocci afirmou que o PT gastou R$ 1,4 bilhão, mais do que o dobro dos valores declarados à Justiça Eleitoral, nas duas últimas campanhas presidenciais para eleger Dilma Rousseff, em 2010 e 2014. Segundo ele, as campanhas foram largamente abastecidas com caixa dois.
Segundo o ex-ministro, a ilicitude das campanhas começava nos preços elevadíssimos que custam. Ninguém dá dinheiro para as campanhas esperando relações triviais com o governo, afirmou ele, que prossegue: As prestações regulares registradas no TSE são perfeitas do ponto de vista formal, mas acumulam ilicitudes em quase todos os recursos recebidos.
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