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Casagrande integrou Conselho de Administração do BRB

Casagrande integrou Conselho de Administração do BRB

Ex-cúpula do Banco de Brasília está no centro da Operação Circus Maximus, deflagrada nesta terça-feira. Governador do Espírito Santo não é investigado

Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 21:17

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Governador Renato Casagrande . (Carlos Alberto Silva)

O governador Renato Casagrande (PSB), então sem mandato eletivo, integrou o Conselho de Administração do Banco de Brasília (BRB), de julho de 2015 a abril de 2018. O banco está no centro da Operação Circus Maximus, deflagrada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal nesta terça-feira (29). Casagrande não está entre os investigados.

O presidente do Banestes, Vasco Cunha Gonçalves, foi preso em Vitória, um dia após tomar posse no cargo, por determinação do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. O que motivou a decretação da prisão preventiva tampouco tem relação com o Banestes, até porque a atuação de Gonçalves no Banco do Estado do Espírito Santo, como se pode depreender, foi curta. 

Casagrande foi contemporâneo de Vasco Cunha Gonçalves no BRB. Era a época do governo de Rodrigo Rollemberg, também filiado ao PSB, no Distrito Federal.

De acordo com o estatuto do Banco de Brasília, o Conselho de Administração reúne-se uma vez por mês, preferencialmente de forma presencial. O jeton, uma gratificação recebida por Casagrande mensalmente, era de R$ 8.750,71. 

No dia 4 de dezembro de 2018, quando Casagrande, então governador eleito, anunciou Gonçalves como futuro presidente do Banestes, o próprio Vasco Cunha Gonçalves contou que a aproximação dos dois se deu no período em que o socialista integrou o conselho do BRB

Casagrande havia perdido a eleição de 2014, quando tentou a recondução ao Palácio Anchieta. E Rollemberg, garantido a vitória nas urnas. Houve um certo intercâmbio de nomes. Ao menos três integrantes do ex-governo casagrandista foram abrigados no DF. Além do próprio ex-governador, Fábio Damasceno (PSB), ex-secretário de Transporte e Obras Públicas, e Léo Carlos Cruz, ex-diretor-presidente da Ceturb, foram para o planalto central. 

Em 2018, ocorreu o contrário. Casagrande venceu e Rollemberg não obteve a reeleição. Assim, Damasceno voltou a chefiar a Setop no Espírito Santo a partir deste mês e Léo Carlos Cruz foi abrigado na mesma pasta, como gerente de transporte de passageiros, apesar de ter sido alvo de outra operação, a Trickster. 

O CONSELHO

Ainda de acordo com o estatuto do BRB, entre os deveres do Conselho de Administração estão eleger o diretor-presidente do BRB por indicação do governador; fiscalizar a gestão da diretoria colegiada do banco; designar e destituir os auditores independentes; aprovar a política de pessoal e deliberar sobre a distribuição de dividendos intermediários, entre outros pontos.

O conselho é composto por oito membros, "escolhidos entre cidadãos de idoneidade moral, reputação ilibada e de notório conhecimento compatível com o cargo". Eles têm mandato. "O mandato unificado dos membros do Conselho de Administração é de 02 (dois) anos, a contar da data da Assembleia Geral que os eleger, sendo permitidas até 3 (três) reconduções consecutivas", estabelece o estatuto.  O diretor-presidente do BRB, na época Vasco Cunha Gonçalves, é membro obrigatório.

O texto proíbe a indicação de dirigente estatutário de partido político, ainda que licenciado, para o Conselho de Administração. Casagrande é secretário-geral do PSB desde 2003, mas o estatuto tem vigência a partir de 18/5/2018, depois, portanto, da posse do socialista no colegiado.  

O OUTRO LADO

A reportagem procurou o governo do Estado para que o governador se manifestasse a respeito do período em que integrou o conselho do BRB, apesar de isso não constituir qualquer irregularidade. Mas até a publicação deste texto, não houve resposta. 

Quanto à indicação de Vasco Cunha Gonçalves para presidir o Banestes, o governo já divulgou nota em que destaca que o nome dele foi aprovado pelo Banco Central e que a investigação da Operação Circus Maximus, que até então estava sob sigilo, surpreendeu

O Banco Central, por sua vez, informou o seguinte: "O Banco Central não comenta situações específicas de instituição regulada". 

VASCO

Vasco é apontado pelo MPF como integrante de uma organização criminosa que agia no BRB. Ainda de acordo com do MP, ele teria recebido vantagens indevidas para facilitar a liberação de verbas por parte do banco. "Pelo menos em três ocasiões (encontro no Rock in Rio, encontro no hotel LSH e encontro no escritório da presidência do BRB), Vasco Gonçalves atuou diretamente no pedido de propinas". 

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Para o juiz Vallisney, a prisão preventiva de Vasco Gonçalves é necessária "a fim de que não atrapalhe as investigações nem faça pressão sobre nenhum outro membro do grupo que lhe está hierarquicamente abaixo" e ainda "a fim de recuperar-se os valores perdidos sem sua influência ou demonstração de dificuldade".

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