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Rose de Freitas é citada em delação contra Sérgio Cabral

Rose de Freitas é citada em delação contra Sérgio Cabral

Em depoimento, o operador financeiro do ex-governador do Rio afirma que Rose teria recebido R$ 500 mil do político para barrar requerimentos na Câmara dos Deputados

Publicado em 24 de outubro de 2018 às 23:38

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Rose de Freitas afirma que o parecer dado por ela foi elaborado pela Assessoria Jurídica da Câmara dos Deputados. (Ricardo Medeiros)

A senadora Rose de Freitas (Podemos) foi apontada pelo operador financeiro de Sérgio Cabral (MDB), Carlos Miranda, como um dos parlamentares que teriam sido beneficiados por propinas através do esquema criminoso comandado pelo ex-governador do Rio de Janeiro.

Rose de Freitas e citada em delação contra Sérgio Cabral

De acordo com os novos trechos da delação premiada de Miranda, que foram obtidos pela Globonews, o operador financeiro afirma ter recebido ordens de Cabral, em 2011, para que entregasse R$ 500 mil a Rose.

Na época, Cabral assumia seu segundo mandato como governador e Rose era filiada ao MDB (mesmo partido de Cabral), ocupando o cargo de primeira vice-presidente na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Por isso, era responsável por acolher os requerimentos feitos por outros deputados.

Segundo Miranda, Cabral disse que a propina seria paga para que Rose barrasse os requerimentos feitos pelo então deputado federal Anthony Garotinho (PRP), que é adversário político de Sérgio Cabral.

Um dos requerimentos de Garotinho, conforme apontou o delator, foi feito em razão das viagens de Sérgio Cabral ao exterior. Garotinho queria que Cabral fosse investigado por "frequentemente se ausentar do Estado por períodos que extrapolam os limites fixados em lei, especialmente com o uso de aeronaves cedidas por empresários", declarou Miranda na delação homologada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Outros políticos também foram acusados por Miranda de receber dinheiro indevido, a exemplo de Aécio Neves (PSDB), que foi eleito deputado federal em Minas Gerais este ano; Aureo Lídio (SDD-RJ), que foi reeleito este ano para o seu terceiro mandato consecutivo na Câmara, e Julio Lopes (PP-RJ). Ele foi secretário de Transportes nos dois mandatos de Cabral no governo do Rio e não conseguiu se reeleger como deputado federal nas eleições deste ano.

O OUTRO LADO

Em nota, a senadora Rose de Freitas não comentou diretamente sobre o dinheiro que supostamente teria recebido, mas afirma que o parecer dado por ela na condição de deputada federal em relação ao pedido de Garotinho foi elaborado pela Assessoria Jurídica da Câmara dos Deputados, tendo sido aprovado pela Mesa Diretora, bem como pelo próprio Plenário da Casa.

Ela justifica sua rejeição ao pedido tendo em vista que o Congresso Nacional não tem competência para fiscalizar os Poderes Executivos estaduais. "O inciso X do artigo 49 da Constituição Federal estipula que é competência exclusiva do Congresso Nacional fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta, referindo-se exclusivamente ao Governo Federal", ressaltou a nota.

Rose ainda pontuou: "Ao longo de 8 mandatos e 36 anos de vida pública, exercidos com probidade e honradez, nunca tive meu nome ou de minha família envolvidos em qualquer irregularidade. Espero que este fato seja rigorosamente apurado e a verdade se restabeleça".

OUTRAS CITAÇÕES

O nome de Rose de Freitas já foi citado outras duas vezes em delações. A primeira delas ocorreu em setembro do ano passado, quando o doleiro e operador de Eduardo Cunha (MDB), Lúcio Funaro, afirmou que a senadora estaria entre os beneficiários de poupança feita no exterior pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados no valor de até R$ 90 milhões.

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No mês seguinte, Funaro voltou a afirmar, em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), que Rose está na lista de parlamentares que negociaram propina com Eduardo Cunha. Em ambos os casos, Rose de Freitas negou as acusações.

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