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Marcelo Santos evitou constrangimento para Casagrande

Marcelo Santos evitou constrangimento para Casagrande

Ao recusar convite para ser secretário de Estado de Esportes, deputado segue na Assembleia e fecha a porta para seu suplente, preso por estupro

Publicado em 11 de janeiro de 2019 às 03:14

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Marcelo Santos tinha convite para ser secretário de Esportes, mas decidiu permanecer no Legislativo. (Assembleia)

Estava tudo combinado desde o fim do ano passado: o deputado estadual Marcelo Santos (PDT) assumiria, em fevereiro, a Secretaria de Estado de Esportes no governo Renato Casagrande (PSB). No lugar dele, quem ficaria com a cadeira no Legislativo seria o primeiro suplente da coligação, o também deputado Luiz Durão (PDT). Mas, no último dia 4, Durão foi preso em flagrante, acusado de estupro. A partir daí, a ascensão do suplente à Casa passou a significar um custo político, tanto para Marcelo quanto para o governo, que seriam, indiretamente, corresponsáveis pelo destino de um preso ou recém-saído da cadeia.

Nesta quinta-feira (10), após conversa com Casagrande e com o secretário da Casa Civil, Davi Diniz, Marcelo Santos anunciou que vai permanecer na Assembleia, abrindo mão do cargo no primeiro escalão. "Queria tirar esse fardo tanto das minhas costas quanto das costas do governador", afirmou Marcelo, à reportagem. O Palácio também já vinha conversando com o PDT, "para tomar uma decisão em conjunto, aguardando o final do inquérito e o desenrolar (da situação de Durão) na Justiça", como destacou Diniz.

Como o caso de Durão ainda está em fase de inquérito, sem decisão judicial definitiva, nada, em tese, impediria o suplente de ficar com a vaga. O regimento da Assembleia prevê a posse em até 30 dias, prorrogáveis por igual período, e isso "salvo motivo de força maior ou enfermidade devidamente comprovada", situações para as quais não há prazo definido. Até lá, Durão poderia já estar em liberdade. Ou a prisão poderia ser considerada "motivo de força maior".

De qualquer forma, haveria um longo período para a definição da situação legal de Durão e a avaliação da possibilidade da segunda suplente, a ex-deputada Sueli Vidigal assumir (mas o presidente estadual do PDT, Sérgio Vidigal, disse, hipoteticamente, que ela nem assumiria). "Aí imagina a quantidade de sangue que ia sair do meu corpo", avaliou Marcelo Santos, referindo-se ao desgaste ainda maior que seria provocado.

FUTURO

O fato é que ao "tirar o fardo", Marcelo faz um favor ao governo. E agora começam as especulações sobre o que caberia ao deputado neste novo cenário. Líder do governo? Um lugar na Mesa Diretora? Hoje Marcelo já é vice-presidente da Assembleia. Pensando no futuro, uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCES)?

Davi Diniz garantiu que nenhuma contrapartida foi pauta da conversa. O secretário também confirmou que partiu de Marcelo o gesto de permanecer na Assembleia.

Quanto aos próximos passos, o deputado tergiversa: "Minha colaboração é no plenário, (liderança do governo) é decisão unicamente do governador". "E não tenho vaidade de ocupar espaço na Mesa, mas estou à disposição de ocupar algum espaço e à disposição do governo", complementou. Marcelo é aliadíssimo do presidente da Casa, Erick Musso (PRB), cotado para a reeleição. E foi a ele quem Marcelo primeiro comunicou sobre a decisão de permanecer no Legislativo. Nesta quinta, estiveram juntos em longa reunião.

Sobre vaga de conselheiro no TCES, pela qual demonstrou interesse num passado recente, Marcelo diz que, hoje, isso já não está em seu horizonte, "até porque nem tem vaga lá". Aliás, se houvesse a vaga hoje, a questão do suplente persistiria e seria um problema. "Mas, se no futuro, abrir a vaga e o Marcelo se disponibilizar a ocupar, vai precisar do governo", lembra um aliado.

Marcelo também deixou escapar: 'Pode ser que lá para adiante a gente volte a conversar sobre secretaria e eu vá até para o governo".

Por enquanto, é aguardar quem será o titular de Esportes. Interinamente, quem está à frente da pasta é Alessandro Comper, também filiado ao PDT. Ele contou que soube pela reportagem da decisão de Marcelo. O governo e o partido ainda vão conversar sobre a indicação de um novo nome.

ENTENDA O CASO

Prisão

O deputado Luiz Durão (PDT), de 71 anos, foi preso por estupro na última sexta-feira, dia 4. Ele foi flagrado ao sair de um motel, na Serra, acompanhado de uma jovem de 17 anos.

O que diz Durão

Em depoimento à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Durão afirmou que entrou no motel para usar o banheiro após sentir um "desconforto intestinal".

O que diz a vítima

Já a jovem afirma que houve relação sexual, o que foi confirmado pelo chefe da Polícia Civil, Darcy Arruda, após realização de perícia e exames. Ela afirma que não houve ameaça explícita ou violência por parte do deputado, mas diz ter ficado sem reação e que só cedeu às investidas por medo da "fama de matador" de Durão.

Preventiva

A prisão em flagrante foi convertida em preventiva no último sábado, dia 5. Apesar dos pedidos da defesa, a prisão foi mantida ontem.

Suplente

Primeiro suplente da coligação que elegeu Marcelo Santos à Assembleia, Durão ficaria com a vaga dele na Casa caso Marcelo assumisse a Secretaria de Esportes.

Mudança

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Nesta quinta-feira (10), Marcelo Santos anunciou que vai permanecer na Assembleia.

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