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Após sete horas, chega ao fim audiência do caso Gerson Camata

Após sete horas, chega ao fim audiência do caso Gerson Camata

A ex-deputada federal Rita Camata, viúva do ex-governador, prestou depoimento na condição de informante. Audiência continua nesta terça-feira

Publicado em 23 de abril de 2019 às 00:39

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Rita Camata chegou ao Fórum Criminal de Vitória no início da tarde desta segunda. (Fernando Madeira)

O primeiro dia da audiência de instrução do processo referente ao assassinato do ex-governador Gerson Camata chegou ao fim por volta das 20h40 desta segunda-feira (22), após cerca de sete horas de depoimentos. 

Todas as oito testemunhas foram ouvidas. Além delas, a ex-deputada federal Rita Camata (PSDB), viúva do ex-governador, que chegou a ir às lágrimas durante o depoimento ao juiz Felipe Bertrand, da 1ª Vara Criminal de Vitória. Formalmente, ela atua no processo como assistente de acusação e foi ouvida na condição de informante.

O político foi assassinado no dia 26 de dezembro por Marcos Venicio Moreira Andrade, um ex-assessor que confessou o crime e está preso preventivamente. Marquinhos, como é conhecido, foi levado do ao fórum, mas os próprios advogados o dispensaram.

Após sete horas, chega ao fim audiência do caso Gerson Camata

As oitivas continuam nesta terça (23), com depoimentos das testemunhas selecionadas pela defesa. Somente depois delas Marcos Venicio será formalmente ouvido pelo juiz.

RITA CAMATA

Em depoimento, Rita Camata confirmou as informações dadas por ela à polícia, na fase do inquérito. Disse ter ouvido de pessoas próximas que Marcos pretendia matar o ex-governador por estar insatisfeito com um bloqueio judicial em suas contas, causado por decisão que o obrigou a pagar indenização por danos morais a Gerson Camata

"O depoimento dela foi doloroso, sofrido. Foi um dia difícil para ela", afirmou Renan Sales, um dos advogados de Rita. "O depoimento dela mostrou como as consequências do crime foram drásticas para a família", frisou Ludgero Liberato, outro advogado da família Camata.

A ex-deputada chegou ao fórum pela garagem, evitando a imprensa. Interlocutores dela disseram que ela conta cada um dos dias sem o marido e que ainda não consegue falar tranquilamente sobre o ocorrido.

Para os advogados da ex-deputada, os relatos das testemunhas demonstraram que o assassinato não foi resultado de discussão ríspida, mas de um crime premeditado.

"Restou confirmado todo o conjunto probatório que continha no processo, no sentido de que o acusado é autor do disparo, de que o homicídio foi praticado de forma torpe e de que a vítima foi alvejada de forma inesperada, sem chance de se defender", afirmou Renan Sales, um dos advogados da família Camata.

"A prova que foi produzida, no que diz respeito às testemunhas oculares, presenciais, foram muito positivas. Minha leitura é a de que essa prova das testemunhas presenciais até tornaram desnecessário todo o restante que foi produzido", disse Ludgero Liberato, outro advogado.

Procurada pela reportagem do Gazeta Online, a defesa de Marcos Venicio Moreira Andrade o preferiu não se manifestar.

UM DIA A MAIS

A segunda parte da audiência, para oitiva das testemunhas de defesa, marcada para esta terça-feira, pode ser estendida por mais um dia.

É que a defesa de Marcos Venicio adiantou que uma das depoentes foi submetida à cirurgia e, portanto, não pode comparecer neste terça ao fórum. Ao receber o pedido formal da defesa para marcação de nova data, o juiz do caso poderá acolher ou não a solicitação.

Se acolher, uma nova data será marcada para o depoimento da testemunha. Só depois dela o réu prestará seu depoimento. Hoje, portanto, sete das oito testemunhas de defesa deverão ser ouvidas.

DEPUTADO ESTADUAL E ÁUDIO

Uma das testemunhas de acusação foi o deputado estadual Danilo Bahiense (PSL). Delegado aposentado, foi ele quem realizou a prisão de Marcos Venicio, pouco depois do crime, ainda na Praia do Canto, Vitória.

O parlamentar ofereceu aos autos um áudio que recebeu dias depois do assassinato. Na gravação, um homem conta que encontrou casualmente com Marcos Venicio na manhã do crime e, no encontro, o réu teria dito a ele que "se Camata foi homem para tomar meu dinheiro, é homem para morrer".

Esse documento não está formalmente no processo. Os advogados de Rita não pediram a juntada do áudio ou a localização do homem por entenderem que a investigação da Polícia Civil foi suficiente e esclarecedora. De acordo com Bahiense, a pessoa é conhecida e pode ser identificada.

Entre as perguntas feitas ao deputado pela defesa, uma sobre o vídeo de Marcos Venicio feito pela polícia na delegacia, após a prisão. Os advogados queriam saber se a gravação, na qual o assassino aparece confessando o crime e citando o bloqueio de recursos, havia sido autorizado pelo detido.

"Não preciso dizer para a pessoa que estou gravando. Se sou o interlocutor, posso gravar. A polícia sempre grava. Também perguntaram se ele foi coagido, espancado, torturado. Claro que não", contou o deputado. 

TESTEMUNHAS DE DEFESA

 As testemunhas escolhidas pela defesa são:

1. Antonio Alves Pereira.

2. Antônio Carlos Cruz Franco.

3. Clóvis Menescau.

4. Gripina Maria

5. Elio Virgilio Pimentel.

6. João Nunes

7. Márcia Araújo Rangel.

8. Tamina Matos Brandão

PRÓXIMAS ETAPAS

A fase de audiência de instrução antecede o julgamento. Após ouvidas todas as testemunhas, acusação e defesa fazem as alegações finais.

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Caso o juiz responsável pelo caso entenda que existem provas sobre o cometimento do crime e também vislumbre indícios de autoria, ele ordena, por meio de uma sentença de pronúncia, que o réu vá a júri popular. A defesa também pode recorrer da decisão de pronúncia.

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