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Duas pessoas presas e três secretários de Vargem Alta afastados

Duas pessoas presas e três secretários de Vargem Alta afastados

Ex-secretário de Administração mandou mensagens sobre incineração de documentos, mas o plano não deu certo. "Guardou e levou para a casa dela. Maldade. E ela me confirmou que queimou na churrasqueira"

Publicado em 12 de abril de 2019 às 20:24

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Duas pessoas foram presas e cinco funcionários da prefeitura de Vargem Alta, na região serrana, foram afastados durante a Operação Quimera, deflagrada pelo Ministério Público Estadual (MPES) nesta sexta-feira (12). Eles são suspeitos de envolvimento no esquema de fraude na contratação de empresas para prestar serviços e compra de peças para veículos e máquinas da prefeitura. O valor do prejuízo aos cofres públicos não foi divulgado.

A ação, que começou por volta das 6h, teve o objetivo de cumprir dois mandados de prisão preventiva - em Cachoeiro de Itapemirim e em Vargem Alta - e oito de busca e apreensão. O promotor Daniel de Andrade Novaes revelou que esta operação é o desdobramento de outra ação, que ocorreu em 2018 em Vargem Alta, em que o alvo era a fraude no licenciamento ambiental.

Na época, o secretário de Administração, Altair Franco de Moraes, que já estava afastado de suas funções por ordem da Justiça, foi detido. Ele foi preso novamente nesta sexta-feira em Vargem Alta por estar envolvido na nova fraude.

“Nos autos desta investigação - de 2017- foram apreendidos documentos e principalmente mídias de celulares. No celular apreendido de um dos investigados da época, o secretário de Administração do município, indícios fortes apareceram de um outro grupo de pessoas, uma outra organização que atuava principalmente na secretaria de Administração, desviando dinheiro público proveniente de contratos em serviços de manutenção veicular de máquinas, equipamentos e fornecimento de autopeças”, contou o promotor.

POLICIAL 

Também foi detido durante a operação o policial civil aposentado Alexander Pedruzzi Robles. Ele foi candidato a prefeito de Vargem Alta nas eleições de 2012 e esposa dele, que atualmente era secretária de Assistência Social, foi afastada do cargo.

“Ela estaria envolvida nesse esquema, assim como os outros funcionários afastados. Pois teria que haver uma divisão de tarefa para que o esquema fosse possível, ainda não sabemos como era a divisão de valores entre eles”, explicou o Promotor.

Os outros funcionários afastados são os secretários de Obras e de Turismo e duas funcionárias que atuavam na secretaria de administração.

A FRAUDE

De acordo com o Ministério Público, uma testemunha narrou ter presenciado o modo da operação. “Empresas que ganhavam a licitação e eram contratadas a preços altos, diga-se, superfaturados, eram contratadas. Eles terceirizavam esse serviço ilicitamente com o conhecimento dos agentes públicos envolvidos para empresas que prestavam por valores inferiores”, contou o promotor Daniel Novaes.

Novaes ainda revelou que os valores que sobravam eram divididos entre as pessoas envolvidas no esquema. “A empresa contratada pelo município era a que era efetivamente paga e a diferença de valores era dividida entre aqueles integrantes. Há também indícios e depoimentos no sentido de que os próprios integrantes dessa organização se favoreciam diretamente dos serviços das empresa contratadas que ao invés e prestados em veículos públicos eram prestados em seus veículos particulares”, explicou.

"ENTREGUEI PARA ELA QUEIMAR"

Documentos citados pelos investigados. (Divulgação)

O celular do ex-secretário de administração Altair Franco de Moraes foi apreendido. O MPES encontrou mensagens trocadas entre ele e o policial civil aposentado Alexander Pedruzzi Robles. Nas mensagens eles se referem a documentos que teriam sido entregues a uma terceira pessoa para serem incinerados.

Em alguns trechos Altair diz: “Peguei na casa daquele pessoal.... Mais de 130 documentos... Entreguei para ela queimar para mim aqui em casa. Guardou e levou para a casa dela. Entendeu. Maldade … E ela me confirmou que queimou na churrasqueira”.

A pessoa que estava com estes documentos foi xingada de diversos nomes.

DEFESA 

Na casa do policial civil aposentado Alexander Robles foram apreendidos diversos documentos, eletrônicos, inclusive um CPU que foi localizado sobre o telhado do terraço de sus residência. Ele disse que é inocente. “Essa é uma questão política, vingança política. Esse é o computador que a minha filha usa para fazer trabalho de escola. Tudo tem que ser extraído e vai ver que não há nada”, afirmou.

A reportagem entrou em contado com a defesa do ex-secretário de administração, mas não conseguiu contato até o fechamento desta matéria. Também entrou em contato, por telefone, com os secretários afastados, mas os telefones deles estavam desligados. 

PREFEITURA 

A prefeitura de Vargem Alta foi questionada se havia sido notificada do afastamento dos funcionários e sobre a fraude, mas se limitou a dizer que tomou conhecimento através da imprensa sobre a deflagração da Operação “Quimera”, realizada pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo. E ainda que não houve qualquer ato para cumprimento de diligências nas dependências da Prefeitura Municipal de Vargem Alta.

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Esclareceu que todos os procedimentos administrativos do Município de Vargem Alta são realizados em estrita observância aos parâmetros legais vigentes. E que o município aguarda a conclusão das investigações e se mantém à disposição da Justiça para colaborar com as investigações e prestar quaisquer esclarecimentos que possam ser necessários à elucidação dos fatos.

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