Após o presidente Jair Bolsonaro ter feito uma espécie de advertência nesta segunda-feira, 22,ao escritor Olavo de Carvalho, foi publicado um vídeo nesta terça-feira, 23,em que o guru bolsonarista diz que sua avaliação das Forças Armadas e da sua atuação no regime militar é uma tese histórica absolutamente irrefutável e que generais incultos e presunçosos não podem contestá-la, e dessa forma tentam reduzi-la a uma conspiração jornalística contra as suas augustas pessoas.
Em vídeo publicado no último domingo no canal do YouTube do presidente, que foi apagado horas depois, Olavo fez críticas aos militares, o que gerou uma reação do vice-presidente Hamilton Mourão. Qual a contribuição das escolas militares à alta cultura nacional? As obras do Euclides da Cunha. Depois de então, foi só cabelo pintado e voz impostada. E cagada, cagada, diz Olavo no vídeo. Em resposta, Mourão afirmou na segunda que o escritor deveria se concentrar no exercício de função de astrólogo, por ser a qual ele desempenha bem. Ao fim do dia, em nota, Bolsonaro afirmou que as recentes declarações do escritor não contribuem para o projeto de governo.
Também envolvido na polêmica com Mourão, o filho do presidente Carlos Bolsonaro voltou a postar sobre o vice na noite desta terça-feira. Por volta das 19h, o vereador carioca publicou em seu Twitter imagem do que seria uma notícia publicada sobre o atentado a faca contra Bolsonaro, em que há uma aspa atribuída a Mourão, em que o vice teria afirmado: Esse troço já deu o que tinha que dar. É uma exposição que eu julgo que já cumpriu sua tarefa. Ele [Bolsonaro] vai gravar vídeo do hospital, mas não naquela situação, não propaganda. Vamos acabar com a vitimização, chega".
Em cima da imagem, Carlos afirma que o tal de Mourão, no fatídico dia em que Bolsonaro foi esfaqueado, disse que aquilo tudo era vitimização. Naquele fatídico dia em que meu pai foi esfaqueado por ex-integrante do PSOL e o tal de Mourão em uma de suas falas disse que aquilo tudo era vitimização. Enquanto um homem lutava pela vida e tentava impedir que o Brasil caísse nas garras do PT, queridinhos da imprensa opinavam, afirma Carlos na postagem. Ainda mais recentemente, por volta das 20h10, o político postou: Nunca foi por briga e sim pela verdade, sem mencionar Mourão.
Mais cedo, o vice disse à imprensa que todo mundo emite sua opinião, e que quando um não quer, dois não brigam. Eu sei de todas as angústias, as perguntas que vocês (jornalistas) querem fazer. É o seguinte: calma, todo mundo emite sua opinião, tal e coisa. Então, a minha mãe sempre dizia uma coisa, quando um não quer dois não brigam, disse o vice, afirmando que essa é a sua linha de ação. Vamos manter a calma, disse.
A jornalistas, o porta-voz da Presidência da República, general Rêgo Barros, disse no fim da tarde desta terça que o presidente quer colocar um ponto final na desavença pública entre o filho e Mourão. Apesar disso, o porta-voz não respondeu se o presidente tomou alguma medida prática ou conversou reservadamente sobre as críticas públicas com o filho ou o vice. Rêgo Barros tratou o tema como uma "pretensa discussão" entre Carlos Bolsonaro e o vice.
Cargos. Em vídeo publicado nesta terça, Olavo afirma que nenhum egresso de academia militar tem condição de impugnar sua análise sobre a atuação das Forças Armadas. Afirmo categoricamente: nenhum egresso de academia militar tem hoje a mais mínima condição de impugnar a minha análise ou sequer de apreender o alcance histórico do que estou dizendo. Esperneando histericamente contra a verdade histórica, só mostram o quanto é exíguo o seu horizonte de consciência e invencível a sua submissão aos critérios politiqueiros de julgamento, afirma.
O escritor diz ainda que não ambiciona os cargos de burocratas, fardados ou civis. Não temam, afirma. Não ambiciono os seus postos nem o seu tipo de prestígio. Sou um escritor, filho das minhas obras e não de cargos recebidos. Jamais me rebaixei nem me rebaixarei a disputar aquilo que para vocês é o supremo valor da existência, conclui no vídeo intitulado Aos generais e similares.
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