O assassinato do ex-governador Gerson Camata abalou os capixabas, e pegou de surpresa familiares e amigos. Entre os que ainda custam a acreditar no que aconteceu está o ex-deputado José Carlos Gratz. Amigo pessoal de Camata e também de Marcos Venício Moreira Andrade - autor confesso do crime -, Gratz se mostrou duplamente surpreso.
Gratz sabia da mágoa entre Marcos Venício e Camata, mas afirma que jamais poderia imaginar que o amigo fosse capaz de tirar a vida do ex-governador.
"O pior no meu caso é que conheço Marquinho há 30 anos, convivo com ele praticamente todos os dias. Eu estou no mercado imobiliário e ele também, e a gente se encontrava todos os dias. Ele tinha certa mágoa de Camata, mas nunca disse que faria uma violência. Nunca vi Marquinho se quer levantar a voz. Quando eu soube desse episódio, que foi quase na frente da minha casa, eu não acreditei e ainda não consigo acreditar. Você gosta das duas pessoas e uma mata a outra estupidamente. Nunca imaginei na minha vida que Marquinho tivesse uma arma, nunca vi pessoa mais pacata do que ele", comentou.
Amigo de Camata antes mesmo da política, Gratz chegou a dividir uma república com o ex-governador. Do colega assassinado ficam as lembranças de um homem tranquilo e sempre cheio de histórias para contar.
"Minha relação com o Camata é diferente da de todos, porque fui colega dele de república por cinco anos, em 1970. Ele se elegeu deputado estadual e, gozador que era, me colocava para cuidar dos eleitores pedintes. Tivemos sempre um relacionamento da melhor qualidade, antes e depois da política. Nos encontrávamos quase toda semana, um time de aposentado, ia bater papo, e ele contando as histórias repetidas dele. O Espírito Santo perdeu, no meu modo de pensar, o maior político da república brasileira", encerrou.
O CRIME
Testemunhas relatam que era por volta das 17 horas quando Gerson estava próximo a uma banca, em frente a um restaurante. O assassino chegou, discutiram, e logo Camata foi atingido pelo único disparo que tiraria a sua vida. Uma equipe de resgate chegou a ser acionada por populares, mas o ex-governador morreu ali mesmo, na calçada.
Cerca de uma hora após o crime, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciava a prisão do assassino do ex-governador Gerson Camata. Marcos Venicio Andrade, 66 anos, ex-assessor da vítima, foi levado à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde confessou o crime.
Gerson Camata e Marcos Venício trabalharam juntos por cerca de 19 anos. A relação de confiança foi rompida de maneira conflituosa em 2009, quando Marcos denunciou suposto caixa 2 de Camata ao jornal 'O Globo'. Camata sempre negou as acusações e dizia que o ex-funcionário sofria de problemas psicológicos. No dia seguinte à publicação das denúncias de Marcos, Camata entrou na Justiça contra ele, alegando crimes de injúria ou difamação.
As acusações de Marcos foram consideradas sem substância pela Justiça, que acabou o condenado a pagar indenização a Camata. Por isso, o ex-assessor teve R$ 60 mil bloqueados na conta, o que, segundo a polícia, seria a motivação do assassinato.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta