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Emails detalham orientações feitas a influenciadores para elogiar petistas

Emails detalham orientações feitas a influenciadores para elogiar petistas

Empresas prometeram pagar influenciadores para elogiar candidatos do PT de forma massiva em redes sociais no período eleitoral

Publicado em 22 de dezembro de 2018 às 01:33

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( Rafael Ribeiro)

"Olá! Bom dia :) A pauta para hoje é um pouco diferente", escreveu a jornalista Carolina Barin, da Follow, empresa do deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG), em email a 90 influenciadores digitais em 14 de agosto.

Corrêa, que foi candidato ao Senado e não se elegeu, é alvo de duas ações eleitorais, abertas em São Paulo e em Minas, acusado de abuso no uso de meios de comunicação e abuso de poder econômico.

Suas empresas prometeram pagar influenciadores para elogiar candidatos do PT de forma massiva em redes sociais no período eleitoral.

Emails entregues por uma dessas influenciadoras ao Ministério Público Federal de São Paulo detalham como eles eram pautados. As postagens não identificam terem sido pagas, o que fere a lei eleitoral.

No dia 8 de agosto, a jornalista da Follow pautou os influenciadores com a sugestão de "criticar o governo e/ou a direita" de forma geral.

Mas, no dia 14 de agosto, veio o alerta de que a pauta seria "um pouco diferente". "Nós queremos emplacar uma hashtag nos trending topics do Twitter durante a tarde, #LulaZord", anunciou.

A ideia era levar aos assuntos mais relevantes do Twitter o registro da chapa petista à Presidência. Como de costume, o email trazia imagens e sugestões de memes.

"Nesse dia do Lulazord foi a primeira vez que recebi uma orientação específica sobre qual seria a pauta", afirmou a jornalista Barin à reportagem.

Ela diz que foi enganada e que chegou a questionar na empresa a legalidade da ação.

Segundo ela, Corrêa definia quem seriam os políticos alvo das publicações em cada dia e aprovava o conteúdo dos seus emails aos influenciadores.

A partir do Lulazord, cada email diário era dedicado a um candidato diferente.

Em 20 de agosto, Barin orientou: "A intenção da pauta de hoje é evidenciar a relação entre Lula e Luiz Marinho. Queremos produzir conteúdos leves e que humanizem a figura de Luiz Marinho".

O candidato petista ao governo de São Paulo também é acusado pelo Ministério Público em uma ação eleitoral.

No dia seguinte, o mote foi "O que é que o Lindbergh tem?". "Queremos um conteúdo leve e bem-humorado que apresente o candidato como a melhor opção para senador no Rio de Janeiro", escreve a jornalista.

Décio Lima (PT) em primeiro lugar nas pesquisas para o governo de Santa Catarina foi o tema sugerido no dia 22.

Em 23 de agosto, a pauta enviada pela Follow é "repercutir o vídeo que esclarece a decisão do Supremo Tribunal Federal que absolveu em 19 de junho a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) da acusação de corrupção e lavagem de dinheiro em um dos processos da Operação Lava Jato".

"Orientamos o uso das palavras Gleisi, inocente e absolvida", escreve Barin. O Ministério Público Federal do Paraná informou que há uma investigação instaurada para apurar se Gleisi se beneficiou do esquema de posts pagos.

No dia 25 de agosto, a ideia era enaltecer Wellington Dias (PT), governador do Piauí que foi reeleito. Sua campanha chegou a contratar a Fórmula e declarou pagamento de R$ 50 mil. Dias também é alvo de investigação eleitoral.

Procurado pela reportagem, o advogado de Miguel Corrêa, Sérgio Santos Rodrigues, afirmou que se manifestará quando tiver acesso às ações.

A assessoria de Wellington Dias informou que a equipe não tinha conhecimento do uso de influenciadores quando contratou a Fórmula.

A assessoria de Luiz Marinho informou que a empresa de Corrêa "ofereceu o serviço à campanha, que após teste optou por não contratá-lo".

A assessoria de Gleisi Hoffmann diz que a senadora "não pediu, contratou nem recebeu serviços das empresas mencionadas". Décio Lima afirmou que não contratou empresa de Corrêa. "Não sei de nada disso. Se ele fez, foi por ele".

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A assessoria de Lindberg Farias não respondeu.

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