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Ações de Gerson Camata inspiraram Hartung e Casagrande

Ações de Gerson Camata inspiraram Hartung e Casagrande

Para especialistas, há traços do ex-governador nos dois políticos

Publicado em 28 de dezembro de 2018 às 03:18

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Gerson Camata com o governador Paulo Hartung e o senador Ricardo Ferraço. (Vitor Jubini)

Algumas marcas de Gerson Camata (MDB) à frente do governo do Estado estiveram presentes e, de certa forma, inspiraram tanto as gestões do atual governador Paulo Hartung (sem partido) como a do governador eleito Renato Casagrande (PSB) no Executivo estadual.

Para historiadores e analistas do cenário político do Espírito Santo, mesmo com os 20 anos que separam o início do governo Camata, em 1983, do primeiro governo Hartung, em 2003, e 28 anos do governo Casagrande, em 2011, há semelhanças entre a forma de governar dos dois com a do emedebista.

A principal delas pode ser considerada a boa capacidade de articulação entre diferentes grupos e partidos políticos.

Camata, o ex-embaixador da Itália Gherardo La Francesca e Casagrande em 2011. (Arquivo)

Tanto Hartung quanto Casagrande conseguiram organizar coalizões amplas para serem eleitos. Na composição dos governos, uma diversidade de partidos esteve representada. Já no Legislativo, ambos não enfrentaram oposição que lhes causassem grandes transtornos.

Isso ocorreu tanto nos dois primeiros mandatos de Hartung, quanto neste, iniciado em 2015. No caso de Casagrande, também se repetiu nas gestões a partir de 2011, como na próxima, que se inicia em 2019.

O cientista político Fernando Pignaton destaca que, no caso de Gerson Camata, esta habilidade de ter unificado inúmeros grupos políticos foi inclusive o que lhe fez vencer a convenção do PMDB, contra Max Mauro, e posteriormente, as eleições, derrotando Carlito Von Schilgen, do PDS, que era apoiado pelo governo da época.

"Ele interpretou uma mudança na sociedade e liderou uma a transição para a democracia. Mesmo não sendo da ala autêntica do PMDB, e sendo recém-saído da Arena, partido conservador, conseguiu os votos do PCB na convenção e se viabilizou. Começou a traçar um perfil de social-democrata, que foi o que conquistou a população", relata.

ARTÍFICE

O historiador Rafael Simões também aponta semelhanças, embora o momento político seja muito diverso. "O governo Camata começou no final da ditadura e teve uma composição ampla. O vice era conservador, havia membros do PCB, por exemplo. Hoje, os grupos políticos são mais definidos e fechados, mas também se vê pessoas do PT e do PSDB numa mesma gestão", disse.

Ele compara este modo de agir ao de um artífice. "É quem alia o trabalho manual ao pensar. Unia o fazer, na ação governamental, com o pensar político bastante amplo, o que certamente inspirou Hartung e Casagrande".

O doutor em História, Estilaque Ferreira, acrescenta que os três têm em comum a origem no interior do Estado. Camata e Casagrande são de Castelo, e Hartung de Guaçuí, municípios da região Sul.

Tanto Camata como Hartung, em 2003, assumiram o governo em períodos de graves problemas financeiros, em que havia inclusive atrasos no pagamento do funcionalismo.

"Camata assumiu já anunciando cortes de gastos. Era um período em que o Estado deixava de ser rural e migrava para a economia industrial. No final da gestão, ficou lembrado por ter conseguido promover o desenvolvimento e obras públicas", destaca Estilaque.

CONTATO

Quanto às relações com Camata, Hartung pode ser considerado mais próximo politicamente. Em 1982, quando se elegeu deputado estadual, participou da coordenação de campanha do emedebista ao governo. Depois, também se manteve próximo, por estarem por anos no mesmo partido.

Com Casagrande ele teve menos contato, de acordo com os especialistas, mas sempre manteve boa relação.

Nas eleições de 2014, inclusive, quando o socialista e Hartung romperam, Camata inicialmente se posicionou em defesa do apoio à reeleição de Casagrande, e contra a candidatura de Hartung.

"Ele pode dizer que Casagrande não está fazendo um bom governo, mas isso não é verdade. Se Hartung teve direito à reeleição, Casagrande também tem", disse na época. Durante o pleito, no entanto, ele voltou a se aproximar de Hartung, embora sem participar da campanha.

TRAJETÓRIA

Década de 1960

Nascido em Castelo, em 1941, destacou-se como apresentador de rádio dos programas "Ronda Policial" e "Ronda da Cidade".

1966

Foi eleito vereador pela Arena, partido de apoio ao regime militar.

1970

Foi eleito deputado estadual.

1975

Assumiu mandato de deputado federal e se destacou em CPIs, sendo reeleito em 1978.

1982

Foi eleito governador com 67% dos votos válidos. Casou-se com Rita Camata um ano antes.

1986 a 2010

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Aconselhado pelo então presidente Sarney, candidatou-se ao Senado e venceu a eleição. Reeleito por outras duas vezes, completou 24 anos na Casa até se aposentar em 2010.

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