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Como sobreviver à ceia de Natal após o climão no WhatsApp da família

Como sobreviver à ceia de Natal após o climão no WhatsApp da família

Decidimos reunir dicas para que a noite feliz não vire uma nova guerra entre bolsominions e petralhas

Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 00:58

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Thaís Duarte de Andrade teve problemas com familiares nas últimas eleições. (Marcelo Prest)

Dê o primeiro 'like' quem conhece alguém que pelo menos cogitou seriamente deixar pais, tios ou primos falando sozinhos no zap da família por causa das insuportáveis defesas a Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad. A depender do nível de algumas brigas no grupo do WhatsApp por causa da eleição de outubro, muitas famílias vão levar para a ceia de Natal, daqui a poucos dias, rabanadas, peru e... torta de climão! Por isso, decidimos reunir dicas para que a noite feliz não vire uma nova guerra entre bolsominions e petralhas.

Seja por motivos religiosos ou não, a noite do dia 24 de dezembro serve, em geral, para que as famílias se reúnam e compartilhem os bons sentimentos. Recorremos a duas especialistas em busca de sugestões sobre como blindar o evento natalino da parte ruim da discussão politica.

Em síntese, o recado de ambas é o seguinte: não há motivos para estragar a festa de ninguém por causa de Bolsonaro ou PT, afinal a eleição já passou, o mesmo sangue não significa que as pessoas sejam iguais e os laços familiares são muito mais nobres do que desavenças políticas e eleitorais.

A doutora em Psicologia Social pela USP Angelita Scárdua lembra que conflitos acabam sendo comuns em grandes reuniões familiares. Para evitá-los, é importante ter em mente que nos momentos de adversidade é a família que costuma oferecer todo o amparo.

"É importante pensar que há algo que nos conecta às pessoas da família, por mais que a gente não concorde com elas. A linha do tempo da história que nos une não é algo que a gente deva jogar pela janela. Não é porque somos da mesma família, com um DNA comum e o mesmo sangue, que somos iguais. Somos diferentes. É imaturo ou autoritário pensar que as pessoas devam concordar comigo", afirmou a especialista.

A psicóloga e terapeuta familiar Adriana Müller sugere que a ceia seja oportunidade para focar em outros temas. "Vale fazer um treinamento individual para focar no que une a família, no que realmente importa. Que o encontro tenha como foco a família, que falem de histórias legais, lembrem de eventos, mostrem fotos. Há muita coisa boa, não há motivo para ficarmos presos a uma divergência ou mal-estar", frisou.

Se as coisas tiverem passado de todos os limites na eleição, uma saída pode ser propor um acordo com os presentes para que ninguém fale das preferências políticas. O momento não é para isso.

"Que a gente vá com a intenção de ser agradável. Se acha que não esfriou a cabeça, se acha que vai chegar lá e não vai conseguir, duas coisas: ou nem vá ou vá e converse com os donos da casa. Diga que, se a conversa começar a entrar em um âmbito, vai se retirar", sugeriu Adriana.

"Nas eleições, achavam que o mundo ia acabar, que o Brasil ia virar uma Venezuela, que ia virar uma ditadura... passou! Sobrevivemos todos", resume Angelita.

SEM CLIMÃO

No grupo da família da advogada Thais Duarte de Andrade, 27 anos, foi ela mesma quem chutou o balde e apertou em "sair". Sentiu que o debate mais parecia uma "coação". A coisa foi ainda mais tensa porque parte dos familiares era ligada a partidos políticos, e aí tinham um combustível a mais para militar.

"Eu abstraía, falava nada. Aí começaram a falar que era caráter. Mas o fato de eu votar em fulano não quer dizer que sou mau caráter. Aí falaram que era por causa de religião, de 'falso puritanismo...", comentou.

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Depois da eleição, os primos já pediram desculpa, os perdões foram aceitos e a expectativa é boa para a confraternização de Natal. "Vai todo mundo passar o Natal no mesmo lugar. Acho que na minha família não vai ser tanto uma página virada. A família é muito política. Mas acho que hoje sei conviver melhor. Tem que relevar e abstrair. As piadinhas são inevitáveis, mas tem que tirar por menos", destacou.

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