Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que vai reavaliar, junto com seu futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a posição do Brasil no Acordo de Paris. No documento, elaborado em 2015, mais de 190 nações se comprometeram a reduzir as emissões de gases estufa.
Vamos sugerir mudanças no Acordo de Paris. Se não mudar, sai fora. Quantos países não assinaram? Por que o Brasil tem que dar uma de politicamente correto? Possivelmente danoso a nossa soberania? questionou. Nossa soberania jamais estará em jogo.
Bolsonaro criticou o documento, citando equivocadamente que o acordo exige a obediência a compromissos na verdade, todos são voluntários. Tampouco há punições para quem não os cumprir, como sugere o presidente eleito.
Se exige que o Brasil faça o reflorestamento de uma área enorme, do tamanho do estado do Rio de Janeiro observou. Até 2030, se não fizer, as sanções vem aí. No primeiro momento, sanção política, depois econômica, e num terceiro momento tem a sanção da força.
O governo federal adotou a meta de reduzir em 37% as emissões de gases de efeito estufa em 2025, em relação aos níveis registrados em 2005.
Nos anexos do documento apresentado à ONU, o país se comprometeu a fortalecer o Código Florestal, zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 e ampliar o manejo sustentável de florestas nativas, entre outras medidas.
Em outro trecho, assume-se como meta "restaurar e reflorestar 12 mil km² de florestas até 2030, para múltiplos usos". Isso equivale a menos de um terço da área do estado do Rio, que é de cerca de 44 mil km².
O obstáculo do 'Triplo A'
Em novembro, Bolsonaro contou que, em uma conversa com Ernesto Araújo, recomendou que o atual governo desistisse de sediar , em novembro de 2019, a Conferência do Clima da ONU (COP25). Para justificar seu argumento, mencionou a suposta existência do "Triplo A" :
Eu recomendei que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque está em jogo o Triplo A nesse acordo. O que é o Triplo A? É uma grande faixa que pega do Andes, a Amazônia e Atlântico, de 136 milhões de hectares, que poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área.
Bolsonaro alega que o corredor ecológico "Triplo A" foi discutido nos bastidores do Acordo de Paris, e que estaria implícito no tratado. Não há, porém, qualquer diplomata ou chefe de Estado que confirme isso.
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