> >
Partido de Magno Malta perde poder no Espírito Santo

Partido de Magno Malta perde poder no Espírito Santo

Magno Malta está sem mandato. Partido não tem deputado estadual e só possui uma federal

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 02:42

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

Como se reerguer diante da perda de tantos quadros políticos significativos? A resposta para essa pergunta ainda é motivo de dúvidas nos bastidores, mas o fato é que o Partido Republicano (PR), liderado regionalmente pelo ex-senador Magno Malta, perdeu fôlego nas últimas eleições. A mesma sigla que há alguns anos já teve em mãos a Prefeitura de Vila Velha, uma vaga na Assembleia Legislativa e outra no Senado elegeu apenas Lauriete para a Câmara Federal em 2018. Seu desafio, agora, é se reinventar.

A dupla derrota de Magno Malta – que além de perder a reeleição ao Senado, também não conseguiu ocupar nenhum cargo no governo de Jair Bolsonaro (PSL) – foi marco definitivo para a desidratação do PR, segundo a análise do cientista político Francisco Albernaz. “Esses cargos atrairiam para o partido aspirantes, visando a possibilidade de conseguirem postos para o governo e recursos para o partido”, explica ele. 

O também cientista político Fernando Pignaton concorda. “O PR se organizou em torno de Magno no Estado. Ele estava tendo uma projeção nacional, mas acabou perdendo espaço. Fabiano Contarato (senador eleito pela Rede) conseguiu interpretar melhor os anseios da população que vinham desde os protestos de 2013”, avalia.

Mas além de Magno, o PR também amargou outras importantes perdas. Gilsinho Lopes, que ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa, tentou, sem sucesso, uma vaga na Câmara Federal. Hoje é assessor de Políticas Públicas na Secretaria de Estado da Justiça.

O partido também já não conta mais com Neucimar Fraga (agora no PSD), que assumiu a Prefeitura de Vila Velha em 2008 pelo PR, mas deixou a sigla em 2013. Entre os motivos para sua retirada estariam discordâncias com Malta. Atualmente, nenhum prefeito no Estado integra o Partido Republicano. Já no cenário nacional, a sigla possui 33 deputados federais (um a menos do que até o final de 2018) e dois senadores (dois a menos que no quadro anterior).

Para Albernaz, a queda do partido em termos de representação política pode também afastar seus correligionários. “A própria grife do partido deixa de ser interessante porque ela perde poder de barganha com quem está no poder”, explica. O professor analisa também que mesmo com o empenho de Magno para fortalecer o partido regionalmente, será preciso lutar contra a nova realidade do jogo político.

“Houve uma renovação muito grande no Legislativo e no Executivo e alguns desses novatos estão em condições de competir com os derrotados. Por isso, a volta de Magno não é certa. Ele está sem cargo, sem lugar. A própria carreira política dele está em jogo”, pontua Albernaz.

Eleita deputada federal pelo PR, Lauriete teve sua imagem atrelada à de Magno Malta, com quem já foi casada, mas agora está em processo de divórcio. A deputada permanece no partido, mas já adiantou que quer construir um mandato com mais independente. Como isso afetará o partido, é outra questão ainda a ser respondida.

“Sem Magno ela terá que construir o próprio caminho e criar redes. Será difícil reconstruir os recursos que o PR já teve em termos de candidatos, votos e pessoas”, diz Albernaz.

OTIMISMO

Por outro lado, o presidente do PR em Vila Velha, vereador Heliossandro Mattos, aposta na união das forças internas para auxiliar o partido. “Na política não existe morte, há sempre um recomeço”, diz ele, que não acredita que a quebra da aliança pessoal entre Magno e Lauriete prejudicará o partido. “Uma coisa é uma relação afetiva, outra é ter uma representação de mandato, é estar no parlamento”, argumenta.

De acordo com o vereador, a executiva do partido no Estado ainda não se reuniu para definir novos rumos, mas isso será necessário. “Estou aguardando o senador Magno Malta terminar o tratamento médico em Brasília. Temos que nos reunir internamente, os que perderam e os que têm mandatos, para avaliar o processo eleitoral e depois tomarmos decisões”, pondera.

Mas nos bastidores, há quem não acredite que Malta conduzirá o processo de reformulação do partido. “Magno não tem perfil de construir partido. Se depender dele, o PR não se recupera. A Lauriete, que não era do partido até pouco tempo, também não constrói. É preciso que surja uma nova liderança com gás, com vontade e com mandato”, analisa um político do Estado, próximo ao PR.

Este vídeo pode te interessar

 

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais