Os desafios para o novo governo são gigantes e vão exigir interlocução entre os Poderes e soluções complexas. Essa é a avaliação do cientista político e professor do Insper Carlos Melo durante o 13º Encontro de Lideranças, promovido pela Rede Gazeta. Para ele, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) assumirá o Palácio do Planalto com sete crises para resolver nos próximos anos.
A maior delas, segundo ele, é a econômica. "É uma crise não só do lado fiscal, de solucionar o déficit das contas públicas, mas para além de resolver a questão fiscal entrar numa pauta de competitividade, para atrair investimentos", pontuou.
A segunda crise, de acordo com Melo, é a do chamado presidencialismo de coalização. "Esgotou-se o sistema de negociação sobre cargos e recursos. Com o tempo, os recursos se exaurem e não tem mais como negociar. Esse modelo não se sustenta mais."
Ele cita ainda o desafio do financiamento do sistema político e eleitoral, o peso e a influência das corporações na frente contra o fim de privilégios, e a crise de intolerância que nasceu das urnas. "O país se dividiu; 100 milhões de brasileiros não votaram no Bolsonaro. Ele tem essa responsabilidade de pacificar e aproximar os divergentes", disse.
Carlos Melo citou ainda a crise na segurança pública, que vai além do Rio de Janeiro. Para ele, o problema é crônico e complexo, exigindo medidas que não serão fáceis.
Por fim, ele cita ainda a crise de representação e de liderança política. "Há uma carência de lideranças expressivas no mundo e no país. Houve uma queda na qualidade da liderança política brutal. Se olhar os lideres há uns 20, 30 anos atrás e hoje, houve uma mudança gigantesca. Isso é desafiador. O novo presidente não podemos colocar nisso ainda porque não começou, mas precisará adotar uma postura diferente dos antecessores", afirmou.
PACTO
Durante o painel "Conjuntura econômica e política e seus cenários para 2019" no encontro, o professor e cientista político Carlos Melo afirmou ainda a necessidade de formação de um pacto entre o governo federal e outros Poderes, especialmente com o Legislativo, mas também com o Judiciário e Ministério Público, para permitir que medidas no campo econômico avance.
"O Espírito Santo, por exemplo, conseguiu um alinhamento dos Três Poderes: Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas e o próprio Executivo fizeram um pacto que permitiu um manejo político muito eficiente da questão econômica. Precisa disso em âmbito federal também para a economia destravar. Se não tiver um alinhamento assim, será difícil", avaliou.
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