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Entenda a Operação Capitu, que prendeu Joesley e vice-governador de MG

Entenda a Operação Capitu, que prendeu Joesley e vice-governador de MG

A Polícia Federal informou que instaurou inquérito policial baseado em declarações do doleiro Lúcio Bolonha Funaro

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 18:50

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A Operação Capitu, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (9) prendeu o empresário Joesley Batista, o vice-governador de Minas Gerais Antônio Andrade (MDB) e o ex-ministro da Agricultura Neri Geller, deputado federal reeleito pelo PP-MT nas eleições 2018. Além deles, outros sete nomes são investigados por supostos pagamentos de propina para um grupo que atuava na Câmara dos Deputados e no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) entre os anos de 2014 e 2015, na gestão de Dilma Rousseff (PT).

O empresário Joesley Batista é conduzido dentro de viatura da PF após ser preso na manhã desta sexta-feira (9) em sua residência no Jardim Europa, bairro nobre de São Paulo. (Marcelo Goncalves/Sigmapress/AE)

A Polícia Federal informou que instaurou o inquérito policial em maio de 2018 baseado em declarações do corretor Lúcio Bolonha Funaro. Segundo ele, a JBS, de propriedade de Joesley Batista, teria repassado R$ 7 milhões para o grupo político do MDB da Câmara. Desse valor, o atual vice-governador de Minas Gerais ex-ministro da Agricultura, Antônio Andadre, teria recebido R$ 3 milhões. O ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha teria recebido R$ 1,5 milhão.

A PF identificou que o grupo empresarial dependia de licenciamentos do Mapa e teria passado a pagar propina a funcionários do ministério em troca de decretos que proporcionariam benefícios ao grupo, como a diminuição da concorrência e de entraves à atividade, possibilitando a constituição de um monopólio. As propinas eram negociadas, geralmente, com um deputado federal e entregues aos agentes políticos e servidores do Mapa pelo operador Lúcio Bolonha Funaro.

Durante as apurações, segundo a PF, "houve clara comprovação de que empresários e funcionários do grupo investigado – inicialmente atuando em colaboração premiada com a PF – teriam praticado atos de obstrução de Justiça, prejudicando a instrução criminal, com o objetivo de desviar a PF da linha de apuração adequada ao correto esclarecimento dos fatos". Daí o nome da Operação, Capitu, a personagem dissimulada da obra prima de Machado de Assis, Dom Casmurro.

O advogado de Joesley, André Callegari, diz que seu cliente é colaborador da Justiça e tem cumprido à risca essa função. "Portanto, causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração. A prisão é temporária e ele vai prestar todos os esclarecimentos necessários", afirmou.

'Homem-bomba'

O empresário Joesley Batista foi considerado um 'homem-bomba' dentro do governo Michel Temer. Em março de 2017, Joesley gravou o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu em conversa que serviu como base para a primeira denúncia apresentada contra o presidente pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva.

O áudio foi divulgado em maio. Na ocasião, Temer disse a frase: "tem que manter isso, viu?", sobre a boa relação com Eduardo Cunha. A Câmara rejeitou a denúncia em agosto de 2017 por 263 votos a 227. Em setembro do ano passado, chegou a chamar o presidente Michel Temer de “ladrão geral da República” e disse que ele “envergonha” todos os brasileiros.

Já em abril deste ano, Joesley Batista afirmou em depoimento ter repassado R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB) durante a campanha do tucano à Presidência da República em 2014, em troca de apoio do mineiro nos negócios da empresa.

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O valor foi dividido entre o PSDB, que teria ficado com R$ 64 milhões, o PTB, que teria embolsado R$ 20 milhões, e o Solidariedade, que teria levado R$ 15 milhões, e R$ 11 milhões, que teriam ido para as campanhas de políticos que apoiaram a campanha do tucano à Presidência. Já em agosto de 2017, Joesley afirmou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que pagou R$ 50 mil por mês ao senador entre 2015 e 2017. A defesa do senador nega as acusações.

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