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Testemunhas de defesa apontam que assassinato não foi planejado

Testemunhas de defesa apontam que assassinato não foi planejado

Ao todo, seis testemunhas de defesa de Marcos Venicio Moreira Andrade foram ouvidas nesta terça-feira no Fórum Criminal de Vitória

Publicado em 23 de abril de 2019 às 22:27

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Seis testemunhas de defesa de Marcos Venicio Moreira Andrade, autor confesso do assassinato do ex-governador Gerson Camata, foram ouvidas nesta terça-feira (23) durante quatro horas e 15 minutos. Os depoimentos, finalizados às 17h30, buscaram caracterizar Andrade como um homem bom, que agiu impulsivamente no dia do crime.

É isso o que afirma um dos advogados de acusação do réu, Ludgero Liberato. "Em linhas gerais, as testemunhas já delineiam qual é a estratégia da defesa. Elas tentam mostrar que ele seria uma pessoa boa e que teria praticado esse homicídio de forma não planejada, que em razão desse desentendimento judicial teria perdido a cabeça", resume.

Assim como nesta segunda-feira (22), quando foram ouvidas as testemunhas de acusação do processo, Marcos Andrade, conhecido como Marquinhos, esteve novamente no Fórum Criminal de Vitória. No entanto, ele não participou da audiência de instrução e também não prestou depoimento. Ele foi reencaminhado ao presídio de Viana antes do final da tarde. 

Segundo a defesa, o interrogatório de Andrade acontecerá no dia 30 de maio, junto com o depoimento de uma sétima testemunha de defesa, a advogada Tamina Matos Brandão, que se recupera de um procedimento médico. Já Elio Virgilio Pimentel, que também testemunharia a favor de Marcos Andrade, foi dispensado, informou a defesa.

ESTRATÉGIA DA DEFESA

O objetivo da defesa, segundo Ludgero, seria conseguir com esses depoimentos um benefício legal, ou seja, a redução da pena de Marcos Andrade. No entanto, a acusação argumenta que os depoimentos vão de encontro aos autos.

"Isso (essa estratégia) já era esperado. Mas o conjunto que ficou produzido nos autos é amplamente contrário a essa tese defensiva. As provas produzidas perante o juiz reafirmaram o que havia sido descoberto nos primeiros dias: Marcos saiu de casa armado, com uma arma com registro vencido e que não mede as consequências no que diz respeito à torpeza."

Ludgero completa: "Ficou evidenciado que quando ele (Marcos Andrade) não conseguiu ser reconduzido ao gabinete de Gerson Camata, ele tentou destruir a vida dele de homem público por meio de denúncias que foram reconhecidas como falsas pela justiça. Depois quando foi contrariado judicialmente, buscou a morte. Isso só evidencia a periculosidade, ele não consegue lidar com o não".

Quando foi preso em 26 de dezembro - no mesmo dia em que cometeu assassinato - Marcos Andrade alegou que a motivação do crime foi uma ação judicial movida contra ele por Camata, que resultou no bloqueio de R$ 60 mil de sua conta bancária. O motivo da ação foi uma denúncia apresentada por Andrade ao jornal O Globo, na qual acusou Camata de um suposto crime de caixa 2. O caso não foi comprovado e, por isso, Camata ingressou com um processo por danos morais contra Andrade, que resultou no bloqueio de seus bens. 

DEFESA CONTESTA

No entanto, os advogados de defesa de Marcos Andrade contestam a acusação e afirmam que há uma tentativa de criar um clima desfavorável ao acusado. "O que de fato está se demonstrando, e que ao final será provado, é que a história entre o Marquinhos e Camata possuía muito mais densidade do que apenas uma motivação financeira, o que sempre afirmamos", disse a equipe. 

Em nota, também acrescentam: "Como advogados de defesa estaremos sempre em busca de promover os direitos e garantias fundamentais de todo e qualquer cidadão e por isso desde sempre buscamos nos ater aos procedimentos processuais, a preservação do contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal. Esperamos que, ao final, no julgamento de Marquinhos se faça Justiça e não justiçamento público".

ENTENDA O CASO

O crime

O ex-governador do Espírito Santo, Gerson Camata, foi assassinado com um tiro enquanto caminhava pela Praia do Canto, em Vitória, no dia 26 de dezembro de 2018.

O assassino

O autor do disparo é Marcos Venicio Moreira Andrade, de 66 anos, que foi assessor de Camata por quase 20 anos. Ele foi preso no mesmo dia do crime. Na delegacia, declarou, em depoimento, que a motivação foi uma ação judicial movida contra ele por Camata, que resultou no bloqueio de R$ 60 mil de sua conta bancária.

Audiências de instrução

Marcos Andrade encontra-se preso na penitenciária de Viana. Nesta segunda (22) e terça-feira (23) ocorreram as audiências de instrução, nas quais foram ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa do réu.

Interrogatório

Marcos Andrade será interrogado no dia 30 de maio. Uma outra testemunha de defesa também prestará depoimento nesta data.

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