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Bolsonaro afirma que vai sugerir mudanças no Acordo de Paris

Bolsonaro afirma que vai sugerir mudanças no Acordo de Paris

Nas redes sociais, presidente eleito afirma que documento pode ser 'danoso à soberania nacional' e cita exigências e sanções inexistentes

Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 10:49

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Presidente eleito, Jair Bolsonaro. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que vai reavaliar, junto com seu futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a posição do Brasil no Acordo de Paris. No documento, elaborado em 2015, mais de 190 nações se comprometeram a reduzir as emissões de gases estufa.

— Vamos sugerir mudanças no Acordo de Paris. Se não mudar, sai fora. Quantos países não assinaram? Por que o Brasil tem que dar uma de politicamente correto? Possivelmente danoso a nossa soberania? — questionou. — Nossa soberania jamais estará em jogo.

Bolsonaro criticou o documento, citando equivocadamente que o acordo exige a obediência a compromissos — na verdade, todos são voluntários. Tampouco há punições para quem não os cumprir, como sugere o presidente eleito.

— Se exige que o Brasil faça o reflorestamento de uma área enorme, do tamanho do estado do Rio de Janeiro — observou. — Até 2030, se não fizer, as sanções vem aí. No primeiro momento, sanção política, depois econômica, e num terceiro momento tem a sanção da força.

O governo federal adotou a meta de reduzir em 37% as emissões de gases de efeito estufa em 2025, em relação aos níveis registrados em 2005.

Nos anexos do documento apresentado à ONU, o país se comprometeu a fortalecer o Código Florestal, zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 e ampliar o manejo sustentável de florestas nativas, entre outras medidas.

Em outro trecho, assume-se como meta "restaurar e reflorestar 12 mil km² de florestas até 2030, para múltiplos usos". Isso equivale a menos de um terço da área do estado do Rio, que é de cerca de 44 mil km².

O obstáculo do 'Triplo A'

Em novembro, Bolsonaro contou que, em uma conversa com Ernesto Araújo, recomendou que o atual governo desistisse de sediar , em novembro de 2019, a Conferência do Clima da ONU (COP25). Para justificar seu argumento, mencionou a suposta existência do "Triplo A" :

— Eu recomendei que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque está em jogo o Triplo A nesse acordo. O que é o Triplo A? É uma grande faixa que pega do Andes, a Amazônia e Atlântico, de 136 milhões de hectares, que poderá fazer com que percamos a nossa soberania nessa área.

Bolsonaro alega que o corredor ecológico "Triplo A" foi discutido nos bastidores do Acordo de Paris, e que estaria implícito no tratado. Não há, porém, qualquer diplomata ou chefe de Estado que confirme isso.

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