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Motivos citados por Do Val já constam em outro pedido de impeachment

Motivos citados por Do Val já constam em outro pedido de impeachment

Senador do ES quer o impedimento do ministro do STF Gilmar Mendes. Outros 15 pedidos no mesmo sentido já foram apresentados ao Senado. Alguns dos argumentos já foram, também, enfrentados pelo próprio Supremo

Publicado em 11 de abril de 2019 às 22:33

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Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. (Nelson Jr/STF)

O pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apresentado pelo senador capixaba Marcos do Val (PPS) cita temas já enfrentados pelo Judiciário e que constam em pedido anterior de destituição do magistrado.

São três os crimes de responsabilidade apresentados em dez páginas na denúncia entregue por Do Val à presidência do Senado. Dois dizem respeito a processos em que, na avaliação do senador, o ministro deveria ter se declarado impedido de atuar.

Em um, por ter sido padrinho de casamento da filha da parte, Jacob Barata Filho. O "rei dos ônibus no Rio de Janeiro", como o empresário é conhecido, teve a prisão afastada por decisão proferida por Gilmar Mendes. Em outro processo, o ministro determinou a soltura de Eike Batista. O empresário era representado por escritório de advocacia que, aponta Do Val, tinha a mulher de Gilmar, Guiomar Mendes, como sócia.

O senador Marcos do Val pediu segurança ao governo do Estado. (Marcos Oliveira/Agência Senado)

Para o senador, Gilmar praticou crime de responsabilidade ao decidir nesses casos. Marcos do Val fala em descumprimento da Lei 1079/1950, que define os crimes de responsabilidade dos ministros do STF.

Quando os dois processos estavam na agenda do Judiciário, foi arguida a suspeição do ministro, e o STF foi provocado a se manifestar sobre os vínculos de Gilmar.

Os pedidos para que Gilmar Mendes deixasse de ser o relator dos processos da Lava Jato do Rio de Janeiro foram apresentados pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Em seguida, foram arquivados pela atual chefe do Ministério Público Federal, Raquel Dodge, porque os habeas corpus já haviam sido arquivados e o tema perdera o objeto. Assim, a então presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, arquivou o pedido de tirar a relatoria dos casos de Barata e Eike de Gilmar.

As atuações de Gilmar nos casos dos dois empresários também são questionadas no pedido de impeachment apresentado em meados de março por juristas liderados por Modesto Carvalhosa. A peça tem 150 páginas e elenca 11 situações em que o ministro teria praticado crime de responsabilidade.

GRUPO EMPRESARIAL

O terceiro conjunto de fatos alegados por Marcos do Val para pedir o impeachment de Gilmar Mendes datam de 2007 e 2008. O senador diz que, no período, o ministro "agiu para favorecer interesses pessoais, privados, políticos e familiares, próprios e do grupo empresarial Bertin".

Do Val refere-se a um protocolo de intenções para instalação de complexo industrial na cidade de Diamantino, no Mato Grosso, firmado pelo Bertin com o ex-governador e ex-ministro Blairo Maggi, com o ex-prefeito Francisco Mendes, irmão de Gilmar, e com o próprio ministro. "Não constitui atribuição de ministro do STF assinar protocolo de intenções com o objetivo de viabilizar a instalação de empreendimentos econômicos", sustenta o senador.

Desde 2005, o ministro Gilmar Mendes foi alvo de 16 pedidos de impeachment no Senado. Outros membros do STF também já foram alvos. A denúncia formalizada por Marcos do Val é a primeira assinada por um senador da República.

JUSTIFICATIVAS

O senador não considera atenuante o fato de o Judiciário já ter discutido a atuação de Gilmar nos habeas corpus. "Se na época liberaram ou não, não sabemos o cenário ou as forças políticas da época", disse. 

Sobre usar os mesmos argumentos que Modesto Carvalhosa, ponderou que em sua petição agiu "com racionalidade" ao elencar menos crimes. E que os dois pedidos de impeachment, somados a um terceiro recém protocolado, aumentam as chances de êxito. "Poderia ter apoiado o dele? Poderia. Mas o que é melhor: dar um chute para o gol ou três?", disse.

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Marcos do Val também confirmou que os protestos do último domingo (7) o motivaram na apresentação do pedido, embora ele já tivesse encomendado estudo sobre isso desde o início do mandato.

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