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Cem dias de governo: segurança é desafio para Casagrande

Cem dias de governo: segurança é desafio para Casagrande

Apesar da redução de homicídios, ES enfrenta problemas com presídios lotados e ação do tráfico. Além disso, associações de classe da Polícia Militar e da Polícia Civil pressionam por reajuste salarial

Publicado em 10 de abril de 2019 às 02:17

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Governo implanta Programa Estado Presente. (Ademir Ribeiro/Secom)

Apesar de os números de homicídio continuarem na tendência de queda, os cem primeiros dias do governo de Renato Casagrande (PSB) mostraram que a segurança pública segue como uma área sensível.

Até março deste ano, foram 283 assassinatos. É o menor número para o período em 23 anos e queda de 13,5% na comparação com os mesmos meses de 2019.

Por outro lado, os números contrastam com uma sobreposição de registros de armas de alto poder de destruição encontradas ou maciçamente disseminadas em vídeos por bandidos em redes sociais e com desespero de famílias acuadas por tiroteios em morros de Vitória.

Há, ainda, uma “bomba-relógio” nos presídios, como o próprio governador definiu. A situação do sistema penitenciário fez Casagrande levar o panorama pessoalmente ao ministro da Justiça, Sergio Moro, a criar uma força-tarefa para tratar do tema e a estudar a reativação do antigo Presídio da Glória, em Vila Velha.

INSATISFAÇÃO

Em meio a tudo isso, Casagrande convive com uma permanente insatisfação de setores das polícias. Primeiro, a militar. Embora os grevistas de 2017 tenham sido contemplados com uma ampla anistia administrativa, eles insistem por melhorias salariais e “valorização profissional”.

Mais recentemente, os policiais civis esbravejaram e disseram “unidos” aos pleitos dos colegas militares. Foram autorizados por deputados estaduais a usar a tribuna da Assembleia para disparar queixas contra o governo.

Houve ameaças de “colapso da segurança pública” e acusações de “pedalada fiscal” porque a Secretaria da Fazenda pediu R$ 4 milhões do fundo de aparelhamento da Polícia Civil para usar em outras áreas.

Policiais acompanharam aprovação da anistia administrativa em sessão na Assembleia. (Tati Beling/Ales)

Nesta terça-feira (09), o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, pôs panos quentes nas reclamações. “Há diálogo permanente, atendendo as associações, ouvindo suas angústias. Mas sempre reforçando que está no terceiro mês, e que há alguns engessamentos, principalmente na questão fiscal”, afirmou.

Doutor e professor do mestrado de Segurança Pública da UVV, Pablo Lira avalia positivamente a retomada do programa Estado Presente para o combate à violência. Sobre as críticas das classes policiais, diz que os servidores saberão reconhecer o cenário econômico. “A grande maioria tem essa consciência. Temos que aguardar as questões econômicas para os diálogos avançarem. O momento é de prudência no Estado e no Brasil”, disse.

ESCORREGÕES

No período de cem dias, o governo sofreu alguns escorregões. Em pleno ambiente de tensão com a PM, por exemplo, errou um cálculo sobre o impacto das mudanças nas normas previdenciárias dos policiais e bombeiros militares. Em vez de prejuízo de R$ 35 milhões, reportagem de A GAZETA mostrou que as mudanças permitirão cerca de R$ 100 milhões a mais na arrecadação.

Também soaram negativamente algumas nomeações patrocinadas por Casagrande e escolhas feitas para a composição da equipe de governo.

No dia seguinte à posse como presidente do Banestes, Vasco Gonçalves foi preso pela Polícia Federal. Contra ele pesam suspeitas de fraudes na instituição que comandou antes de ser chamado por Casagrande, o Banco de Brasília (BRB).

Antes disso, o governo pretendia emplacar José Paulo Viçosi, o Frei Paulão (PSB), como subsecretário de Agricultura. Reportagem de A GAZETA lembrou que o político de Muqui havia sido impedido de assumir a prefeitura daquela cidade porque foi enquadrado na Ficha Limpa e, apesar disso, ganharia cargo estratégia na gestão estadual.

Os três meses também fizeram com que Casagrande trabalhasse politicamente para emplacar o então presidente do partido dele, o PSB, no cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas.

O secretariado de Casagrande tem uma expressiva parcela de filiados ao PSB. A escolha de socialistas para outros cargos, como os de superintendente regionais de Educação, também causaram desconforto.

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Na última semana, outra ação do governo foi vista com ressalvas por especialistas. Ao realizar a cerimônia de posse da nova diretoria da Associação dos Municípios do Estado dentro do Palácio Anchieta, Casagrande assinou projeto de lei para autorizar prefeitos a usarem parte dos recursos provenientes de royalties para despesas de custeio.

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