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Slogan da ditadura no SBT foi ordem de Silvio Santos, diz colunista

Slogan da ditadura no SBT foi ordem de Silvio Santos, diz colunista

Dono da emissora, apresentador teria se reunido com assistente para definir a campanha sozinho

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 15:15

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A última campanha lançada pelo SBT, supostamente, para unir os "lados" do Brasil que foram segregados depois de uma eleição totalmente polarizada, está causando tudo na internet, menos união. É que uma das vinhetas, definidas exclusivamente por Silvio Santos, como garantem fontes do colunista Maurício Stycer, traz o slogan "Brasil: ame-o ou deixe-o" - frase que é símbolo de um período da ditadura do Brasil considerada a mais repressora de todo o regime, presidida pelo general Médici, entre 1969 e 1974. 

 

O apresentador Silvio Santos em seu dominical programa homônimo no SBT. (Reprodução)

O colunista detalha que, como em várias outras situações, o dono do SBT não consultou ninguém e também não deu explicações sobre as escolhas que fez para a campanha. "Chamou apenas um assistente, transmitiu as mensagens que gostaria de ver e pronto", alertou. 

A campanha completa tem seis vinhetas, mas a que causou maior choque, ao menos pela reação dos internautas, foi a primeira, exibida em um intervalo do programa "Fofocalizando", que traz a frase polêmica. Além dos dizeres, que são pronunciados pelo locutor oficial do SBT, o vídeo traz o Hino Nacional ao fundo, com fotos de cartões postais do País em série. "Brasil: ame-o ou deixe-o!" é a frase que era dirigida aos que se opunham à ditadura militar, e acabou se tornando dos maiores símbolos do regime.

Com a recusa do público a achar graça na "criatividade" de Silvio, essa vinheta, especialmente, foi retirada do ar ainda nesta terça-feira (6), no mesmo dia em que foi lançada. Nos bastidores, Mauricio Stycer destaca que a conversa é de que a escolha dos elementos foi um erro, já que a ideia do empresário era de promover mensagens de união. As outras cinco vinhetas continuam sendo exibidas.

Apesar de usarem outros elementos visuais e trocarem de trilha sonora, as outras vinhetas repetem grande parte das imagens da que foi retirada do ar após a polêmica. As músicas escolhidas são "Eu te amo, meu Brasil", canção que ficou popular pela dupla Dom e Ravel e o hino "Pra Frente Brasil", de Miguel Gustavo, que embalou a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970.

As mensagens não trazem a assinatura do SBT e não têm quaisquer sinalizações de que há anunciantes que bancam o tempo utilizado. A assessoria do SBT confirmou, ao colunista, que trata-se de uma criação própria. No entanto, questionada, se esquivou de responder o que levou, efetivamente, a campanha ao ar.

REPRISE DE NOVELA X APOIO A BOLSONARO

Frente às surpresas, as especulações agora se dividem entre duas hipóteses, segundo o colunista explica: ou as vinhetas anunciariam uma reprise da novela "Amor e Revolução"; ou representam um aceno em homenagem à eleição do capitão reformado Jair Bolsonaro, presidente do Brasil a partir do dia 1º de janeiro de 2019. Bolsonaro, durante sua trajetória política, já enalteceu o período da ditadura militar várias vezes. 

"AME-O OU DEIXE-O" FEZ 10 MIL SAÍREM DO BRASIL

Apesar de não existirem dados concretos sobre essa evasão, o colunista destaca que estima-se que até 10 mil pessoas deixaram o  Brasil em consequência da repressão do período militar. 

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Por outro lado, levantamento da Comissão Nacional da Verdade (CNV), dá conta de que 50 mil pessoas foram, de algum modo, afetadas ou tiveram direitos violados pela repressão durante o período ditatorial. O número, segundo o órgão, inclui presos, exilados, torturados e também familiares que perderam algum parente nas ações que foram tomadas entre 1964 e 1985.

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