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Com saída de Bebianno, Planalto fica sem interlocução direta com Maia

Com saída de Bebianno, Planalto fica sem interlocução direta com Maia

A comunicação do governo com o presidente da Câmara dos Deputados passará a se restringir à equipe econômica

Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 23:25

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Com a saída do ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, a comunicação do governo de Jair Bolsonaro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passará a se restringir à equipe econômica.

O chefe da Secretaria-Geral era o único do primeiro escalão do Palácio do Planalto a falar diretamente com o presidente da Câmara, que é desafeto do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Aliados temem que isso possa prejudicar a articulação política do governo em projetos de peso, como a reforma da Previdência. 

Maia tem boa relação com o ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem conversa diariamente, e com o secretário da Previdência, Rogério Marinho. Na área política, porém, era Bebianno seu principal canal.

O parlamentar não tem mantido diálogo com Onyx, que articulou contra sua reeleição para o comando da Casa, e tampouco com o general Santos Cruz, à frente da Secretaria de Governo. As duas pastas são as responsáveis pela interlocução entre Executivo e Legislativo.

Bebianno tornou-se o centro de uma crise instalada no Palácio do Planalto depois que a Folha de S.Paulo revelou a existência de um esquema de candidaturas de laranjas do PSL, presidido pelo ministro entre janeiro e outubro de 2018.

Depois, foi criticado publicamente pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos do presidente, além de ter sido chamado de mentiroso pelo próprio presidente.

Sua exoneração foi confirmada no final da tarde desta segunda-feira (18).

Ao longo da semana passada, Maia se movimentou para evitar a saída de Bebianno do cargo, telefonando para Guedes para tentar apaziguar a crise e dando declarações defendendo o ministro.

Ele colocou na mesa a aprovação da reforma da Previdência, mas o chefe da equipe econômica não se mobilizou.

Parlamentares do PSL aconselharam Bolsonaro a não comprar briga com o presidente da Câmara às vésperas da apresentação do projeto que mudará as regras de aposentadoria, considerado crucial para o governo.

Além disso, dizem que o governo tem mais a perder do que Maia numa disputa de poder, já que ele tem o poder de pautar a votação da reforma.

Aliados do presidente da Câmara, porém, avaliam que não haverá impacto na tramitação da Previdência e avaliam que se trata de "fofoca" o temor de que ele pudesse segurar a tramitação caso se sinta ameaçado pelo Planalto. Um dos principais defensores da mudança nas aposentadorias desde o governo de Michel Temer, o parlamentar tem mostrado disposição de tocá-la independente da relação com o governo.

Mas deputados do partido de Jair Bolsonaro veem com preocupação o impacto da crise no Congresso, para além de Maia.

Segundo eles, a ingerência de Carlos no governo federal para ajudar a fritar Bebianno publicamente causou estremecimento nas relações entre Poderes.

Não tanto por causa da figura do ministro, apesar de deputados ouvidos pela reportagem o classificarem como um dos aliados mais "afáveis" de Bolsonaro, mas porque surgiu desconfiança com relação à disposição do Planalto de jogar aos leões seus aliados, mesmo os de primeira hora.

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Eles temem que possa haver ação parecida contra outros aliados do presidente se isso desagradar o filho.

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