> >
Dois governadores, duas fotos e uma mesma obra no ES; entenda

Dois governadores, duas fotos e uma mesma obra no ES; entenda

Em um intervalo de cinco meses, Paulo Hartung (sem partido) e Renato Casagrande (PSB) estiveram no mesmo local para tratar da mesma obra

Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 03:42

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Renato Casagrande, no mesmo local, assina ordem de serviço da segunda etapa. (Hélio Filho/Secom)

Caneta na mão, sorriso congelado e aquela olhada para a câmera antes do autógrafo derradeiro. Em um intervalo de cinco meses, Paulo Hartung (sem partido) e Renato Casagrande (PSB) estiveram no mesmo local, em Marataízes, e trataram da mesma obra, a da reurbanização da orla da Praia Central.

Além da pose, tudo é parecido. O palco, o riso de comemoração do prefeito Tininho Batista (PDT), os respectivos secretários de Desenvolvimento Urbano dos governadores a tiracolo e lideranças aliadas preenchendo o palanque. As fotos estão publicadas no site oficial do governo do Estado.

Em 14 setembro do ano passado, Hartung levou sua comitiva a Marataízes para assinar a ordem de serviço para a primeira etapa da obra, estimada em R$ 4,4 milhões. Mas anunciou, ao todo, R$ 14 milhões. “Estamos liberando, ao todo, R$ 9,5 milhões para que a prefeitura possa executar a segunda fase”, anunciou, na ocasião. Em 19 de outubro, o convênio que garantiria a segunda etapa foi finalmente celebrado pelo governo.

Só que antes da obra poder começar, Casagrande tomou posse e decretou a suspensão dos convênios firmados nos últimos três meses da gestão passada para passar um pente-fino. O de Marataízes foi alcançado. Semanas depois da revisão, foi reativado e, no último sábado, lá estava Casagrande para a ordem de serviço, nos moldes do convênio de outubro passado.

Paulo Hartung, em setembro, avaliza primeira etapa de obra em Marataízes. (Leonardo Duarte/SECOM)

O secretário estadual de Governo, Tyago Hoffmann (PSB), assevera: a suspensão e posterior reativação desse e de outros convênios não é mera vaidade política.

Ele elenca três razões centrais para os sobrestamentos. A primeira é seguir o decreto e a lei que regulamentam convênios e fazê-los em parcelas. Outra é checar se o convênio feito no último trimestre é a prioridade da cidade e se aquilo foi uma demanda recebida pelo governador na campanha. “Precisávamos confirmar a aderência das obras com aquilo que foi combinado pelo governador com a população”, disse. Por fim, diz que era necessário analisar se as obras devem ser feitas via convênios ou assumidas pelo Executivo estadual.

E quanto a Marataízes, o que precisou ser analisado? “Sabíamos que tinha um convênio, mas não sabíamos o que era. Ficamos sabendo do que se tratava, confirmamos a aderência dele com os propósitos do governador e da população. Se não fosse uma obra relevante, talvez não teria sido reassinado”, respondeu Hoffmann.

E o que o governo passado achou da assinatura da ordem de serviço após a suspensão do convênio? “Confesso que quando vi a segunda foto não fiquei triste. Quem tem que receber o benefício é a população. Fico triste de quererem passar a imagem de ter sido construído por ele. Pelo contrário, foi criticado por ele, que tomou a decisão sem analisar caso a caso”, afirmou Marcelo Oliveira, ex-secretário da Sedurb, na foto com Hartung.

Apesar do período de suspensão, os trâmites para obra continuaram e os atos do governo anterior não foram sepultados. Para o economista e especialista em políticas públicas da Ufes Aminthas Loureiro Junior, a continuidade deve ser o foco dos gestores.

Este vídeo pode te interessar

“Não pode ter descontinuidade. Para a população, não importa quem é o gestor. Importa a obra pronta”, frisou. Ele considera saudável a fiscalização de atos de gestores anteriores pelos novos, “desde que isso não interrompa as políticas públicas”. O especialista também considera legítima a busca por capital eleitoral com as realizações, se respeitados critérios técnicos e éticos.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais