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Tratamento usado em cantora Simony levou a processo contra Paulo Lessa

Tratamento usado em cantora Simony levou a processo contra Paulo Lessa

Paulo Lessa chegou a recorrer da punição ao Conselho Federal de Medicina (CFM), mas teve o recurso negado

Publicado em 21 de março de 2019 às 21:52

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(Instagram)

Punido pelo Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) com a pena disciplinar de censura pública, o médico Paulo Lessa passou a ser investigado após falar publicamente sobre procedimentos estéticos usados com a cantora Simony, uma de suas pacientes. As informações estão no processo respondido por ele junto Conselho profissional, ao qual a reportagem do Gazeta Online teve acesso.

Paulo Lessa chegou a recorrer da punição de censura pública ao Conselho Federal de Medicina (CFM), mas teve o recurso negado, conforme julgamento do dia 12 de dezembro de 2018.

No processo, o CRM concluiu que o mencionado "tratamento que faz com a mitocôndria" - parte microscópica da célula relacionada à produção de energia - não tem comprovação científica e não é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina.

Lessa falou sobre os procedimentos usados com a cantora em uma reportagem de jornal, publicada em 2015. "O denunciado expôs paciente em matéria publicada em jornal como meio de exposição de tratamento médico de forma sensacionalista e obtendo vantagem com a divulgação (...) Deixa transparecer o caráter de ineditismo no seu tratamento quando se refere a tratamento com mitocôndrias, sem fundamentação científica e sem reconhecimento pelo CFM", diz o texto do acórdão, ainda de abril de 2017.

Os conselheiros do CRM, no entanto, consideraram que poderia ter havido algum erro na interpretação das informações repassadas pelo médico à publicação e não o puniram por divulgação desse tipo de tratamento. Nesse ponto específico, a decisão foi apertada, com o voto de minerva do presidente do Conselho. Outras infrações foram atestadas, porém, como a de expor a paciente e de divulgar assunto médico de forma sensacionalista. O conteúdo tinha uma foto dele ao lado de Simony, famosa artista dos anos 1980.

Paulo Lessa chegou a alegar que foi ela quem buscou a exposição, por "marketing pessoal", e que ele acabou sofrendo consequências da exposição pretendida pela artista. Simony foi incluída no processo como testemunha, mas não compareceu para dar esclarecimentos ao CRM.

Procurada pela reportagem, Simony disse que divulga vários médicos nas redes sociais dela e que Lessa só foi alvo de punição porque "ele tem notoriedade". "Ele não falou nada demais e continua sendo meu médico até hoje. Ele é um médico maravilhoso, mudou a minha vida", disse, nesta quinta-feira (21). A exposição de paciente é vedada pelo Código de Ética Médica, ainda que expressamente autorizada pelo paciente.

"Por mais incrível que possa parecer, o denunciado mesmo tendo conhecimento de que estava sendo processado por práticas não reconhecidas pelo CFM, em uma das vezes em que foi notificado para depor neste CRM, justifica sua impossibilidade de comparecer por estar na data pré-agendada em um encontro em Foz do Iguaçu, onde foi buscar conhecimento, exatamente, sobre esta prática, como por exemplo, modulação hormonal bio idêntica, fazendo anexar aos autos comprovante do evento e artigos sobre doenças mitocondriais, entre outros, o que demonstra sua disposição de adotar estas práticas condenadas", frisou o relator do caso, no voto.

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Paralelamente à apuração, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) formalizou denúncia ao CRM contra "divulgação de tratamentos sem fundamentação científica" e uso, em peças promocionais, de termos vetados pela ética médica, como "modulação hormonal, longevidade e performance". Lessa e a matéria em questão foram citados na denúncia.

O médico também foi punido por exposição em exagero de pacientes, divulgando detalhes dos tratamentos sem propósitos científicos.

A SBEM também apontou que Lessa apresentava-se como especialista sem de fato ser habilitado para. Em sua badalada conta no Instagram, chegou a escrever "Médico-Nutrologia" e "Nutriendocrinologia" - esta sequer existe.

Em depoimento ao CRM, Lessa confirmou não ter especialidade, residência ou registro em Sociedade Médica. Alegou ter um curso de especialista em Nutrologia, de 2014, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Disse, também, que não se anunciou como nutrólogo ou nutriendocrionologista, apenas usou os termos "nutrologia" e nutriendocrionologia".

Procurado novamente nesta quinta-feira, Paulo Lessa não deu retorno. O CRM também foi procurado oficialmente para se manifestar sobre o caso, mas, por meio da assessoria de imprensa, informou que não fará comentários.

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A pena de censura pública, aplicada ao médico Paulo Lessa, não afeta o exercício da medicina. 

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