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Veja quando políticos do país e do ES decidem mandar recados por fotos

Veja quando políticos do país e do ES decidem mandar recados por fotos

Na política, os personagens falam não apenas por discursos, mas também por meio de fotos; veja lista e conheça os recados enviados

Publicado em 22 de abril de 2019 às 12:06

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Lula, Haddad e Maluf em troca de afagos públicos para garantir apoio do PP a candidatura do PT em 2012. (Adriana Spaca/Agência Estado - 18/06/2012)

Pode ser uma reunião de antigos desafetos, de futuros aliados ou de apoiadores de ocasião. Se o mero encontro tem potencial de gerar alguma repercussão, e sendo esse o objetivo dos envolvidos, certamente os políticos se permitirão serem fotografados – ou até farão questão. Na política, os personagens falam não apenas por discursos, mas também por meio de fotos.

Atualmente mais fluida em virtude da agilidade da câmera do celular e das mensagens instantâneas, a estratégia de explorar símbolos dos pequenos encontros não é nova.

> QUANDO A FOTO FALA MAIS QUE O FATO: veja a lista no fim da reportagem

Em 2012, o PT considerava fundamental o apoio do PP para agregar tempo de TV à campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. Para a aliança, Paulo Maluf (PP) teria exigido um encontro público com Lula e Haddad.

A armada troca de afagos ocorreu no jardim da casa de Maluf. Pouco importaram as palavras ali trocadas por Lula e Maluf, até então em lados opostos nas disputas políticas. Nenhuma palavra diria mais do que a cena.

Na época, Lula tratava um câncer e vinha evitando aparições públicas. Cinco anos depois, disse que se arrependeu. “Eu nunca me perdoei por aquela foto porque eu achava que não precisava”, disse, em entrevista no Instituto Lula, ainda antes de ser preso.

Políticos perfilados, sorrisos travados, apertões de mãos firmes, braços em volta dos ombros. A depender dos atores e do contexto, gestos simplórios podem passar uma série de recados.

Professor de Comunicação Política da Mackenzie, Roberto Gondo destaca que as nada despretensiosas fotos são estratégia de busca por relevância.

“O político precisa estar em evidência a todo momento. Precisa viralizar a imagem. Isso ficou mais forte com as redes sociais. Precisa divulgar que transita bem. Potencializa eventos e pseudoapoios. E aí conota que participa, que está ativo”, explica.

O historiador Rafael Simões frisa que o processo político brasileiro é marcado por alianças pouco sólidas e ideológicas. E isso abre caminho para simulações de afinidades.

“Não pode nem se chamar de parceria. Via de regra é ‘estive com fulano, com beltrano’. Às vezes, não têm nem uma pauta. É uma coisa efêmera que mostra aprofundamento da fragilidade do nosso sistema político”, analisa.

ESPÍRITO SANTO

Recentemente no Espírito Santo, o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), e o presidente da Assembleia, Erick Musso (PRB), divulgaram-se sorridentes após um encontro no Legislativo. Pouco se sabe sobre o resultado prático do encontro, mas o clique foi providenciado.

A foto, composta ainda pelo deputado federal Amaro Neto (PRB), pelo estadual Alexandre Xambinho (Rede) e pelo presidente do PRB, Roberto Carneiro, foi lida como um recado ao meio político: esse grupo pode trabalhar junto nas próximas eleições.

“Os políticos sempre passaram as suas mensagens. Com o advento das tecnologias, fazem por WhatsApp e outros canais sociais. Nossa sociedade, com baixa cultura política, é imagética. A imagem tem papel importante na transmissão da mensagem”, afirma Darlan Campos, consultor em Marketing Político.

Assíduo usuário de redes sociais, o ex-senador Magno Malta (PR) conhece bem os bônus da autodivulgação ao lado de lideranças influentes. Às vésperas da campanha de 2018, o evangélico conseguiu uma foto abraçado com o então arcebispo de Vitória, dom Luiz Mancilha. O registro foi feito após uma agenda com o líder católico para discutir “a luta contra o aborto”. Contudo, Magno Malta também é conhecedor dos ônus. Mais de uma vez foi cobrado por ser, por algum momento, aliado de todos os ex-presidentes, desde Lula.

O governador Renato Casagrande (PSB) também tem emblemática foto produzida para dizer bastante sobre as alianças que construiu em 2018. Foi feita segurando o documento que formalizou a aliança entre PSB e PSDB, com o então presidente tucano no Estado, César Colnago.

A parceria já era pretendida pelo então senador Ricardo Ferraço (PSDB). Vice-governador de Paulo Hartung (sem partido), Colnago não era entusiasta.

Antes da foto, ocorreu a convenção tucana, marcada por saia justa. Enquanto Ricardo referia-se a Casagrande, presente ao evento, como “nosso candidato”, Colnago dizia que nada estava sendo fechado naquele momento.

ANÁLISE DO EDITOR

Imagem legitima atos políticos

Algum tempo atrás, as campanhas políticas para cargos públicos aconteciam de quatro em quatro anos, diferente da percepção atual em que os políticos parecem estar em campanha permanente. Esse cenário é definido pelo atual modelo de comunicação que permite canais alternativos e diretos com o eleitorado. Nesse contexto, a fotografia aparece como uma eficiente forma de aproximação com seu público, pois ela cria um contato que vai além dos discursos institucionais. A imagem é uma forte prova do real e, por isso, é utilizada para legitimar os atos políticos, como por exemplo, visitas, alianças e inaugurações.

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Vitor Jubini, editor de Fotografia da Redação Multimídia da Rede Gazeta

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