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'Próximo governo está na direção correta', diz analista de mercado

'Próximo governo está na direção correta', diz analista de mercado

Segundo Karel Luketic, sócio da XP Investimentos, o presidente eleito Jair Bolsonaro tem falado sobre a necessidade de reformas econômicas, que são a principal pauta do país.

Publicado em 6 de novembro de 2018 às 21:32

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Karel Luketic esteve no 6º Fórum Liberdade e Democracia, em Vitória. (Magic Studios - Conteúdo Áudio Visual)

Os primeiros sinais dados pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vêm despertando o otimismo do sócio e analista chefe da XP Investimentos, Karel Luketic. Ele, que aponta as reformas da Previdência e a Tributária como mudanças urgentes para o país, afirma que ao longo dos últimos 10 dias os pronunciamentos do militar reformado do Exército têm dado destaque à pauta econômica, o que pode ser uma indicação do caminho que será seguido a partir de 2019.

“A dúvida era até que ponto a agenda econômica seria priorizada ou não. Achamos que ela é precedente para que o resto da agenda social, incluindo Saúde e Educação, possam melhorar”, defendeu Liketic.

E continuou: “Sem equilíbrio das contas a confiança não melhora, o desemprego aumenta, os investimentos não vêm e a economia não gira. A agenda econômica está sendo trazida em pauta. Estamos vendo um direcionamento correto das mensagens do próximo governo”, justifica.

A análise foi feita nesta terça-feira durante a apresentação do chefe da XP no 6º Fórum Liberdade e Democracia, promovido pelo Instituto Líderes do Amanhã. O evento reuniu especialistas de todo o país para discutir sobre a importância do protagonismo individual no contexto brasileiro.

Mas, apesar da expectativa positiva, Karel reforça que, ao romper com o sistema bipartidário que dominou o Palácio do Planalto nos últimos 20 anos, o governo de Bolsonaro não terá trânsito fácil em Brasília e pontua que o futuro chefe de Estado terá que liderar fortemente o processo de mudanças.

“É preciso dialogar com o Congresso Nacional. Política é negociação. Mas a agenda vai ser determinada pelo governo, não pela Câmara dos Deputados. A gente acha que o primeiro semestre do ano que vem tem momentos para as reformas serem aprovadas. Mas isso tem que ser endereçado da maneira correta e rápida”, afirma.

Convencer a população em relação à necessidade de tais medidas impopulares é outra tarefa a ser cumprida. “É preciso mostrar para as pessoas que a gente em um desafio gigantesco nas nossas contas e que se nada for feito daqui a algum tempo não teremos dinheiro para pagar a Previdência. A medida que isso fica mais claro as pessoas começam a tomar uma decisão mais consciente, não baseada em uma utopia, em um discurso de campanha”, diz.

REFORMA TRIBUTÁRIA

O professor de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo, Júlio Pompeu, também esteve entre os convidados do Fórum, e destacou que a reforma Tributária é importante, entre outros fatores, para que seja feita “justiça econômica”.

“O consumo tem que ser menos tributado - já que o rico e o pobre pagam o mesmo valor por um litro de leite, por exemplo - enquanto a renda deve ser mais tributada”, defendeu.

ANÁLISE:

Criar um governo capaz de unificar a sociedade e gerar ações e resultados que perdurem para além de apenas um mandato é um dos desafios do governo de Jair Bolsonaro (PSL) à frente da Presidência da República. Isso é o que o doutor em Filosofia Eduardo Wolf chama de “consenso”. Segundo ele, durante os dez dias que sucederam as eleições presidenciais o futuro chefe de Estado ainda não deixou claro se sua posição será de conciliação ou de hostilidade. Veja a seguir:

"De 1994 a 2013, durante os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula, houve a formação de um certo consenso em relação ao fato de que nós precisávamos resolver o problema da hiperinflação, estabilizar e modernizar a economia e dar atenção à área social. Ao gerar-se consenso, cria-se instituições para além de um mandato. Trata-se de capturar os anseios para os quais aponta a sociedade e transformá-los em políticas duradouras. Mas agora não há mais consenso e a sociedade tem projetos muito divergentes. Essa falta de unidade é o que nos leva à palavra polarização. Será que agora é possível produzir um consenso que unifique a sociedade e vá além de um governo ou só irá se gerar mais crise? Na minha opinião, com base em dez dias de eleito, o governo de Bolsonaro ainda não tem isso claro. Não se sabe se ele será o pacificador da nação, que quer a união, ou se ele será alguém que joga hora com o discurso de pacificação nacional, hora com o acirramento dos ânimos ideológicos em sua base. Ele reviu posições mais radicais, mostrando que é capaz de dialogar com o Congresso. Se ele conseguir fazer isso, virá a segunda questão: será capaz de convencer a sociedade?"

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